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Crítica | La Casa de Papel traz novo crime, novas motivações e maiores ambições

Por| 23 de Julho de 2019 às 13h27

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix
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A tão aguardada terceira temporada (ou terceira parte) de La Casa de Papel finalmente estreou na Netflix. Os oito novos episódios foram colocados na plataforma de streaming na última sexta-feira (19), trazendo os ladrões mais queridos da Espanha de volta para os corações dos fãs.

Quem gostou das partes 1 e 2 com certeza se sentirá agraciado com a terceira parte, que mais uma vez mostra que não é tão fácil cometer crimes e se livrar deles assim. Os ladrões de La Casa de Papel cometeram o primeiro roubo como forma de fazer resistência contra as políticas da Espanha, e nesta temporada vemos que a corrupção por lá é grande e que as autoridades do país têm muito a esconder.

Depois de finalizarem o roubo da Casa da Moeda nas primeiras temporadas, o grupo se divide e aproveita a riqueza. Alguns, que já haviam sido identificados pela polícia, precisam se esconder melhor, como é o caso de Tóquio e Rio, quando tudo começa outra vez.

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Atenção, a partir daqui você verá alguns spoilers de La Casa de Papel.

Rio e Tóquio passam alguns anos sozinhos em uma ilha paradisíaca e com alguns de seus moradores, mas depois de tanto tempo de calmaria a ladra decide que não quer passar o resto da vida assim e que precisa se desprender; Rio, por outro lado, está muito acostumado com a nova vida.

Depois de um tempo, ela resolve partir e, consequentemente, a relação entre os dois é prejudicada. Para que pudessem manter contato, ela leva consigo um telefone via satélite que, na teoria, era não-rastreável para que o casal pudesse manter contato. Mas, infelizmente, não foi bem assim que aconteceu.

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Assim que os aparelhos foram ligados pela primeira vez, logo os detetives espanhóis captaram os sinais de origem e descobriram onde estavam Rio e Tóquio. Enquanto ela conseguiu fugir, ele foi capturado. Em desespero, Tóquio consegue encontrar o Professor, que está vivendo com Raquel, e conta o ocorrido. Como não há nenhuma notícia sobre a captura, a suspeita é que ele está sendo torturado ilegalmente para revelar informações. É quando a terceira temporada começa de verdade.

Heróis

Vemos na terceira parte de La Casa de Papel que os ladrões são considerados heróis. Com fãs em toda a Espanha, eles são adorados justamente por ir contra os ideais do governo corrupto do país e, de fato, ter a coragem de fazer algo para prejudicá-lo. Eles são, digamos, como um grupo de Robin Hoods.

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Os macacões e máscaras de Salvador Dalí, utilizados pelos ladrões, se tornaram um símbolo de resistência ao redor do mundo e aparecem até mesmo em um protesto no Brasil. Nosso país, inclusive, também é citado por Rio, quando revela o desejo de ir ao Rio de Janeiro. Enquanto moravam na ilha, o casal também acaba conhecendo um grupo de visitantes brasileiros. Seria isso uma homenagem aos fãs daqui?

Toda essa adoração ajudou para que eles recebessem o apoio para o segundo roubo, que começou com a intenção de "protestar" contra o que possivelmente estão fazendo com Rio e como forma de resgatá-lo. O alvo, desta vez, é o Banco da Espanha, que guarda uma grande quantidade de ouro num cofre extremamente protegido embaixo da terra. Lá, também há documentos que comprovam as irregularidades do governo, o que seria usado futuramente como chantagem.

Como forma de despistar as autoridades, o começo do crime mostra vários dirigíveis sobrevoando algumas regiões e liberando parte do dinheiro do roubo para a população, conquistando ainda mais fãs. Enquanto isso acontece, é exibido em um telão uma mensagem gravada pelo Professor sugerindo que haverá uma nova invasão e roubo, e ele inclusive acaba tirando a máscara e revelando sua identidade para o povo, sem nenhum medo.

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Matriarcado

O desejo de Nairóbi pelo matriarcado continua forte na terceira parte da série, e com razão. Agora com um novo ladrão, Palermo, que não tem pudor nenhum em agir com machismo e fazer comentários que rebaixam as mulheres, Nairóbi, Tóquio e Estocolmo — nome de "trabalho" de Mónica, a refém que se uniu ao grupo e se casou com Denver — precisam mostrar que não estão lá como um objeto decorativo e que a presença delas é, sim, significativa.

A inspetora Raquel, que também acabou se unindo ao bando, agora tem o codinome Lisboa e, durante este roubo, trabalha ao lado do Professor nas negociações com a polícia. Aliás, falando em operações policiais, uma nova pessoa aparece para complicar os planos do grupo: a inspetora Alicia Sierra. Grávida, ela é a responsável pelas torturas a Rio e depois aparece para comandar as negociações.

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Berlim está morto, mas presente

Berlim não sobreviveu aos diversos tiros que levou da polícia no final da segunda parte de La Casa de Papel, mas alguns trechos da série mostram que a sua existência no mundo foi crucial para o roubo da terceira parte, pois ele mesmo é o autor do plano. Palermo, que era um grande amigo de Berlim, chega a acusar o Professor pela morte do irmão, mas acaba se desculpando no final e entrando para o bando.

A execução do plano, então, é feita não só como uma forma de resistência, mas como uma demonstração de amizade e parceria com Rio, fazendo os ladrões chegarem à conclusão de que eles eram uma equipe e não deixariam seus aliados para trás, e como uma forma de homenagear Berlim, que apesar de ser uma pessoa com problemas de caráter, também foi essencial para a conclusão do primeiro roubo, além de ser família do Professor.

Novos ladrões

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O grupo de bandidos recebeu alguns novos aliados, além das já conhecidas Mónica (Estocolmo) e Raquel (Lisboa): Palermo, Marsella e Bogotá. A história deles é mostrada de forma rasa, mas suficiente para entendermos suas personalidades.

Palermo era o melhor amigo de Berlim, e no decorrer dos episódios descobrimos que, provavelmente, era apaixonado por ele. Extremamente machista, deixa bem claro a sua falta de caráter e respeito com as mulheres. Ele aproveita de sua homossexualidade para dizer o quanto as acha desprezíveis sem nenhum pudor. Por isso, acaba entrando em conflito com as personagens femininas da série, principalmente com Nairóbi. Conhecemos essa personalidade mais a fundo no episódio Bum, bum, tchau.

Marsella é um homem grande, aparentemente muito perigoso, mas que se mostra humano quando revela que defende as causas animais. Em um determinado momento, ele se recusa a abrir um porco morto para treinar a retirada de escutas e conta que se engajou no tema quando, em batalha, teve um amigo cão que nunca saiu do seu lado.

Já Bogotá é um dos melhores soldadores do mundo, recrutado para fazer a parte mais importante do roubo. Carismático, apesar de parecer solitário, ele conta a Denver que tem sete filhos e que sempre que pode vai visitá-los, protagonizando um momento de conselhos ao jovem pai.

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Imaturidade

Como se não bastasse a Tóquio, mesmo que indiretamente, ter ocasionado a captura de Rio e acabar com a paz e tranquilidade dos ladrões, ela dá um belo showzinho nos últimos episódios depois de ter levado um pé na bunda de Rio.

Depois de as negociações para que o bandido fosse devolvido ao grupo serem concluídas, o jovem acaba sendo jogado para dentro do Banco da Espanha sem entender nada. O tempo que passou sendo torturado e a sua volta aos braços de Tóquio fez com que ele refletisse que não queria mais nada com ela por terem personalidades diferentes. Mas ela não aceitou muito bem a decisão.

Todos os ladrões estavam lutando para sobreviver enquanto a casa caía, e Tóquio achou que era um momento muito oportuno para ficar bêbada e se vingar de Rio. Depois de passar uma vergonha e falar coisas que só bêbados falam, ela tenta até seduzir Denver depois de contar para Rio que eles quase se beijaram anos atrás. Mesmo casado e com um filho, ele não resiste à jovem bêbada por poucos segundos, mas depois acaba entendendo que não é uma boa ideia.

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O retorno de Arturito

Arturo, que na primeira e segunda parte era um refém, viu sua vida desmoronar depois do assalto à Casa da Moeda. Por trair sua esposa com Mónica, ele foi deixado e impossibilitado de ver o filho. Ele também perdeu a amante, que agora está com Denver, e o seu filho com ela, que está sendo criado pelo casal.

Ele está de volta na terceira parte passando mais vergonha do que nunca. O homem que era considerado uma pessoa importante por estar no comando da Casa da Moeda, acaba ganhando a vida fazendo palestras motivacionais e divulgando o seu livro, contando tudo o que aconteceu no crime.

Como a vida não está nada fácil para Arturito depois de tantas perdas, ele resolve, mais uma vez, tentar ser o herói de toda a situação. Em um momento de descuido no combate da polícia contra os ladrões no Banco da Espanha, ele decide que é o momento perfeito para entrar no local por vontade própria e tentar recuperar a confiança de Mónica e seu filho, que não chegou a conhecer.

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Depois de ser fazer de vítima acaba agindo de uma forma um tanto quanto asquerosa, ele é reprimido por Mónica, que o mostra que está armada e que agora ela é mais forte que ele. Com isso, ele recebe a decisão definitiva de que nunca conhecerá seu filho biológico. O que restou para Arturito, então, é viver novamente a vida de um refém.

O improvável traz adrenalina

Algumas dúvidas pairam sobre nossas cabeças enquanto assistimos aos episódios da série, como onde deve estar o dinheiro. Mas, em La Casa de Papel, tudo é possível, afinal tramas de ficção podem e devem causar esses tipos de dúvida no espectador, o que funciona muito bem nesta trama.

Eles roubaram muito dinheiro, mas muito dinheiro mesmo. Mesmo assim, eles têm recursos que parecem exigir muito mais do que isso, como uma grande central de engenheiros "nerds" que trabalham com a comunicação ilegal no grupo, além do enorme arsenal de armas extremamente perigosas que possuem. Sem contar a distribuição de notas que foi feita no início do segundo episódio. Como eles fazem esse dinheiro render? Como guardar toda essa quantia em bancos sem que a inteligência tenha descoberto em todos esses anos? O dinheiro não era rastreável, mas movimentações estranhas ao redor do mundo deveriam ser algo fácil de descobrir, mas aparentemente a mente do Professor vai muito além de quaisquer órgãos mundiais.

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Sem contar a infinidade de equipamentos, armas e materiais que foram colocados para dentro do Banco da Espanha sem que notássemos quantidade, carregamento e montagem, que aconteceram rapidamente.

Mas é justamente essa facilidade, inteligência, esperteza e improbabilidade que faz La Casa de Papel ser tão grande. Ao mesmo tempo que essas questões surgem em nossas cabeças, comemoramos toda essa grandiosidade e destreza que nos traz sentimentos de torcida, reflexão e identificação com a história e os personagens.

Nenhum crime é perfeito

Vemos nessa temporada que os ladrões continuam "afiados" em suas funções, mesmo depois de alguns anos sem cometerem ilegalidades diretamente. Nem mesmo a chegada de novos personagens que não tinham experiência com o crime, Lisboa e Estocolmo, ameaçaram o início do plano.

Mas este roubo era muito mais complicado, mesmo que o plano fosse extremamente detalhado e com possibilidades para caso as coisas dessem errado, os famosos "planos b", e o que parecia perfeito começa a se desmoronar. Um pouco de amadorismo de Lisboa faz com que ela seja pega, e o sofrimento com o afastamento do filho faz com que Nairóbi seja baleada. Em meio a sucessos e fracassos, a temporada se desenrola com muita emoção e adrenalina, caindo a nossa ficha de que estamos torcendo (e muito) para os ladrões.

A série acaba sem um desfecho e há poucas esperanças de que tudo ocorra bem, afinal muitas coisas desandaram e parece que a única saída seria se entregar. Felizmente, La Casa de Papel já está confirmada para uma quarta temporada e, inclusive, parece que as gravações já estão em andamento há algum tempo. Esperamos que não demore muito para que possamos acompanhar o desfecho desse crime.