Mozilla acusa Microsoft de promover Edge com "táticas enganosas"
Por Felipe Demartini • Editado por Douglas Ciriaco |
Dona do navegador Firefox, a Mozilla acusa a Microsoft de usar "táticas enganosas" para induzir as pessoas a instalarem o Edge. Em um relatório publicado nesta terça (6), a organização aponta diferentes recursos do Windows que seriam voltados a inflar os números do browser nativo, como interfaces confusas e falsos alertas de sistema.
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O fogo pesado já começa no título do documento, que visa explicar “como as táticas de design da Microsoft comprometem a livre escolha de navegador”. Ao longo de mais de 70 páginas, estão dispostos alguns exemplos de comportamento considerado irregular que induziriam os usuários a permanecerem com o Edge em detrimento de concorrentes como o Firefox, Safari e Opera.
Ao usar a barra de pesquisa do Windows para procurar pelo download de soluções alternativas, por exemplo, o sistema operacional exibe em destaque um anúncio afirmando que o Edge é o navegador recomendado pela Microsoft. Os alertas voltam a aparecer em meio às pesquisas do Bing, afirmando que “não há necessidade de baixar um novo browser”.
Tais recados, aliás, aparecem múltiplas vezes para aqueles que insistirem em baixar um concorrente. Nos registros considerados mais graves pela Mozilla, o Edge indica que a navegação pode ser mais segura através dele, que usa a mesma tecnologia do Chrome e, por conta disso, dispensaria a instalação de uma segunda solução. Tal aviso apareceria duas vezes durante o processo.
Dificuldades também no Windows
O relatório da Mozilla aponta também o que seriam complicações intencionais para quem deseja substituir o Edge como navegador padrão do sistema operacional. Na abertura de um PDF ou outro arquivo compatível, a opção de browser da concorrência aparece após a primeira rolagem — quando aparece —, com a escolha do usuário sendo testada mais uma vez com um aviso de que a solução da Microsoft pode fazer a mesma coisa.
Junte-se a isso a ideia de que o Edge vem instalado por padrão no Windows 11 e anteriores — e sua remoção é dificultada —, com as pessoas sendo obrigadas a usar o app para fazer o download de outro navegador. Com isso, não haveria como escapar das táticas consideradas abusivas pela Mozilla, com tantos alertas podendo desincentivar alguém de completar o processo.
Ao final do relatório, a dona do Firefox faz um apelo às autoridades, para que analisem as práticas, e também à própria Microsoft, para que as altere. A Mozilla lembra ainda que está chegando o prazo para que as empresas de tecnologia se adaptem ao Ato de Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês), que entra em vigor no começo de março e deve mudar o panorama das Big Techs — pelo menos, na Europa.
A Microsoft ainda não se posicionou sobre as conclusões feitas pela Mozilla.