Privacy Sandbox chega ao Android prometendo limitar acesso de apps a seus dados
Por Alveni Lisboa • Editado por Douglas Ciriaco |
O Google anunciou a chegada da Privacy Sandbox para Android nesta terça-feira (14). Segundo a companhia, o foco é "elevar os padrões de privacidade" no sistema operacional ao limitar o compartilhamento de dados do usuário com aplicativos. O recurso funciona como um sistema aprimorado de cookies e deve substituir o padrão antigo, considerado invasivo demais.
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A Privacy Sandbox começa a ser distribuída em versão beta para aparelhos Android elegíveis. No momento, o objetivo é analisar como usuários e desenvolvedores vão utilizar a ferramenta em situações do mundo real. Essa é a primeira bateria de testes abertos do sistema de rastreamento proposto pelo Google para seu SO.
O recurso está em desenvolvimento desde fevereiro do ano passado e teve como incentivo inicial o fim dos cookies de rastreamento na internet. Os primeiros testes começaram em abril, trazendo em primeira mão as APIs Topics, FLEDGE e Attribution Reporting.
Os experimentos com a modelagem seguiram ao longo de 2022, quando os desenvolvedores do Android estreitaram relações com integrantes da indústria para coletar opiniões e sugestões. Desde o anúncio, parte do mercado torceu o nariz para a Privacy Sandbox alegando falta de transparência do Google.
A implementação será gradual nos celulares Android, iniciando com uma pequena amostragem de aparelhos com a versão mais recente do sistema. Se o seu dispositivo for um dos contemplados pelo Google, uma mensagem será exibida para avisá-lo.
Como funcionará a Privacy Sandbox no Android?
Segundo o vice-presidente de privacidade do Google Anthony Chavez, a Privacy Sandbox Beta oferecerá novas APIs criadas especialmente para preservar a "privacidade em primeiro lugar". Ele explica que não serão mais utilizados identificadores capazes de rastrear a atividade entre apps e sites.
"Aplicativos que optarem por participar do Beta poderão usar essas APIs para mostrar anúncios relevantes e medir a eficiência da publicidade", explica o executivo em artigo publicado no blog oficial do Google.
Embora possa parecer algo negativo, já que impacta no fim do fornecimento de dados comportamentais do usuário, Chavez garante que a medida deve favorecer a indústria. O vice-presidente explica que "estratégias bruscas", aquelas que não oferecem alternativas viáveis, podem ser prejudiciais aos negócios e ainda impactam negativamente na privacidade do usuário.
Ele acredita que o modelo antigo pode desembarcar em formas "ainda menos privadas" de monitorar os usuários, como as chamadas fingerprints (impressões digitais, em português) dos aparelhos celulares. Este é o tipo mais invasivo de publicidade, porque permite identificar praticamente tudo sobre o usuário, indo além dos hábitos de acessos ou consumo.
"A evolução da publicidade digital rumo a uma privacidade aprimorada para usuários, afastando-se da dependência do rastreamento entre apps, é essencial para o futuro de um ecossistema móvel próspero. Continuaremos trabalhando em estreita parceria com desenvolvedores, profissionais de marketing e autoridades reguladoras", conclui Chavez.
Polêmica da Privacy Sandbox
A Gigante das Buscas precisou interromper a implementação que vinha fazendo no Chrome — a versão 104 do navegador retomou os experimentos — para explicar melhor sua proposta. A ferramenta agora integrada ao Android é um pouco diferente daquela que está sendo testada para a web, embora partam do mesmo princípio.
No caso dos celulares, o foco é impedir que apps compartilhem identificadores entre si para fins de publicidade digital. É por isso que ao pesquisar algo no Magazine Luíza, por exemplo, você pode ver propagandas do produto desejado no Facebook ou no Instagram. Com a mudança, cada app precisará pedir a permissão do usuário para rastrear sua atividade, sem poder acessar dados coletados de outros programas ou jogos.
Para quem ainda não se sentir seguro, será possível desabilitar opções da "Caixa de Areia" de Privacidade no Android. Ali será possível analisar como o sistema entende seus interesses e quais aplicativos poderão mostrar propagandas associadas a eles. Se não quiser receber nenhum tipo de anúncio direcionado, dá para bloquear tudo e pronto.
É bom deixar claro que a medida não vai impedir a exibição de propagandas, mas elas provavelmente serão menos efetivas. Para quem é comprador compulsivo, fugir das armadilhas do marketing digital pode ser uma boa forma de evitar dívidas.