Pesquisador pode ter contraído doença rara e mortal em laboratório na França
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 29 de Julho de 2021 às 12h20
Na França, um possível caso de contaminação em laboratório por substância mortal é alvo de investigação. Isso porque um cientista aposentado pode ter contraído uma doença cerebral rara e mortal causa por príons — partículas de proteínas que atuam como agentes infecciosos e que costumam ser neurodegenerativas —, durante o período em que trabalhava. Até o momento, as autoridades francesas não detalharam a situação do paciente e nem informaram detalhes sobre sua identidade.
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O suposto caso da doença causada por príons teria acontecido em um laboratório do Instituto Nacional de Pesquisas em Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente (INRAE). Além disso, sabe-se que a pessoa desenvolveu, provavelmente, a doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD). Esta é considerada a mais comum entre aquelas que os príons podem causar em humanos, de acordo com informações apuradas pela revista Science.
Na área médica, pesquisadores sabem que algumas doenças causadas por príons podem ser contraídas ao consumir o tecido cerebral de um indivíduo ou animal infectado, por exemplo. Só que há possibilidade dessa infecção ocorrer através do contato com esses tecidos contaminados, como é possível que tenha ocorrido com o pesquisador, ou de formas ainda desconhecidas. De maneira geral, a condição pode provar demência e anormalidades nos movimentos, já que afeta os tecidos do cérebro.
Pausa nas pesquisas com príons na França
Em resposta ao caso de suposto vazamento, todas as pesquisas sobre príons na França foram paralisadas. No total, nove laboratórios em cinco instituições do país trabalhavam com este tipo de pesquisa. A paralisação deve ser mantida enquanto os especialistas investigam se a contaminação ocorreu a partir de um acidente de laboratório ou não.
Segundo nota emitida pelos laboratórios franceses, a moratória foi estabelecida para “estudar a possibilidade de vínculo com a antiga atividade profissional e, se necessário, adequar as medidas preventivas em vigor nos laboratórios de pesquisa".
Como a investigação ainda não divulgou nem as descobertas parciais, não é possível estabelecer uma relação direta entre o trabalho do cientista e a sua contaminação. Por outro lado, a incidência de casos de CJD é extremamente baixa. Dessa forma, é possível suspeitar que o pesquisador tenha se contaminado no local de trabalho.
O que pode acontecer com o cientista?
Segundo fonte ligada ao assunto, o pesquisador está vivo. No entanto, não há vacina, cura ou tratamento para a doença fatal causada por príons. Isso significa que o indivíduo poderá permanecer com a doença por até uma década antes dela se manifestar. Além disso, o diagnóstico adequado só será possível através de uma necropsia do tecido cerebral afetado, o que só acontecerá após o óbito.
Ainda na França, a cientista Émilie Jaumain morreu em decorrência da CJD, aos 33 anos, em 2019, dez anos após cortar acidentalmente o polegar, enquanto preparava amostras de um cérebro de rato infectado por príons. Na época da confirmação do caso, novas medidas foram adotadas para impedir que casos como esse se repetissem.