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Terremotos de alta magnitude alteram curso dos rios

Por| Editado por Luciana Zaramela | 20 de Junho de 2024 às 10h17

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Ganapathi Brahm/Pixabay
Ganapathi Brahm/Pixabay

Os terremotos têm um elevado poder de destruição, ainda mais quando se considera os de alta magnitude. Por causa dos abalos sísmicos, podem ocorrer erupções vulcânicas, deslizamentos de terra, tsunamis ou mesmo mudanças no curso dos rios. Este último impacto foi demonstrado em um estudo recém-publicado na revista Nature Communications, com base nas modificações do rio Ganges, na Índia.

Há cerca de 2,5 mil anos, um terremoto de magnitude 7 ou 8 mudou de forma abrupta o curso do Ganges, segundo pesquisadores da Columbia Climate School (EUA) e da Universidade de Wageningen (Holanda). Após o abalo, o canal principal foi redirecionado e ficou mais próximo de Bangladesh, país ainda vulnerável a grandes terremotos. 

“Não era previamente confirmado que os terremotos poderiam causar avulsão [mudança no curso do rio] em deltas, especialmente para um rio imenso como o Ganges”, afirma Liz Chamberlain, pesquisadora holandesa e autora principal do estudo, em nota.

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Mundaça no rio Ganges

Vale destacar que o rio Ganges nasce no Himalaia e flui por cerca de 2.500 km. Nesse percurso que desemboca na Baía de Bengala, abrangendo Bangladesh e Índia, ele se funde com outros rios importantes, como o Brahmaputra e o Meghna.

Este é o terceiro maior sistema fluvial do mundo, medido em vazão — o rio  Amazonas ocupa o primeiro lugar, seguido pelo Nilo. É lógico que esse percurso não foi mantido intacto ao longo dos milênios.

Inclusive, todos esses rios sofrem pequenas ou grandes mudanças de curso sem qualquer ajuda de terremotos, de forma natural. Entretanto, esse processo é gradual e leva muitos anos. Durante os abalos sísmicos, as mudanças são imediatas, o que coloca em risco populações próximas.

Terremoto impacta rios

A descoberta do impacto de um terremoto no curso do Ganges começou com a análise de imagens de satélite. Com essa vista privilegiada, os pesquisadores detectaram o antigo canal principal do rio, cerca de 100 km ao sul da capital do Bangladesh, Dhaka. Ele corre de forma quase paralela ao atual trajeto do rio, e é usado para o cultivo de arroz.

Analisando uma escavação de um novo lago que ainda não tinha sido preenchido por água nessa região, novas pistas do passado geológico foram descobertas: diques verticais de areia com 30 a 40 cm de largura, cortando as camadas horizontais de sedimentos. 

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Isso é importante porque terremotos provocam algo como “injeções de areia” através das camadas de sedimentos. É próximo de um vulcão de areia, conhecido como "sismito", causado pelo aumento da pressão no solo.

Usando a técnica da Luminescência Opticamente Estimulada (LOE), a equipe determinou que tanto os diques de areia quanto o canal do rio abandonado se formaram a cerca de 2,5 mil anos, confirmando a hipótese do terremoto como elemento capaz de ter alterado o curso do Ganges.

Com base nessas evidências, os autores comprovam a capacidade dos terremotos em alterar o percurso dos rios e também alertam para a possibilidade de novos abalos serem potencialmente de risco para as cidades próximas ao Ganges, considerando que são densamente povoadas.

Fonte: Nature Communications e Columbia Climate School