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Likee: o que é e como funciona um dos maiores rivais do TikTok no momento

Por| 22 de Agosto de 2020 às 12h00

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Likee - montagem: Rubens Eishima/Canaltech
Likee - montagem: Rubens Eishima/Canaltech

O sucesso do TikTok nos últimos anos levou a criação de uma série de apps de vídeos curtos semelhantes a ele, com opções vindas inclusive do Facebook. Apesar dos esforços dos gigantes da tecnologia, quem tem feito sucesso mesmo é o até então desconhecido Likee, cuja base conta atualmente com 150 milhões de usuários pelo mundo e entrou para a lista dos aplicativos mais baixados no mundo em julho.

Será que temos aí um rival para uma das redes sociais que mais cresce no mundo?

Rival à altura do TikTok?

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Em entrevista ao Canaltech, a CEO da empresa de marketing de influência e comunidades Squid, Isabela Ventura, afirmou crer que o Likee estará no radar da diretoria do TikTok, "pois a preferência do público muda muito rápido". Ela destacou, entretanto, que uma possível mudança não deve acontecer de uma hora para outra. "É preciso tempo, investimento e testes para o Likee, de fato, bater de frente com o gigante chinês", explica.

A especialista cita recursos como vídeos divertidos e com grande potencial de viralizar em poucas horas como um dos sucessos da plataforma, sendo combustível para o seu destaque crescente em 2020. "Não à toa, ele tem crescido no mundo todo, conquistando 150 milhões de usuários ativos mensais em junho deste ano", complementa.

Em meio às ameaças de alguns países como os Estados Unidos e Índia contra aplicativos chineses, Ventura lembrou que há uma possibilidade do Likee se destacar em um eventual bloqueio ao TikTok, mas que há gigantes em seu caminho, com a possibilidade de venda do TikTok para Microsoft ou Twitter. Ela lembrou, ainda, da concorrência pesada com os produtos de Mark Zuckerberg.

"Há um grande concorrente nessa equação: o Reels do Instagram, que agora está disponível globalmente", pondera Ventura. "A proposta oferecida pelo grupo Facebook é um modo muito potente para manter o público engajado e consumindo o conteúdo gerado na própria rede — stories, IGTV, fotos e vídeo", prossegue.

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Sucesso crescente

Segundo números da plataforma de estatísticas AppBrain, o Likee ultrapassou as 500 milhões de instalações no final de março, em plena pandemia da COVID-19. Desde o lançamento, em julho de 2017, o app já recebeu mais de 8 milhões de avaliações apenas no sistema Android, onde faz mais sucesso do que no iOS, de acordo com a consultoria SensorTower.

O Likee tem ido muito bem especialmente nos Estados Unidos, onde na data de publicação do texto era o 9º app mais baixado da Play Store, assim como na Rússia (7º) e na Arábia Saudita (2º). A sua popularidade está em alta também no Irã e na Polônia, países onde está na primeira colocação na lista de aplicativos mais baixados na categoria de Vídeo e editores.

"O Likee também está crescendo rapidamente na Indonésia. Em antecipação aos riscos geopolíticos contínuos, a plataforma busca cooperar com vários governos locais, aprimorando ferramentas", destacou Isabela Ventura, CEO da empresa de marketing de influência e comunidades Squid.
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Segundo números da SensorTower referentes a julho de 2020, o app foi baixado 15 milhões de vezes na Play Store e 2 milhões de vezes na App Store. De acordo com a consultoria, o país com mais instalações do Likee era a Índia, onde foi banido no final de junho junto com o TikTok. Lá, ele tinha registrado uma explosão no número de instalações, indo na esteira justamente de uma série de polêmicas do TikTok no país, mas no fim acabou bloqueado por ter também ter origem chinesa.

Likee na mira das autoridades

Apesar de ter sede em Cingapura, o Likee é controlado por uma empresa chinesa, a Joyy (ou YY), fundada pelo bilionário David Xueling Li, com sede em Guangzhou e ações negociadas na bolsa norte-americana NASDAQ. Essa relação pode ter sido a justificativa por trás da proibição na Índia — o país atualmente vive um forte sentimento anti-China.

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Da mesma forma, o rival Snack Video também é registrado em Cingapura, mas é controlado por uma gigante chinesa — neste caso a Kuaishou, também proprietária da rede de vídeos Kwai. O Snack não foi afetado pela proibição na Índia e, graças aos usuários no país, apresentou um aumento no número de usuários ainda maior do que o Likee. Sua origem porém, o torna tão vulnerável a sanções quanto os concorrentes.

A postura protecionista no governo Donald Trump representa o maior risco à popularização do Likee, que tem tudo para despontar no caso de um eventual bloqueio do TikTok nas lojas de aplicativos. Caso os Estados Unidos repitam os passos do governo indiano bloqueando o app da Joyy, é natural acreditar que a rede social perderia grande parte do seu embalo e abriria espaço para uma das dezenas de opções que surgem a todo momento nas lojas de aplicativos, especialmente o Instagram Reels.

Como funciona o Likee

No primeiro uso do Likee, o app já mostra suas garras — ou melhor as garras de vários gatos. A tela inicial para novos usuários mostra vídeos populares na plataforma, que não consegue escapar dos gatos, claro. Há ainda muito conteúdo infantil e memes, além de vídeos em que aparecem crianças, característica que já atraiu uma série de críticas ao TikTok.

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Além da aba “Popular”, a tela principal do Likee conta com as opções “Seguir” e “LIVE”. Enquanto a primeira mostra os vídeos dos perfis e hashtags seguidos, a segunda lista transmissões em andamento.

O perfil caseiro e amador do Likee fica evidente ao "xeretar" as lives do app, que geralmente mostram um quarto vazio ou algum adolescente falando para a câmera. Para Isabela Ventura, porém, essa naturalidade dos está um dos pontos-chave do sucesso do Likee. "O engajamento é muito mais no conteúdo real, divertido, do que no conteúdo perfeito", comentou.

Nas transmissões, é possível conferir a popularidade da rede social ao redor do mundo, com uma infinidade de idiomas e alfabetos e usuários espalhados por toda a parte. Durante o uso, não pudemos encontrar uma maneira de filtrar os conteúdos por região ou idioma, o que pode ser tanto divertido quanto frustrante.

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Ao se cadastrar, o funcionamento não foge ao das outras redes sociais, com sugestões de perfis para acompanhar e os passos de confirmação da conta. Feito isso, para ver o que está bombando entre os usuários, vale conferir a opção de busca, acessada pelo ícone de lupa no Likee.

Trending e desafios

A seção lista algumas das hashtags mais populares do momento na rede. É possível seguir as tags para acompanhar novas postagens, incluindo a dos populares desafios.

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Assim como no TikTok, os challenges são extremamente populares entre os usuários do Likee. O número de desafios com músicas, porém, é menor do que no rival, já que o novo serviço não conta com a parceria de grandes gravadoras. Apesar da diferença no acervo, o resultado é praticamente o mesmo: vídeos com forte potencial de viralização.

Criação e efeitos

Para criar um vídeo, os passos são simples, assim como nos concorrentes. Toque no botão de câmera, aponte a câmera do celular e comece a gravar. O Likee oferece filtros de beleza, efeitos de cor, ajustes específicos para comida, paisagem e retratos, além de opções para alterar as proporções da face — mas fica a dica para não exagerar. A variedade de opções para os usuários foi um dos pontos destacados pela CEO da Squid:

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"O Likee oferece ferramentas avançadas de gravação e edição de vídeo, com mais de 2 mil efeitos especiais disponíveis. Também incentiva a conexão e a conversa entre os usuários por meio da visualização e interações a partir de jogos", comentou.

Os efeitos podem ser encontrados em um botão especial, com centenas de opções disponíveis, só é preciso fazer um pequeno download ao usar cada um deles pela primeira vez. É possível ficar um bom tempo apenas testando os diferentes efeitos, que incluem recursos de realidade aumentada, bordas divertidas, simulações de quadros de arte e muitos mais.

O uso das músicas disponíveis no Likee é feito por um botão no topo da tela de gravação. Um rápido download permite usar a trilha de fundo durante a filmagem. E, claro, é possível combinar efeitos, filtros, textos, stickers e trilha sonoras nas postagens.

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Quem não tiver talento para editar as próprias criações pode contar com os modelos oferecidos no app. Com eles, basta escolher pequenas sequências de vídeos salvos no celular que o Likee cuida de alternar os trechos de acordo com a trilha escolhida. O processo é bem simples e dá um toque quase profissional ao produto final.

E o resultado é...

Com pouca preparação, um boneco de pelúcia e um modelo de edição do próprio Likee, o vídeo gerado foi este:

Qual o futuro do Likee?

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O Likee tem tudo para seguir os passos do TikTok e emplacar entre os usuários jovens, mas os riscos para a rede social chinesa são basicamente os mesmos do TikTok, que só entrou na mira das autoridades ocidentais depois de viralizar entre o público juvenil e pegar os adultos de surpresa.

Assim como o rival (mais) famoso, o Likee é fácil de usar e suas milhares de opções de efeitos e filtros não intimidam — pelo contrário, transformam o processo de edição dos vídeos em parte da brincadeira. Além disso, os recursos de "gamificação", com pontos e conquistas, têm o potencial de prender os usuários, especialmente os mais jovens.

Resta saber se as origens chinesas do app não provocarão bloqueios como os impostos ao TikTok. Quem sabe uma venda para uma empresa ocidental ajude no sucesso do Likee.

Fonte: SensorTower (1, 2), AppBrain, Forbes