Ativistas dos direitos humanos em Mianmar perdem paciência com o Facebook
Por Ares Saturno | 21 de Maio de 2018 às 08h04
Uma coalizão de ativistas de Mianmar, Síria, Bangladesh, Vietnã, Sri Lanka, Índia, Filipinas e Etiópia pediram ao Facebook, em uma coletiva de imprensa que aconteceu na última sexta-feira (18), que uma abordagem mais consistente e acessível fosse tomada em relação à moderação dos conteúdos na rede social. A empresa tem sido duramente criticada por fomentar o genocídio em Mianmar e servir como espaço para discursos de ódio contra a minoria étnica de fé islâmica rohingya por parte da hegemonia budista ultranacionalista.
Segundo Thenmozhi Soundararajan, diretora executiva da Equality Labs, muitos dos países representados estão há anos tentando chamar a atenção da rede social e seu papel nos conflitos sociais, em vão. "E o que estamos descobrindo é que o Facebook tem padrões diferentes para diferentes mercados", disse Soundararajan.
Os oito países fazem parte do mercado onde o Facebook tem feito esforços para expandir seu público. "Somos o próximo bilhão de usuários da internet, por isso vamos exercer nosso poder, e isso realmente começa hoje", disse Soundararajan. "Não estamos mais no cronograma do Facebook. Estamos na nossa linha do tempo."
Há pouco mais de um mês, grupos de ativistas pelos direitos humanos em Mianmar enviaram uma carta a Mark Zuckerberg, que prontamente respondeu ao conteúdo e prometeu tomar medidas mais enérgicas e transparentes para deixar de alimentar o massacre contra a população rohingya no país. À época, Zuckerberg reconheceu frente ao congresso estadunidense o papel fúnebre que a rede social vinha desempenhando no genocídio. "O que está acontecendo em Mianmar é uma tragédia terrível e precisamos fazer mais", disse.
Quando questionada se as conversas privadas foram produtivas, Soundararajan respondeu: "Você já teve uma conversa produtiva com o Facebook?".
Fonte: The Verge