Spotify suspende venda de audiolivros no iPhone para "agradar" a Apple
Por Igor Almenara • Editado por Douglas Ciriaco |
O Spotify suspendeu a venda de audiolivros no aplicativo para iOS, nesta quinta (27). A empresa de streaming acusa a Apple de “sufocar a concorrência” com regras “muito complicadas e confusas” para a modalidade, tornando a experiência de usuários “mais difícil” com mídias do formato.
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“A Apple continua a ditar como é a inovação online, causando sérios danos à economia da internet, sufocando a concorrência e a imaginação dos desenvolvedores de aplicativos. Na ausência de intervenção do governo — na Europa, nos Estados Unidos ou em qualquer outro mercado ao redor do mundo — a Apple tem se mostrado repetidas vezes que não se autorregulará e não tem incentivo real para mudar”, comentou o CEO do Spotify Daniel Ek.
Segundo o executivo, a Apple se mostrou “descarada” mais uma vez ao mudar as regras da App Store quando o Spotify estreou no segmento de audiobooks, “mudando constantemente as normas para desfavorecer os competidores”.
A polêmica dos audiolivros do Spotify
Quando o Spotify estreou no segmento de audiolivros, o aplicativo oferecia um link de atalho para comprar as mídias desejadas pela web — prática que contorna a comissão obrigatória de 30% da Apple. A compra era efetuada 100% pelo navegador, mas o conteúdo poderia ser consumido no app.
Agora, porém, esse atalho não existe mais. Ao abrir um audiolivro disponível no Spotify, o aplicativo apresenta somente o comunicado: “Gostaria de ouvir? Você não pode comprar audiolivros nesse app. Sim, sabemos que esse não é o ideal” e dois botões “Entendido” e “Dispensar”, sem nenhuma menção à possibilidade de comprar a mídia pela internet.
Para adquirir novos livros digitais, os consumidores precisam entrar na loja da plataforma direto pelo navegador — processo esse que, para muitos, é desconhecido e pouco intuitivo.
As regras da Apple
A retirada do link de compra do Spotify acontece porque a Apple exige que a venda de livros aconteça somente dentro do aplicativo e pelo sistema de compras nativo (em que há a comissão de 30%). Sendo assim, o Spotify tem duas opções: somar a taxa ao valor dos títulos ou reduzir sua margem de lucro.
Contudo, a situação toma outros contornos ao lembrar que a própria Apple vende audiolivros na loja Apple Books — naturalmente, sem o peso das taxas da empresa. A diferença de valores poderia colocar o Spotify num ponto de desvantagem comercial frente à loja da Apple.
Em comunicado, o Spotify afirma que chegou a sugerir duas alternativas para a Apple, mas a fabricante as teria rejeitado. Então, a plataforma lançou uma atualização suspendendo as compras de audiolivros por completo.
Há exceções à regra, mas não para audiolivros
Meses atrás, a Apple afrouxou um pouco das regras acerca das compras e assinaturas feitas dentro de aplicativos sob determinadas condições. Até mesmo o Spotify foi favorecido pelas novas políticas, podendo incluir links para assinatura do Spotify Premium dentro do aplicativo para fugir das comissões da Apple — aparentemente, porém, as novas regras não se aplicam à venda de audiolivros.
Novamente, o Spotify pretende entrar em mais uma disputa contra a Apple, numa briga que se estende há anos. Em 2019, a empresa de streaming chegou a iniciar uma campanha publicitária contra a Apple, em que pintava a fabricante de smartphones como “árbitro e adversário ao mesmo tempo”.