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Nosso parentesco com neandertais pode influenciar na resistência a remédios

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Julho de 2022 às 19h50

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 sgrunden/Pixabay
sgrunden/Pixabay

Um estudo recente liga a sensibilidade maior de algumas pessoas a certos remédios a parentesco com neandertais: a mistura dos Homo sapiens com os nossos primos hominínios mais próximos, os Homo neanderthalensis, pode afetar o modo como quebramos as enzimas da varfarina, ibuprofeno e estatinas que diminuem o colesterol, por exemplo.

Em alguns casos, a diferença é muito importante, como na varfarina. O remédio afina o sangue humano, e, caso pouco dele seja administrado, o efeito sequer é sentido. Mas, se a dose for muito grande, pode causar sangramentos incontroláveis. Embora pouco mude no seu controle, já que testamos muito bem os pacientes justamente por saber que a sensibilidade pode diferir, a descoberta nos ajuda a entender a variedade vista na saúde atualmente.

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Genética, neandertais e remédios

A descoberta foi feita graças aos avanços no campo da genética por parte da ciência. As variações trazidas pelo DNA neandertal podem ser, em alguns casos, triviais, mas quando falamos de enzimas e canais proteicos, a diferença pode significar muito ao nosso corpo.

O CYP2C9 é um gene que codifica o citocromo P450, uma superfamília de enzimas do fígado cuja tarefa é quebrar, ou seja, absorver muitos dos remédios que usamos, desde os que tratam simples inflamações até condições como epilepsia. Esse gene tem muitos formatos diferentes, podendo ser codificado de até 20 formas. Alguns deles são mais eficientes para metabolizar medicamentos do que outros.

Com isso, a depender do tipo de CYP2C9 que você herda, pode ser que uma dose de remédio fique no seu corpo por mais tempo do que no corpo de outra pessoa. A variação CYP2C9*2, por exemplo, é 70% menos ativa do que a CYP2C9*1, mais comum, ou seja, metaboliza mais devagar.

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A CYP2C9*2 ainda costuma aparecer junto a outras variantes (chamadas CYP2C8*3), especialmente em pessoas da mesma família: o que não seria estranho se esses genes não fossem separados por dezenas de milhares de bases de DNA. Sabendo que outros exemplos de pares de variantes genéticas bem separados em nosso corpo tem origem neandertal, cientistas coletaram sequências genéticas de 146 famílias e as compararam.

As sequências de DNA contendo as duas variantes genéticas dos citocromos que codificam o P450 eram tão próximas à versão neandertal que se tornou quase uma certeza que os genes foram passados por uma mistura entre as espécies, há dezenas de milhares de anos. O estudo sobre o caso foi publicado na revista científica The Pharmacogenomics Journal.

Apesar do conhecimento não mudar tanto as práticas clínicas já presentes na medicina, os cientistas reforçam a importância de conhecer o ambiente em que as mudanças corporais vistas atualmente surgiram: adicionar esse contexto nos ajuda a entender a diversidade humana e pode, no futuro, representar parte importante da nossa diferenciação genética.

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Fonte: The Pharmacogenomics Journal