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Svante Pääbo recebe Prêmio Nobel de Medicina por sequenciar DNA dos neandertais

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Outubro de 2022 às 13h41

Niklas Elmehed/Prêmio Nobel
Niklas Elmehed/Prêmio Nobel
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O biólogo e geneticista sueco Svante Pääbo ganhou, nesta segunda-feira (3), o Prêmio Nobel de Medicina por suas descobertas no campo da evolução humana, em especial pelo sequenciamento do DNA dos neandertais. O cientista também é conhecido pela descoberta do hominídeo de Denisova.

Durante sua trajetória no campo científico, o biólogo Pääbo fundou, em 1990, o Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha. Além da manter as suas atividades do centro de pesquisa alemão, o cientistas de 67 anos é professor adjunto no Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, no Japão.

Segundo o Comitê do Prêmio Nobel, a pesquisa Pääbo contribuiu para que a humanidade estivesse mais próxima de suas origens, de onde verdadeiramente viemos e o que nos torna Homo sapiens.

Quais foram as descobertas de Svante Pääbo para a ciência?

"Por meio de sua pesquisa pioneira, Svante Pääbo realizou algo aparentemente impossível: sequenciar o genoma do Neandertal, um parente extinto dos humanos atuais", afirma o Comitê do Prêmio Nobel, em comunicado.

Durante seus longos anos dedicados à compreensão da evolução humana, o biólogo Pääbo também identificou como ocorreu a transferência de genes dos neandertais para os Homo sapiens, o que envolveu a migração desses grupos para fora do continente africano há mais de 70 mil anos.

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Hoje, estes genes são conhecidos por desempenhar importantes funções em nosso sistema imunológico. É o que confirmou um estudo recente, liderado por pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia.

Hominídeo de Denisova

Svante Pääbo recebe Prêmio Nobel de Medicina por sequenciar DNA dos neandertais e descobrir hominídeo de Denisova (Imagem: Mattias Karlén/Prêmio Nobel)
Svante Pääbo recebe Prêmio Nobel de Medicina por sequenciar DNA dos neandertais e descobrir hominídeo de Denisova (Imagem: Mattias Karlén/Prêmio Nobel)

Em 2008, um fragmento de 40 mil anos de um osso de dedo foi descoberto na caverna Denisova, na parte sul da Sibéria. O curioso é que o osso continha DNA excepcionalmente bem preservado e, com isso, Pääbo e sua equipe de cientistas conseguiram sequenciar a amostra.

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A partir das análises, foi possível confirmar que aquela sequência de DNA era única — quando comparada a todas as sequências conhecidas de neandertais e humanos atuais. Em outras palavras, era um ramo extinto da árvore genealógica humana e, até então, desconhecido, que recebeu o nome de hominídeo de Denisova. Anos depois, outros vestígios desses hominídeos foram encontrados.

Origem de um novo campo de estudos

Com essa relevante coleção de feitos para os estudos sobre a evolução, a pesquisa de Pääbo deu origem a uma disciplina científica inteiramente nova, conhecida como paleogenômica. "Ao revelar diferenças genéticas que distinguem todos os humanos vivos de hominídeos extintos, suas descobertas fornecem a base para explorar o que nos torna exclusivamente humanos", detalha o Comitê do Prêmio Nobel.

Como foi possível sequenciar o DNA dos neandertais e receber o Prêmio Nobel 2022?

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No início de sua carreira, Svante Pääbo buscava formas de aplicar os métodos genéticos modernos para estudar o DNA dos neandertais. No entanto, a tarefa não era viável, já que o tempo — e, aqui, são milhares de anos — faz com que o material genético se modifique quimicamente e se degrade em pequenos fragmentos. Então, o biólogo começou a aperfeiçoar as estratégias já conhecidas e desenvolver novas formas para resolver este desafio.

Através do DNA de mitocôndrias — organelas em células que contêm seu próprio DNA — de neandertais, Pääbo conseguiu realizar os seus primeiros avanços na ciência evolutiva. Vale explicar que o genoma mitocondrial é pequeno e contém apenas uma fração da informação genética que aquele ser carrega.

Com a pesquisa de Pääbo com o DNA mitocondrial, o Comitê do Prêmio Nobel explica que, "pela primeira vez, tivemos acesso a uma sequência de um parente extinto. Comparações com humanos e chimpanzés contemporâneos demonstraram que os neandertais eram geneticamente distintos".

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Em seguida, o cientista trabalhou para sequenciar o genoma nuclear neandertal, que poderia oferecer informações completas sobre os neandertais. Novamente, Pääbo alcançou o seu objetivo, por mais que fosse aparentemente impossível. A primeira sequência do genoma neandertal foi publicada em 2010.

Como desdobramento dessa descoberta, novos detalhes sobre o processo evolutivo da espécie humana foram revelados. Por exemplo, sabe-se que os humanos modernos, com ascendência europeia ou asiática, têm entre 1% a 4% do genoma originário dos neandertais.

Fonte: Prêmio Nobel