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Em formato de spray, vacina nacional contra covid pode ser lançada em 2022

Por| Editado por Luciana Zaramela | 15 de Setembro de 2021 às 10h30

Fidel Forato/ Canaltech
Fidel Forato/ Canaltech
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Para o combate ao coronavírus SARS-CoV-2, cientistas brasileiros trabalharam em inúmeros projetos contra o agente infeccioso, como em vacinas nacionais. Com previsão de lançamento para 2022, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desenvolvem um potencial imunizante em forma de spray nasal contra a covid-19. 

Em fase de estudos pré-clínicos, os responsáveis pelo projeto estimam que a vacina será de baixo custo e que poderá imunizar contra as variantes emergentes do coronavírus, como a Delta (B.1.671.2).  Inclusive, os testes com humanos, quando iniciados, deverão avaliar se a fórmula funciona como um reforço para as doses de vacinas já existentes e aplicadas por via intramuscular.

Cientistas brasileiros podem lançar vacina contra a covid-19 em formato de spray nasal em 2022 (Imagem: Reprodução/Astrakanimages/Envato)
Cientistas brasileiros podem lançar vacina contra a covid-19 em formato de spray nasal em 2022 (Imagem: Reprodução/Astrakanimages/Envato)

“Provavelmente, quando o spray estiver pronto, boa parte da população mundial vai estar vacinada. Acredito que ele vai ser, sobretudo, como uma dose de reforço”, especula o coordenador do estudo, Jorge Elias Kalil Filho, professor da Faculdade de Medicina da USP e chefe do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas.

Como funciona a vacina em spray?

Com o uso do spray, os pesquisadores buscam sensibilizar a porta de entrada do coronavírus no corpo humano: as mucosas do sistema respiratório. “Você já começa a induzir resposta no epitélio nasal e induzir a produção de um anticorpo que é muito importante nas mucosas, que são as IgAs [Imunoglobulina A] secretórias”, explica Kalil.

Além disso, “em vez de usarmos a proteína spike do vírus de Wuhan [cepa original do coronavírus], vamos utilizar só a RBD [domínio receptor obrigatório] das quatro variantes de preocupação [as VOCs, como a Delta]”, revela o professor.

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Dessa forma, a expectativa é de que o imunizante carregue fragmentos de proteínas que estimulem uma resposta celular mais duradoura do que aquela mediada pelos anticorpos neutralizantes. “Nós estudamos 220 pessoas que tiveram a doença, estudamos também, por informática, todo o genoma do vírus e selecionamos fragmentos que, teoricamente, induzem uma boa resposta celular”, complementa Kalil. 

Outra inovação é a criação de um tipo de nanopartícula que adere à mucosa do nariz. “A mucosa tem muitos cílios que não deixam nada aderir, mas desenvolvemos um jeito de colocar uma formulação específica em que a gente induz uma resposta de mucosa importante”, acrescenta o médico.

Segundo o pesquisador, cada dose deve custar em torno de US$ 5 (cerca de 26,2 reais), mas ainda são necessárias outras análises relacionadas ao rendimento. “Temos alguns laboratórios que produzem proteínas recombinantes, mas ainda está muito no início, então estamos tratando com as empresas farmacêuticas para ver se encontramos alguma que consiga produzir com boa quantidade”, completa o pesquisador sobre o futuro do imunizante.

Fonte: Agência Brasil