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Crítica | 2ª temporada de Elite tem muita história, mas pouco acontece

Por| 12 de Setembro de 2019 às 13h25

Divulgação: Netflix
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As séries espanholas estão dando o que falar na Netflix. Depois de La Casa de Papel, que se tornou um fenômeno no mundo todo, vemos novas séries sendo adicionadas à plataforma de streaming, como Vis a Vis, que se passa em uma prisão feminina, e Elite, da qual vamos falar nesta matéria.

A primeira temporada de Elite estreou no ano passado com a promessa de ser o "Gossip Girl espanhol". Isso porque na série norte-americana vimos a vida de adolescentes ricos de Nova York, mais precisamente da região de Upper East Side, em Manhattan. A trama, que chegou ao seu fim em 2012 após seis temporadas, mostrava os dramas na vida de quem tem muito dinheiro, envolvendo não só muito luxo, como também crimes, vício em drogas, álcool, traições, abuso psicológico e sexual, entre outros temas do mundo jovem.

Mas, diferente de Gossip Girl, Elite não conta com núcleos de humor e um elenco divertido, com os temas sempre sendo abordados de forma pesada e com seriedade. Inclusive, parece que ninguém é realmente feliz naquela escola da Espanha, pois nem em momentos de lazer que acontecem na vida de todos os adolescentes parecem se divertir. Sempre tem alguém traído, querendo vingança, escondendo um segredo, com problemas familiares ou com um vício grave.

Crítica | 2ª temporada de Elite tem muita história, mas pouco acontece
Imagem: Divulgação/Netflix

Atenção, esta matéria conta com spoilers da primeira e segunda temporada de Elite.

No fim da primeira temporada de Elite, vimos que Polo (Álvaro Rico) matou Marina (María Pedraza) e, ao lado de sua então namorada Carla (Ester Expósito), esconde esse segredo. Por isso, quem acaba sendo preso pelo assassinato é Nano (Jaime Lorente), que namorava em segredo com Marina, que, por sua vez, também se relacionava com o irmão do rapaz, Samuel (Itzan Escamilla). Sim, esses adolescentes são bem intensos.

Então, nada do que seria esperado para essa temporada chegou a se desenrolar de fato. Polo foi dedurado por Carla, mas no último episódio, negando a acusação. Para "piorar", a sua nova namorada, a personagem estreante Cayetana (Georgina Amorós), recuperou a única prova que as autoridades teriam para oficializar a sua culpa pelo assassinato de Marina: o troféu que ele usou para bater na cabeça da jovem. Como Cayetana conseguiu pegar esse objeto, ainda não se sabe.

Outro fato que era esperado na segunda temporada de Elite era a luta de Nano para provar sua inocência. Carla acabou pagando a sua fiança e, enquanto Samuel se envolveu em um esquema perigoso de tráfico para ter dinheiro para a sua soltura, ele deixou a prisão.

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Desta vez, Nano apareceu muito pouco. Causando ódio no irmão de Marina, Guzmán (Miguel Bernardeu), ele não podia aparecer em sua frente ou na escola sem causar briga. Além disso, precisou sair de casa por decepcionar a mãe ao ser acusado de assassinato.

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Imagem: Divulgação/Netflix

Outro personagem que não foi muito explorado desta vez foi Christian (Miguel Herrán), que logo no começo da série sofreu um grave acidente e precisou viajar para um hospital de outro país para se recuperar. No início, é de se imaginar que o acontecido seria porque o ator foi descartado da série, mas fazendo uma rápida pesquisa no Google é possível descobrir que ele ficou afastado das gravações para tratar a depressão. Miguel também interpreta Río em La Casa de Papel.

A narrativa da temporada foi em cima do desaparecimento de Samuel, cada episódio com uma contagem "x horas antes do desaparecimento" ou "x horas após o desaparecimento". Esse desaparecimento, na verdade, foi forjado para forçar a confissão de Carla, e acabou dando certo. Mas todo o espetáculo em cima desse sumiço teve um fechamento pouco elaborado, preguiçoso. A polícia simplesmente aceitou a desculpa esfarrapada do jovem para o seu próprio desaparecimento e deixou o caso de lado. Não que tivesse sido um crime, mas tudo ter acontecido junto com a confissão de Carla e a acusação de Polo não deixava de ser algo suspeito.

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Com esses planos de ganhar dinheiro fácil e investigar sozinho a morte de Marina, Samuel teve ao seu lado uma nova personagem chamada Rebeca (Claudia Salas), que é uma incógnita. Sua mãe está envolvida neste esquema perigoso de tráfico, por isso é milionária, mas é difícil entender sua personalidade, se ela é boa, ruim, ou apenas mais uma vítima da vida de luxo. Na temporada, ela foi apenas uma coadjuvante, sem ter um papel presente que interferisse de fato na história, ficando sempre em segundo plano.

Crítica | 2ª temporada de Elite tem muita história, mas pouco acontece
Imagem: Divulgação/Netflix

A nova temporada Elite contou ainda com dois personagens que, apesar de não terem relação direta com a premissa principal da série, trouxeram bastante impacto na vida dos colegas. A primeira, como já citamos, foi Cayetana, filha de uma mulher simples que trabalha na limpeza da escola e de casas de luxo. Sonhando com a vida que não tem, a jovem finge ser milionária e ter uma vida cheia de mordomias, dinheiro, viagens e roupas caras, e todo mundo acredita, afinal é uma escola para a elite, mesmo que haja alguns bolsistas.

Ela fica bastante amiga de Lucrécia (Danna Paola), que incrivelmente cai na mentira. A amizade, como já era de se esperar, não dura muito tempo, pois Lu acaba descobrindo que Cayetana não é nada rica e "é filha da faxineira". E como não poderia deixar de ser, a garota é desmascarada em um evento beneficente que, na verdade, seria para o seu próprio lucro, para mudar de vida. É surpreendente como vários milionários que estiveram lá fazendo suas doações não denunciaram Cayetana para a polícia, afinal o golpe seria um crime bastante grave. Em vez disso, aceitaram a opção de Lucrécia de apenas terem os valores devolvidos. Esse "showzinho" poderia ter sido mais impactante, mais dramático, mas como precisava ter acontecido de alguma forma, assim foi, bem curto.

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Imagem: Divulgação/Netflix

Lucrécia, inclusive, sempre foi uma das personagens mais sem coração da série, mas nesta segunda temporada ela se torna uma das mais sem escrúpulos. Porém, ela não está sozinha nessa classificação, dividindo o prêmio com Valério (Jorge López), seu meio-irmão com quem ela tem "casinhos" desde criança. Sim, é isso mesmo que assistimos, temos uma situação de "meio-incesto" em Elite.

Esse desfecho também foi uma grande reviravolta, pois vimos que Valério não parece sentir vergonha do que fez nem para a família, quando dedurou ao seu pai, que também é o pai de Lucrécia, a relação entre os dois. Mais uma vez o caso não se desenrola, pois a gravidade da situação parecia que iria resultar em uma transferência de escola ou de cidade, mas aparentemente rendeu apenas uma bronca.

Valério, inclusive, tem um problema muito mais grave que isso: o envolvimento com drogas. Fica bastante claro que ele está cada vez mais viciado e que logo irá se tornar completamente dependente disso.

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Outro núcleo que recebeu um leve destaque foi o da família de Omar (Omar Ayuso) e Nadia (Mina El Hammani). A família, de pessoas simples de origem árabe é dona de um minimercado na cidade. Como seguem a religião muçulmana, os filhos precisam seguir a educação rígida que tiveram, e isso acaba trazendo alguns problemas quando eles entram na escola da elite. Omar, por exemplo, é gay, algo que o seu pai não consegue aceitar. Já Nádia se apaixonou por Guzmán, um jovem branco, cristão e que, segundo as tradições da família, não seria a pessoa certa para a garota.

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Imagem: Divulgação/Netflix

Na segunda temporada, o pai acaba expulsando Omar de casa, o que já era esperado que acontecesse, mas com o decorrer dos episódios ele mostra um leve arrependimento da decisão. Em algumas cenas, ele aparece conversando com a filha e mostrando que ainda se preocupa com o filho e que gostaria de tê-lo por perto. Uma grande evolução que foi confirmada quando Nádia, que tem um vídeo seu fazendo sexo com Guzmán vazado por Valério, conta o que aconteceu para a família e pede desculpas. Imediatamente ela recebe o apoio dos pais e é perdoada.

Por fim, a segunda temporada de Elite existiu para praticamente nada acontecer, mostrando apenas pequenos casos em paralelo que, apesar de estarem interligados, não esclarecem nada. A morte de Marina ainda não recebeu justiça, ninguém foi penalizado devidamente pelos seus atos e ninguém saiu glorioso. Mesmo por motivos diferentes, não existe um personagem que não esteja "ferrado" em Elite.

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O que esperar da terceira temporada?

Já que a segunda temporada veio apenas com clichês para suprir a necessidade dos fãs de acompanhar os personagens, o que deve acontecer na terceira temporada? Será que os roteiristas vão seguir a fórmula?

Na próxima temporada, poderemos ver Polo finalmente sendo condenado pelo crime que cometeu e, talvez, levando Carla junto como cúmplice. Será que toda a verdade será revelada? A história do relógio vai voltar à tona?

Também pode ser que isso aconteça apenas no final da temporada, ou ainda que ele saia ileso após algum plano desenvolvido por Cayetana, que está obcecada pelo jovem. Aliás, falando nela, há grandes chances de que ela deixe de ser a pobre inocente e tenha um caráter pior do que aqueles que têm dinheiro em Elite.

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Quanto à família de Omar, será que a sua homossexualidade será aceita pelos pais? Na segunda temporada a família já está entendendo que a realidade não é bem o que eles imaginavam e que as pessoas são diferentes, inclusive seus filhos, então isso deve acontecer em algum momento.

Crítica | 2ª temporada de Elite tem muita história, mas pouco acontece
Imagem: Divulgação/Netflix

E a Rebeca? A personagem tem um grande potencial para crescer dentro da série — e ela não só pode como merece ser mais explorada. O que são exatamente esses negócios que a sua família está envolvida? Ela vai continuar concordando e aceitando essa vida por causa do dinheiro?

Também estamos nos perguntando se Christian vai voltar na terceira temporada. Na sua última cena, ele ameaça Carla, dizendo que um dia ela vai cair e que ele pretende dançar no túmulo dela. Seria essa a deixa para uma grande reviravolta na história e a vitória dos "bonzinhos"?

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Essas são apenas algumas das questões que precisam ser abordadas na continuação de Elite para que a história continue interessante. O retorno já está confirmado pela Netflix, mas ainda não há data de estreia.

A segunda temporada de Elite está disponível na Netflix em oito episódios.