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Você sabe qual foi a primeira loja de aplicativos da história?

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 12 de Junho de 2021 às 12h00

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JohnWayneTheThird/Wikipedia
JohnWayneTheThird/Wikipedia

Os aplicativos surgiram junto com os computadores, afinal eles eram construídos para solucionar problemas que o ser humano levaria anos para resolver, por isso os apps sempre existiram e devem continuar assim no futuro. Mas, antes das lojas virtuais e downloads via Wi-Fi, como eram distribuídos os aplicativos? Qual foi a primeira loja com tal objetivo da história?

Primeiro, é necessário considerar que nunca se chegará a uma resposta definitiva, porque há algumas variáveis que fazem com que seja impossível delimitar com 100% de certeza qual foi a precursora de tudo. A tecnologia da época também não permitia registrar tudo com precisão, o que inviabiliza pesquisas mais antigas. Mas o Canaltech mergulhou no desafio de voltar ao final dos anos de 1980 para investigar qual foi o pioneiro no setor.

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Nos primórdios da informática, os aplicativos eram comercializados em lojas físicas junto com os periféricos e acessórios para as máquinas. Era a época das caixas gigantes recheadas com manuais e dezenas de disquetes para ajudar as pessoas a instalar o programa nos complexos sistemas operacionais.

A internet ainda engatinhava e as velocidades de transferência de dados eram tão baixas que se tornava impossível pensar na distribuição virtual de conteúdos. Não existia HD e a maioria dos programas rodava direto do disquete, por isso era necessário ter essas mídias para fazer seu Windows ou o MS-DOS funcionar.

Com a evolução das comunicações, a internet começou a ter melhorias significativas, o que permitia a interação com sites e a realização de compras “virtuais”. Foi aí que se iniciou os primeiros e-commerces e, consequentemente, a exploração do ambiente digital para venda de software.

Primeira loja digital do mundo

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O Electronic AppWrapper (EAW) é o primeiro catálogo de distribuição de software eletrônico comercial que se tem notícia. Lançado em 1988, ele oferecia softwares utilitários, hardware, fontes, cliparts, livros técnicos, livros recreativos, reprodutores de mídia e muito mais. A assinatura custava US$ 60 por ano para quem morasse fora da América do Norte.

Originalmente, ele era impresso, mas acabou sendo transposto para o formato digital para oferecer distribuição eletrônica e licenciamento de software para desenvolvedores terceirizados nos sistemas NeXT — depois, acabou chegando ao HP-PA RISC, Intel e SUN Sparc graças à evolução da internet. Um rápido parêntesis: NeXT foi a empresa criada por Steve Jobs em 1985, quando ele foi demitido da Apple no mesmo ano; em 1996, a companhia seria adquirida pela Maçã e Jobs retornaria à organização que criou junto de Steve Wozniak.

Como já existia um catálogo físico desde o lançamento do NeXT, o que os desenvolvedores fizeram foi apenas levar o conteúdo palpável para o ambiente virtual. Nas primeiras publicações, o AppWrapper vinha com CD-ROM que trazia o conteúdo digitalizado. O interessante é que ela continha avaliações dos aplicativos também, algo inédito até então.

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Após algum tempo, o pequeno distribuidor de apps passou a ser disponibilizado no site da Paget Press (paget.com), uma pequena empresa de distribuição de software, e foi demonstrado pela primeira vez a Steve Jobs na NeXTWorld Expo de 1993. O EAW então se tornou reconhecido e chegou a ser mencionado nas páginas das revistas Wired e NeXTWorld.

Como não exigia caixa, CDs ou manuais impressos, os custos de distribuição de programas na loja virtual eram bem menores do que o padrão daquela época, razão pela qual alguns aderiram. Por outro lado, o acesso aos compradores era infinitamente menor do que um software tradicional de prateleira.

Apenas um portfólio online

Vale ressaltar que o EAW era apenas um catálogo onde se podia consultar o preço e alguns detalhes sobre o software. Toda a compra e licenciamento era feita por meios externos, diretamente com os desenvolvedores por telefone, fax ou via e-mail. Nada de transações online ou liberação em tempo real: muitas vezes era preciso esperar semanas até o programa ser entregue no seu local de trabalho, por exemplo.

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Veja o diagrama que o pessoal do catálogo desenvolveu para orientar as pessoas a comprar pelo aplicativo:

Como a internet ainda era muito lenta para os padrões atuais, somente pequenos apps eram vendidos diretamente pela web. Um disquete tinha a capacidade de 1,44 MB e a maioria das aplicações cabia nesse espaço altamente limitado. Era impensável, por exemplo, comprar o Windows por um sistema de download online, pois isso levaria dias e ainda tinha o risco de a "conexão cair" no meio do download.

Atualização via internet e criptografia

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Outra vantagem do catálogo permitir o envio de atualizações para os programas via internet, algo que só veio a se consolidar, de fato, no século 21, mais ou menos. Com o AppWrapper, o desenvolvedor poderia anunciar e linkar pequenas correções para instalação 100% digital.

Um dos maiores desafios era gerir a criptografia e os direitos digitais sobre o software comercializado, caso contrário, qualquer pessoa poderia copiar e usar o aplicativo. Na época, isso ficava por conta do próprio desenvolvedor, sem qualquer contrapartida da loja.

A parte interessante é que o formato criado pela AppWrapper foi reproduzido por praticamente todas as lojas subsequentes e ainda é o padrão da App Store, por exemplo. Questões como a unificação do catálogo, a criptografia de aplicativos, a transferência online de dados e outros conceitos derivam dessa loja.

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Até a forma de monetização se mantém intacta: um valor percentual era descontado sobre as vendas efetuadas. Como era algo bastante embrionário, essa taxa era negociada de forma individualizada com cada desenvolvedor.

Com o declínio do sistema operacional do NeXT após a venda da empresa para a Apple (o sistema, inclusive, serviu de base para a criação do Mac OS X), o catálogo digital foi embora junto com ele. Isso marca o fim da primeira loja virtual, considerada a primeira app store do mundo e que influenciou todas as demais.

Loja de apps com repositório

Enquanto a AppWrapper foi o primeiro comércio eletrônico de aplicativos, a primeira loja oficial só surgiria em 1996. A distribuição Linux chamada SUSE tinha o YaST como seu próprio repositório de programas, nos quais não era preciso acessar outro ambiente para baixar software para a máquina. E lá nada era comercializado de fato: a loja era 100% gratuita.

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Depois dele, outras distribuições do software de código aberto seguiram o modelo: Mandriva, Fedora e o Red Hat Enterprise também criaram lojas próprias de apps para rodar nas suas plataformas.

Loja de apps para dispositivos móveis

Foi só em 1998 que o mundo viu nascer a primeira loja de aplicativos para dispositivos móveis, em um formato que se assemelha mais ao que as pessoas se acostumaram. A Information Technologies India Ltd (ITIL) lançou o Palmix, uma loja de aplicativos baseada na web exclusivamente para dispositivos móveis e portáteis. A Palmix vendeu aplicativos para as três principais plataformas de PDA (uma espécie de agenda eletrônica e de compromissos) da época: Palm Pilots, com base no Palm OS, dispositivos baseados no Windows CE e aparelhos da Psion Epoc.

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Cinco anos mais tarde, em 2003, a Handango introduziu a primeira loja de aplicativos que permitia localizar, instalar e comprar software para smartphones. O download e a compra eram concluídos diretamente no dispositivo, portanto não havia a necessidade de sincronizar dados com o computador. A loja também passou a ofertar descrição, avaliação e captura de tela para qualquer aplicativo, algo revolucionário na época.

Mas foi com o lançamento do iOS 2.0, em julho de 2008, que houve a chegada da famosa App Store — e a consequente terminologia que dela decorre. A loja foi a responsável por apresentar oficialmente a capacidade de desenvolver e distribuir aplicativos de terceiros para a então fechada plataforma da Apple.

O lançamento da loja da Maçã levou a várias outras companhias do segmento, em especial o Google, a produzir a Android Market (agora chamada de Google Play Store) e lojas exclusivas para compartilhar aplicações para celulares, computadores, tablets, videogames e dispositivos móveis em geral.