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Um dos piores filmes da Disney nasceu como uma bizarra propaganda anti-fake news

Por| Editado por Durval Ramos | 26 de Abril de 2024 às 15h34

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Divulgação/Disney
Divulgação/Disney
Tudo sobre Walt Disney Company

Quem assiste à comédia de ficção científica de 2005, O Galinho Chicken Little, nem imagina que a animação não é a primeira, mas sim a segunda adaptação que a Disney fez da história de Henny Penny, um popular conto europeu sobre os perigos da histeria coletiva. Mais do que isso, a primeira versão animada da história trazia um tom muito mais sombrio e uma mensagem que era praticamente uma propaganda anti-fake news da Segunda Guerra Mundial.

Muito conhecido desde o início do século 19, o relato folclórico oral sobre uma galinha que acredita que o mundo está chegando ao fim e causa pânico na população já foi referenciado muitas vezes na literatura, cinema e TV, aparecendo até mesmo em musicais e óperas.

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A empresa de Walt Disney, no entanto, fez a sua primeira versão do clássico ainda em 1943, por meio de um curta-metragem de animação chamada Chicken Little. Com pouco menos de 9 minutos de duração, o vídeo conta a história de um ingênuo galinho que se deixa levar pelas fake news contadas por uma raposa, trazendo séries consequências para os moradores de sua comunidade.

Um enredo que, embora tenha servido de base para o longa-metragem de 2005 (um dos mais fracos do catálogo da Disney), tem um desenvolvimento muito mais assustador e convincente, feito justamente para ser uma propaganda antinazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Curta-metragem tem crítica social contundente

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Dirigido por Clyde Geronimi, Chicken Little se passa em uma granja cheia de galos, galinhas e pintinhos, onde todos têm uma função social muito bem definida. Um dia, no entanto, uma raposa descobre aquele verdadeiro “banquete” escondido atrás da cerca e tem a ideia de armar um plano para que ela consiga comer todas as galinhas ao invés de apenas uma.

Utilizando um livro de psicologia para consulta, ela passa a seguir uma série de conselhos para destruir o seu inimigo. O curioso é que segundo o animador da Disney, David Gerstein, a ideia original dos roteiristas era fazer com que a raposa lesse o livro Mein Kampf, do próprio Adolf Hitler, mas isso acabou sendo descartado na reedição do curta.

Primeiro, a raposa segue a premissa de “para influenciar as massas, dirija-se primeiro ao menos inteligente” e escolhe Chicken Little como seu alvo, já que o jovem é o mais bobo do grupo. Em seguida, ela arma várias situações que fazem parecer que o céu realmente está caindo na cabeça do galinho e que, como ele é único a saber disso, precisa avisar o resto da comunidade que o cerca.

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Por fim, seguindo o ponto do livro que explica que é preciso “destruir a confiança do chefe do povo”’, a raposa descredibiliza a imagem de Cocky Locky, o galo da granja. Único a se opor a história de Chicken Little, Cocky Locky é humilhado pela população e passa a não ser mais ouvido, fazendo com que todos acreditem no fim do mundo e busquem refúgio em uma mina.

Na cena final do curta, a raposa invade então o local e come todas as galinhas, fazendo um “cemitério de ossinhos” e deixando o próprio narrador da história perplexo com o aviso de que “quem acredita em boatos, acaba assim”.

Versão de 2005 é bobinha até para uma obra infantil

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Novamente adaptado pela Disney em 2005, dessa vez em uma roupagem bobinha e dirigida a um público muito diferente, O Galinho Chicken Little até traz uma moral sobre o perigo da histeria em massa, mostrando como esse fenômeno faz as pessoas tomarem decisões erradas e às pressas pelo medo do desconhecido.

Na versão dirigida por Mark Dindal, no entanto, a mensagem é diluída em uma trama engraçada e fofinha, que obviamente tem um final feliz e passa longe da crítica mordaz do curta dos anos 1940. Feita para ser muito mais divertida do que questionadora, a animação é uma das menos populares entre a crítica e o público, perdendo muito da sua essência, mesmo para uma trama infantil.

Para quem ficou curioso, o curta original de Chicken Little pode ser assistido no YouTube, enquanto a versão repaginada e mais atual da história está disponível no Disney+.