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Origem de grandes crateras na Lua pode ser diferente do que se pensava

Por| Editado por Patricia Gnipper | 03 de Maio de 2023 às 10h37

CNSA/CLEP
CNSA/CLEP
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As bacias lunares, nome dado às crateras com mais de 300 km de diâmetro da Lua, podem ter sido formadas pelo impacto de planetesimais. Até então, os astrônomos consideravam que elas foram originadas por asteroides. A descoberta vem de novos estudos realizados por pesquisadores do Observatório Nacional e de outras instituições, que se debruçaram sobre a origem controversa das bacias.

A Lua contém cerca de 50 bacias formadas pelos impactos de objetos com 10 a 30 km de diâmetro, o que sugere que o fluxo destas colisões foi muito maior no passado. Os astrônomos consideravam que os objetos em questão eram asteroides de um grupo de pequenos corpos, localizado na parte interna do atual Cinturão de Asteroides.

Eles teriam sido ejetados em direção ao nosso satélite natural, e causaram impactos que ficaram conhecidos como “bombardeio pesado tardio da Lua”. Só que, no novo estudo, os autores mostraram que as bacias parecem ter sido formadas pelos planetesimais, fragmentos rochosos que restaram após a formação dos planetas e que ficaram a até 1,5 unidade astronômica do Sol por milhões de anos.

Para chegar a este resultado, eles trabalharam com um modelo dinâmico, que permitiu determinar a taxa de impacto nos planetas rochosos e na Lua a partir de asteroides, cometas e planetesimais. Eles consideraram também a migração dos planetas gigantes, que se formaram em posições diferentes daquelas em que estão hoje, junto das colisões nos grupos de objetos usados nos modelos.

As bacias lunares, com mais de 300 km de diâmetro, parecem ter sido formadas pelo impacto de planetesimais (Imagem: Reprodução/NASA)
As bacias lunares, com mais de 300 km de diâmetro, parecem ter sido formadas pelo impacto de planetesimais (Imagem: Reprodução/NASA)

As simulações mostraram probabilidade de até 35% para a formação da bacia lunar Imbrium, há 3,9 milhões de anos, o que pode explicar também a formação de outras duas bacias menores depois dela. O modelo mostrou ainda que o impacto de 20 objetos com mais de 10 km de diâmetro há até 3,5 bilhões de anos atrás é compatível com as camadas de esférulas do período Arqueano tardio.

Fernando Roig, vice-diretor do Observatório Nacional e um dos autores do novo estudo, explica que a equipe estima que quando a Lua se formou, ainda havia quase 400 mil corpos com mais de 10 km de diâmetro. “Isso equivale a uma massa total de planetesimais de cerca de 0,015 massas terrestres”, observou.

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Segundo ele, os objetos devem ter formado centenas de bacias de impacto na superfície lunar. “Para que hoje observemos apenas 50, as bacias que se formaram antes de 4,35 a 4,41 bilhões de anos devem ter sido apagadas por processos geológicos”, acrescentou ele.

Por fim, os autores destacam que os novos estudos trazem implicações significativas para a compreensão do início da evolução do Sistema Solar. “[Os estudos] permitem concluir que não seria necessário nenhum evento dinâmico violento para justificar o bombardeio pesado tardio, e isso coloca restrições aos modelos de evolução dinâmica primordial dos planetas”, finalizou.

Os artigos com os resultados do estudo foram publicados na revista The Astrophysical Journal Letters e Icarus.

Fonte: The Astrophysical Journal Letters, Icarus; Via: Observatório Nacional