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YouTube Shorts já está no Brasil, mas ele é capaz de enfrentar o TikTok?

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 24 de Junho de 2021 às 18h15

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Divulgação/YouTube
Divulgação/YouTube
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Com o sucesso do TikTok, era óbvio que as grandes empresas de tecnologia iam correr atrás para entregar um competidor à altura de brigar com o app chinês. O Facebook, por exemplo, não demorou para criar o Reels dentro do Instagram, e agora é a vez do Google trazer a sua resposta com o Shorts, nova ferramenta que chega ao YouTube. A novidade foi anunciada no início do ano, mas chegou ao Brasil há algumas semanas, sendo disponibilizada aos poucos para os usuários tupiniquins.

E é inegável que a empresa demorou para entrar nesse mercado de vídeos curtos. Esse tempo a mais pode até ser visto como uma vantagem que permitiu ao YouTube entender o comportamento do usuário para ofertar algo diferente, mas ele também é um problema ao colocar a empresa em uma briga com competidores já muito bem estabelecidos.

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Posto esse cenário, surge a grande questão: o YouTube Shorts tem força para bater de frente com o TikTok e seus irmãos mais novos ou estamos falando apenas de mais um clone do serviço para cair no esquecimento? O Canaltech testou o novo recurso e traz a resposta para você

De vídeo em vídeo

Existem duas formas de olhar para o YouTube Shorts: pela perspectiva do usuário que vai apenas consumir esses vídeos e pelo lado do criador de conteúdo.

No caso do primeiro grupo, a nova ferramenta do Google oferece poucas novidades significativas e não traz nada de muito diferente do que a gente já viu em apps rivais. A interface é bem semelhante às do TikTok e do Reels, com os ícones todos localizados à direita da tela enquanto você pode ir pulando de vídeo em vídeo até encontrar algum que lhe chame a atenção. A principal diferença está na existência de um botão para indicar que você não gostou do conteúdo, o que ajuda bastante na hora de refinar o algoritmo a entregar conteúdos mais precisos.

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A promessa do YouTube é que o Shorts rapidamente se adapte ao seu gosto a partir do próprio algoritmo usado nos demais vídeos. Só que não foi possível conferir isso em nossos testes pela peculiaridade da conta utilizada: em uma casa que tem um jornalista, uma historiadora e uma criança de três anos, as recomendações foram bem esquizofrênicas, indo de comentários políticos a pegadinhas e demonstrações orientais de cortes de carne. Curioso, na verdade. Pulando para outra conta, já foi possível ver algo um pouco mais refinado, mas que ainda tropeça na quantidade ainda não tão expressiva de Shorts.

Nessa fase de Beta, pelo menos, o acesso aos Shorts está presente na tela inicial do aplicativo em uma área totalmente dedicada a esses vídeos. Por um lado, deixa bem clara a estratégia do YouTube de integrar o novo formato em seu ecossistema, colocando em meio a outras recomendações de vídeos mais longos. Por outro, no entanto, a impressão é que o app ficou bem mais poluído.

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Colocando a mão na massa

Já para os criadores, o YouTube Shorts traz algumas adições mais interessantes. A lógica de edição segue sendo a mesma do TikTok, por exemplo, com a possibilidade de fazer vídeos de até 60 segundos e com uma boa quantidade de ferramentas, incluindo o uso de múltiplos trechos, filtros e de gravação sem as mãos. De novo, nada muito inovador.

A grande novidade, contudo, está na integração com o enorme acervo do YouTube — e essa é a maior aposta da empresa. Segundo o diretor do Shorts, Todd Sherman, esse é o grande diferencial da plataforma, pois dá ao usuário a facilidade de aproveitar conteúdos já existentes em outros formatos e de reutilizá-los em seus vídeos curtos. Com apenas um botão, você seleciona um trecho de um vídeo e leva o áudio ou a música para a sua criação.

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“Essa é a principal diferença do Shorts”, explica Sherman em relação à concorrência. “Estamos criando um ecossistema amplo, integrado com os demais vídeos do YouTube e com o YouTube Music. Isso significa que você pode usá-los e ainda fazer essa ligação com a fonte. É um tipo de conteúdo muito mais completo e estamos muito curiosos para ver como isso vai ser usado na prática”, completa.

Em tese, isso é possível com qualquer vídeo do YouTube, embora os donos dos vídeos originais possam bloquear esse recurso. Em geral, conteúdos protegidos por direitos autorais, como programas de TV, desenhos animados e até algumas músicas, não estão com o recurso liberado, mas é fácil encontrar algum do seu gosto disponível para edição. E, quando colocada à prova, essa ferramenta funciona muito bem. Trata-se de um recurso poderoso tanto para o pessoal que é adepto dos desafios quanto para quem só quer fazer uma dublagem ou uma brincadeira do tipo — ou seja, perfeito para fazer algo viralizar.

Aliás, é isso que o YouTube espera que aconteça. Segundo Sherman, a intenção é que as pessoas possam criar novos conteúdos em cima de outros já existentes para potencializar as chances de algo virar meme e ser altamente compartilhado. E, ao mesmo tempo, a plataforma também indica automaticamente qual foi o vídeo que originou aquele viral, dando os devidos créditos a quem começou com tudo.

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Ainda que não seja nada revolucionário, estamos falando de uma facilidade de acesso a um acervo com o qual TikTok, Reels e derivados não têm como competir. Como o YouTube pontuou, a ideia é trabalhar com esse ecossistema e, quando a gente vê isso sendo aplicado na prática, é fácil entender por que eles acreditam tanto nessa integração.

A hora do vamos ver

Só que isso é o suficiente para que o Shorts se torne o novo queridinho dos usuários? Para ser bem sincero, não. Mais uma vez, é um recurso interessante que realmente dá um peso enorme para o YouTube, mas que está longe de ser um game changer capaz de virar o mercado de cabeça para baixo ou de fazer os usuários migrarem em peso para cá. É aquela facilidade que ajuda muito se estiver disponível, mas que está longe de ser algo imprescindível.

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O que vai determinar mesmo o sucesso ou não do Shorts é como os influenciadores que já estão no YouTube vão usar a plataforma e incentivar seus seguidores a aderir e usar o novo serviço. É isso que vimos fazer diferença no caso do TikTok, com os desafios e conteúdos virais se espalhando e engajando a comunidade. No caso, o esforço vai ser fazer as pessoas ficarem no Shorts e não levar esse conteúdo para outras redes, como já acontece — e não vai ser um botão de remix que vai manter esse usuário fiel.

Nesse ponto, talvez um diferencial ainda maior fosse uma estratégia mais agressiva de monetização, que serviria como um enorme incentivo para manter esses produtores de conteúdo dentro da plataforma, principalmente aqueles já têm toda uma comunidade formada dentro do YouTube. O Shorts, entretanto, ainda não gera receita e a empresa diz está estudando formas de viabilizar isso em um futuro breve. E pode ser aí que o tal game changer apareça.

Enquanto isso não acontece, o YouTube Shorts se apresenta como uma ferramenta que chegou muito atrasada em um mercado que se desenvolveu rapidamente e que, por isso, ainda precisa de muito esforço para chegar perto dos grandes players. Ele traz ideias interessantes e uma proposta de aproveitar toda a plataforma de vídeos como um único ecossistema que tem potencial, mas que, ao menos por enquanto, ainda não é a reinvenção da roda que o Google esperava.