Desenvolvedores pedem fim da exclusividade do WebKit no iOS
Por Igor Almenara | Editado por Douglas Ciriaco | 02 de Março de 2022 às 12h37
Um novo grupo de desenvolvedores pediu à Apple que o iOS seja compatível com outros motores de renderização além do WebKit. Num apelo por um ecossistema mais aberto à concorrência, a organização Open Web Advocacy (OWA) quer ter acesso a recursos atualmente exclusivos do Safari e, lógico, mais liberdade para construção de navegadores rivais.
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O motor de renderização é o principal componente dessa categoria de programas, cuja principal função é transformar documentos HTML e outros elementos de uma página web numa representação visual e interativa para o usuário. Atualmente, todos os navegadores que rodam no iOS precisam utilizar o WebKit.
Segundo o grupo, essa restrição limita significativamente a liberdade da concorrência que, na prática, tem liberdade somente de colocar uma nova “capa” sobre o motor da Apple. A entidade critica, também, que alguns recursos desse motor são exclusivos do Safari, o que tornaria a competição ainda mais injusta para o lado da Apple.
“Somos principalmente engenheiros de software, apenas indivíduos”, explicou um dos participantes da OWA, Stuart Langridge, ao site The Register. “Então, isso não é apenas em nome de fornecedores de navegadores ou empregadores, ou qualquer coisa assim. Nós nos unimos para tornar a web realmente melhor, e nenhuma grande empresa está pressionando por mudanças”, complementou o depoimento.
Segundo revelou o desenvolvedor Stuart Langridge, um dos participantes da OWA, ao site The Register, o grupo está motivado a convencer a Apple a abrir as portas para outros motores de navegador e tornar o iOS “melhor para desenvolver coisas da web moderna”.
Recursos limitados na concorrência
Quanto às exclusividades, uma das mais evidentes é a integração do Apple Pay com o Safari, que facilita pagamentos via web. A exibição de web apps em tela cheia também é limitada ao navegador da Apple — concorrentes sequer podem fixar esses sites como atalhos na tela inicial.
Pode parecer apenas um pormenor, mas essas restrições são semelhante às críticas acerca da estratégia agressiva da Microsoft com o Edge no desktop. A simples impossibilidade de desinstalar um programa ou de escolher outro para exercer a mesma tarefa implica em desvantagem para a concorrência, já que ela frequentemente apresentará empecilhos para aqueles que buscam alternativas além das soluções nativas.
Exclusividade seria para proteção
Se a discussão com o grupo alcançar a Apple, a principal justificativa da companhia deve ser a segurança dos usuários. As funcionalidades limitadas citadas pelo grupo têm relação ao uso exclusivo a APIs que, se cair nas mãos de criminosos, podem ser utilizadas para roubar dados.
Além disso, com as restrições no WebKit, a Apple consegue ter rédeas mais curtas sobre a experiência dos consumidores com web apps, que crescem em popularidade como alternativa às restrições da App Store. Mesmo que os sites sejam mais livres na internet, a empresa continuaria observando “de perto”.
Safari é o segundo maior navegador
O Chrome é indiscutivelmente o navegador mais popular do mundo, mas o Safari figura na segunda posição também numa larga vantagem. Segundo dados do site StatCounter, o navegador da Apple acumulou 19,3% do mercado em fevereiro, mas há bastante tempo o programa nem sequer teve a posição ameaçada pela concorrência.
Essa condição também se reflete num recorte do mercado de navegadores para celular: o Chrome segue em primeiro, provavelmente pela forte presença em dispositivos Android, enquanto o Safari também figura em segundo — aqui, porém, com 25,5%.
Fonte: The Register, 9to5Mac, Open Web Advocacy