Que fim tomou o caso da vacina Covaxin no Brasil?
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 26 de Julho de 2021 às 10h52
Nos últimos dias, a vacina Covaxin contra o coronavírus SARS-CoV-2 esteve envolta de polêmicas e, agora, teve seu processo de análise encerrado. Na sexta-feira (23), o laboratório indiano Bharat Biotech — e responsável pelo seu desenvolvimento — anunciou o fim da parceria com a Precisa Medicamentos, que era a representante nacional da fórmula contra o coronavírus SARS-CoV-2 desde novembro de 2020. Inclusive, os acordos de venda são alvos de investigação na CPI da COVID-19.
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Após os últimos acontecimentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) encerrou os estudos clínicos do imunizante contra a COVID-19, que seriam feitos pela Precisa Medicamentos e pelo Instituto Albert Einstein. Além disso, o pedido de uso emergencial da fórmula foi encerrado em votação unânime da agência.
Documentos da Covaxin
Em nota divulgada pelo laboratório indiano, os responsáveis pelo Bharat afirmam não reconhecer a autenticidade de dois documentos enviados pela Precisa ao Ministério da Saúde com uma suposta assinatura do Bharat Biotech.
"Recentemente, fomos informados de que certas cartas (anexas), atribuídas a executivos da companhia, estão circulando na internet. Gostaríamos de negar enfaticamente que esses documentos tenham sido emitidos pela companhia ou por seus executivos e, portanto, negamos este fato", pontuou a empresa.
Nesses documentos, o nome da fabricante está errado, o endereço tem um erro de inglês e o endereço do laboratório na Índia tem outro erro. Procurada pelo jornal O Globo, a Precisa afirmou que "jamais praticou qualquer ilegalidade e reitera seu compromisso com a integridade nos processos de venda, aprovação e importação da vacina Covaxin".
Mudanças na Anvisa
Na noite de sexta-feira (23), a Anvisa divulgou uma nota sobre o futuro dos estudos clínicos, após todos os acontecimentos. A Coordenação de Pesquisa Clínica (Copec) da Anvisa, que integra a Gerência-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED), determinou "a suspensão cautelar dos estudos clínicos da vacina Covaxin no Brasil", informou a agência.
Segundo a Anvisa, "os ofícios comunicando a suspensão cautelar foram enviados ao Instituto Albert Einstein e à patrocinadora do estudo, a empresa Precisa Comercialização de Medicamentos Ltda". A parte positiva é que as aplicações do imunizante contra a COVID-19 em voluntários não chegou a acontecer no Brasil, o que deve evitar prejuízos para as partes.
"A suspensão foi realizada em decorrência do comunicado da empresa indiana Bharat Biotech Limited International, enviado para a Agência também nesta sexta-feira (23/7). No comunicado, a Bharat Biotech informa que a empresa Precisa não possui mais autorização para representá-la no Brasil, o que, na avaliação da Anvisa, inviabiliza a realização do estudo", esclareceu a agência.
No sábado (24), a agência optou, através de votação unânime, por encerrar o processo para a autorização de uso emergencial da vacina Covaxin no Brasil. Em nota, a diretora da Anvisa Meiruze Freitas comentou que "o rompimento da relação comercial entre as empresas, bem como a decadência de requisito fundamental para a Autorização de Uso Emergencial, implica impedimento da manutenção e continuidade da avaliação do pedido. A negativa está ancorada ao princípio da eficiência, uma vez que seguir com uma avaliação técnica de uma petição já administrativamente corrompida implicaria em significativo desperdício de esforços e recursos da administração".