"Relógio do Juízo Final" avança em 2022 e chega à sua pior marca

Por| Editado por Patricia Gnipper | 26 de Janeiro de 2023 às 14h22

Imagem: Jamie Christiani/Bulletin of the Atomic Scientists
Imagem: Jamie Christiani/Bulletin of the Atomic Scientists
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O Doomsday Clock, ou "Relógio do Juízo Final", foi criado em 1947 para estimar o quanto a humanidade estaria próxima de seu fim. E, em dezembro de 2022, ele avançou 10 segundos, alcançando o horário mais preocupante desde que começou a contar as horas para o fim do mundo.

A Bulletin of Atomic Scientists, organização responsável pelo marcador simbólico, revelou que agora faltam apenas 90 segundos para a meia-noite — horário em que o colapso global se tornaria inevitável. O relógio não avançava a contagem das horas desde 2020, quando tensões políticas aumentaram entre os Estados Unidos e o Irã. Agora, o conflito responsável pelo avanço das horas foi a invasão da Rússia na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.

A Bulletin of Atomic Scientists explica que a guerra “levantou questões profundas sobre como os estados interagem, abalando normas de conduta internacional que sustentam respostas a uma variedade de conflitos.” Além disso, o comitê considera a possibilidade de escalada para o uso de armas nucleares como “um risco terrível." Durante o último ano, a Rússia já levou o embate a Chernobyl e Zaporizhzhia, regiões afetadas por desastres nucleares, violando protocolos internacionais.

Em 1947, o Relógio do Juízo Final foi criado faltando sete minutos para a meia-noite e seus ponteiros avançaram pela primeira vez em 1949, quando o teste da primeira bomba atômica soviética fez a contagem das horas avançar em 3 minutos. O mais distante que o relógio já esteve do “fim do mundo” foi em 1991, quando o fim da Guerra Fria fez o relógio retroceder para as 23h43.

Pripyat é uma cidade ucraniana abandonada pelo desastre em Chernobyl. Em 2022, a invasão russa chegou a região afetada, sendo um dos motivos para o avanço no Relógio do Apocalipse (Imagem: Mick De Paola/Unsplash)
Pripyat é uma cidade ucraniana abandonada pelo desastre em Chernobyl. Em 2022, a invasão russa chegou à região afetada, sendo um dos motivos para o avanço no Relógio do Juízo Final (Imagem: Mick De Paola/Unsplash)

Além do conflito russo-ucraniano, as expansões do potencial nuclear de China, Coreia do Norte, Irã e Índia nos últimos anos também contribuíram para a decisão do avanço na contagem do relógio em 2022. Mas nem só guerras e armas nucleares são as culpadas: o conselho declarou que a crise climática, a desinformação propagada pela internet e suas ameaças à democracia, doenças infecciosas e a biossegurança também foram riscos latentes no último ano.

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Mary Robinson, ex-alta comissária de Direitos Humanos da ONU, diz que “o Relógio do Juízo Final é um alerta para toda a humanidade; estamos à beira de um precipício e nossos líderes não estão agindo em escala e com rapidez suficientes para assegurar um planeta pacífico e seguro”.

Fonte: Bulletin of Atomic Scientists