Remédios para dormir aumentam risco de demência em até 79%
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 27 de Junho de 2024 às 12h53
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Remédios para dormir aumentam o risco de demência. Pelo menos, é isso o que sugere um novo e robusto artigo científico
da University of California, publicado na Journal of Alzheimer’s Disease. Para as pessoas que têm o costume de tomar zolpidem, a hidroxizina, melatonina, benzodiazepínicos, antidepressivos ou anti-histamínicos, as chances crescem até 79%.
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Por enquanto, não se sabe exatamente a razão por trás dessa relação, mas já é uma descoberta importante o suficiente para que cientistas direcionem suas atenções, já que a demência ainda é uma condição misteriosa, e cada informação que se tem sobre seu funcionamento representa um avanço.
Ao todo, a pesquisa durou cerca de 15 anos. Durante esse período, 3.068 participantes preencheram questionários.
O questionário constava da pergunta “você toma remédio para dormir ou outros medicamentos para ajudá-lo a dormir?”, com as opções de resposta como “nunca (0)”, “raramente (menos de uma vez mês)”, “Às vezes (duas a quatro vezes por mês)”, “frequentemente (cinco a 15 vezes por mês)” ou “quase sempre (16 a 30 vezes por mês)”.
Remédios para dormir aumentam risco de demência
Desse total de participantes, 42% eram negros e 58% brancos. Isso é relevante porque, ao longo do estudo, os participantes brancos que usavam “frequentemente” ou “quase sempre” remédios para dormir tiveram 79% mais chance de ter demência em comparação com aqueles que não tomavam os remédios.
O resultado foi que “o uso frequente de medicamentos para dormir foi associado a um risco aumentado de demência em idosos brancos. Mais pesquisas são necessárias”, aponta a equipe.
Tomar remédio para dormir é uma boa ideia?
No caso do zolpidem, a atuação acontece em um receptor dos neurônios que mexe com um químico cerebral chamado ácido gama-aminobutírico: GABA. Vários relatos de efeitos colaterais do medicamento tomam as redes sociais até hoje, principalmente pelo mau uso (já que as pessoas precisam tomar e ir direto para a cama).
![Tomar remédio para dormir sem um acompanhamento profissional não é o recomendado (Imagem: Annie Spratt/Unsplash)](https://t.ctcdn.com.br/OsKsFKTqC7lBcsO_hUYgFalL7iM=/1024x0/smart/i910009.jpeg)
Já a melatonina promete trazer melhoras, mas apenas para aqueles que realmente têm alguma deficiência do hormônio no organismo. É importante lembrar que a melatonina não pode ser reduzida a um indutor de sono: é um hormônio fundamental para a fisiologia humana.
Defender ou rejeitar remédios para dormir é uma discussão complexa, mas os especialistas relembram a importância de entender se a falta de sono se deve realmente à insônia ou se existe alguma outra condição que provoca o problema. Porque se for esse o caso, a ideia é corrigir o problema, sem necessidade de fazer o uso de remédios para dormir.
Então o veredicto é que você precisa buscar a ajuda de um profissional, se estiver com problemas para dormir. Tomar remédio sem um acompanhamento ou partir para a automedicação não é uma boa ideia.