WhatsApp lança nova campanha para reforçar sua polêmica política de privacidade
Por Alveni Lisboa | Editado por Douglas Ciriaco | 16 de Junho de 2021 às 10h36
A polêmica mudança na política de privacidade do WhatsApp continua rendendo muitos problemas para o Facebook, dono do app de conversas. Agora, a empresa planeja criar uma campanha para focar na privacidade dos usuários, no intuito de tranquilizar o usuário sobre a segurança dos dados.
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À rede de notícias BBC, a plataforma disse que se mantém firme contra pressões de governos, incluindo Brasil e Reino Unido, para quebrar a criptografia das mensagens em situações específicas. Segundo o chefe do WhatsApp, Will Cathcart, as autoridades deveriam exigir mais segurança, em vez de menos. "O primeiro passo para manter as pessoas seguras é ter uma segurança forte e achamos que os governos não deveriam estar tentando encorajar as empresas de tecnologia a oferecer segurança fraca", disse ele.
Essa nova campanha de marketing está programada para ser veiculada mundialmente, começando no Reino Unido e na Alemanha na segunda-feira (14) e se estendendo aos outros países. A empresa espera atingir de 80% a 90% do público-alvo nas próximas 15 semanas com veiculações no rádio, TV e outdoors. Por enquanto, ainda não há informações sobre quando a ação deve chegar ao Brasil, um dos principais mercados do WhatsApp e onde a reação negativa foi bastante contundente.
O aplicativo de chat usa uma tecnologia chamada de criptografia ponta a ponta, o que significa que as mensagens só podem ser lidas no dispositivo que a envia e no que a recebe. O próprio WhatsApp não pode visualizá-los ou interceptá-los, mesmo que autoridades façam esse tipo de solicitação. O Facebook pensa em levar essa camada extra de segurança para seus outros serviços, como o Instagram e a sua própria rede.
Quem critica o mecanismo argumenta que isso abre espaço para criminosos agirem de forma anônima na rede. Isso dificulta a apuração de crimes que usam o app como forma de comunicação: golpes virtuais, extorsão, bullying, abuso sexual e outros.
Enfrentamentos em todo o mundo
O WhatsApp já está bloqueado na China e até processou o governo indiano por causa de novas regras digitais que supostamente violam proteções de privacidade — cerca de 400 milhões dos seus 2 bilhões de usuários globais estão na Índia. Na Alemanha e na Argentina, a plataforma adiou o início do aceite das suas novas regras para 19 de junho, após os governos locais publicarem normativos que vedam a política.
Aqui no Brasil, a companhia acatou os termos do acordo proposto pelo Ministério Público para prorrogar o prazo de início da sua nova política de privacidade até 13 de agosto. Reuniões entre representantes do aplicativo e da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), do Ministério da Justiça, do Cade e do Ministério Público Federal levaram a essa tomada de decisão.
Em razão disso, o WhatsApp não vai encerrar nenhuma conta, nem limitar o acesso de quem se recusar a aceitar as novas condições até a data estipulada. Nestes três meses, as quatro autoridades brasileiras devem apresentar questionamentos aos desenvolvedores e realizar novas análises.
Confusão de termos e condições
Em janeiro, milhares de usuários ameaçaram deixar o WhatsApp porque entenderam que o sistema iria compartilhar dados de mensagens com o Facebook. Aqueles que não aceitassem a atualização começariam a perder funcionalidades. Isso fez com que serviços rivais, como Signal e Telegram, tivessem aumento expressivo da base de usuários.
De acordo com o WhatsApp, as alterações na sua política tem como foco as opções de pagamentos via app que a empresa já está implementando em todo o mundo. Will Cathcart disse que a empresa assumiu a responsabilidade pela "confusão" que o anúncio havia criado. "Para reiterar: nada sobre a privacidade das conversas pessoais das pessoas mudou em nossa atualização", garantiu o chefe do WhatsApp.
O Facebook não deve retroceder, já que o WhatsApp Pay será uma importante fonte de renda, principalmente após o baque sofrido com a nova política de privacidade da Apple. Por enquanto, a situação ainda segue incerta em todo o mundo, mas o Canaltech continuará acompanhando de perto tudo isso.
Fonte: BBC