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WhatsApp repassa "dados limitados" de usuários ao FBI, revela documento

Por  • Editado por Douglas Ciriaco | 

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Reprodução/ HR Asia
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Documentos do FBI vazados na imprensa revelaram quais dados os aplicativos de bate-papo divulgam para as autoridades policiais nos Estados Unidos. Segundo os dados, o WhatsApp, o iMessage (da Apple) e o Line fornecem dados limitados pedidos pelo órgão de investigação da polícia, o que supostamente iria contra o que ambos propagam, em especial o "Zap" e a sua criptografia de ponta a ponta.

Signal, Telegram, Viber, WeChat, Threema e Wickr não divulgam nenhum conteúdo das mensagens trocadas. Nestes casos, o órgão policial não consegue ter absolutamente nenhum tipo de acesso, um problema para localizar criminosos que usam esses serviços para a prática de crimes, mas uma boa notícia para inocentes que possam estar na mira por mera perseguição política.

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O grande problema é identificar o que seria o tal conteúdo "limitado" divulgado pelos três serviços mencionados. Cada programa tem sua própria política de privacidade, mas elas, em geral, vedam a liberação indiscriminada de todo tipo de dados, porque isso violaria a segurança do usuário.

Quais dados o WhatsApp compartilha?

No caso da plataforma da Meta (antigo Facebook Inc.), os registros básicos de assinante são liberados apenas mediante intimação, embora um mandado de busca seja o suficiente para o FBI coletar dados do catálogo de endereços do WhatsApp do alvo.

Outro instrumento usado pelo WhatsApp nos Estados Unidos, chamado pen register, faz com que a plataforma envie a origem e o destino das mensagens trocadas no app para os investigadores a cada 15 minutos. Nesse caso, o conteúdo da mensagem em si não é exibido, pois a finalidade é registrar a conexão entre um suposto criminoso e seus comparsas ou com vítimas.

Além das vias legais, o FBI pode obter o conteúdo completo das mensagens se você for dono de um iPhone e tiver backup das mensagens do Zap no iCloud — talvez isso explique porque o app passou a liberar a criptografia dos backups. Mesmo com a segurança do serviço de armazenamento da Apple, a companhia é obrigada a entregar a chave para descodificar tudo quando há um mandado de busca e apreensão emitido.

O WhatsApp, por meio de sua assessoria, enviou uma nota na qual explica como atua no repasse de dados às autoridades. Segue a íntegra do material enviado ao Canaltech:

“Todas as mensagens que você envia para familiares e amigos no WhatsApp são criptografadas de ponta a ponta. Sabemos que as pessoas desejam que seus serviços de mensagens sejam confiáveis e seguros — e isso exige que o WhatsApp tenha dados limitados. Analisamos cuidadosamente, validamos e respondemos às solicitações de autoridades policiais, ministeriais e judiciais com base na legislação aplicável e somos claros sobre isso em nosso site e em relatórios de transparência regulares. Este trabalho nos ajudou a liderar a indústria de comunicações privadas e ao mesmo tempo manter as pessoas seguras, e levou a prisões em casos criminais, incluindo em casos de exploração sexual infantil. Este documento ilustra o que dissemos - que a aplicação da lei não precisa quebrar a criptografia de ponta a ponta para investigar crimes com sucesso.”

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E o iMessage?

Engana-se quem pensa que o serviço de bate-papo da Apple é mais restritivo. Embora a Maçã se demonstre preocupada em preservar a integridade dos usuários, não há meio-termo quando o assunto é a liberação de informações para as autoridades. Uma intimação do FBI é suficiente para o repasse de informações básicas do assinante, como o nome e a conta atrelada, mas uma ordem judicial pode garantir acesso a consultas de pesquisas dos últimos 25 dias.

Os policiais com um mandado de busca também podem fazer backups do dispositivo de um alvo e ver as mensagens reais se a pessoa tiver feito uma cópia de segurança no iCloud. Como a Apple não possui um sistema de criptografia tão avançado quanto o do WhatsApp, esse acesso é mais simples pelo FBI.

Telegram e Signal compartilham dados?

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Os dois maiores rivais do WhatsApp e do iMessage são extremamente fieis ao preceito de privacidade total e impõem severas restrições a tentativas de acesso, seja do FBI estadunidense, da FSB russa ou do Papa. O Telegram, por exemplo, não oferece absolutamente nada, nem mesmo informações de contato — a exceção seria a divulgação de endereços IP e números de telefone para investigações de terroristas.

No caso do Signal, a plataforma somente oferece data e hora de cadastro do usuário no serviço e a última vez em que se conectou na plataforma. Nada de acesso a mensagens, histórico, números de telefone ou demais informações pessoais.

Embora não seja exatamente uma novidade, esse documento ajuda o usuário compreender como cada aplicativo lida com as informações sigilosas. Não se trata apenas de procurar e punir criminosos, mas o acesso a dados pessoais pode fazer com que autoridades, jornalistas e ativistas sofram perseguições por parte de governos autoritários ou mal-intencionados, por exemplo.

É pouco provável que algo assim seja suficiente para que uma pessoa comum migre de app, mas certamente é um alerta para quem lida com informações sensíveis, afinal com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) empresas podem ser punidas em caso de vazamentos

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Fonte: Property of the People