Operadoras estudam acabar com WhatsApp e redes sociais gratuitos
Por André Lourenti Magalhães • Editado por Douglas Ciriaco |

Os planos de internet com acesso gratuito a aplicativos, como WhatsApp, Instagram e X (antigo Twitter) podem estar com dias contados. Em entrevista coletiva, o presidente da Telefônica Brasil, Christian Gebara, confirmou que as operadoras discutem se o modelo de oferta deve ser mantido ou suspenso.
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Os pacotes chamados “zero rating” foram lançados como uma estratégia para conquistar consumidores com acesso gratuito a apps, sem consumo direto do pacote da franquia. No entanto, com o salto para o 5G no país, essas operações ficaram mais custosas e exigem uma quantidade maior de dados.
O movimento é comum no exterior: a Índia e alguns países da Europa já abandonaram os planos com acesso ilimitado. No lugar disso, disponibilizam opções com franquias de dados maiores.
Em outra ocasião, o presidente da Telefônica (dona da operadora Vivo) já usou o WhatsApp como exemplo das transformações com o consumo de internet: "ele começou gratuito quando era só de troca de mensagens. Mas hoje já é de fotos e vídeos, e é um dos [apps] que impacta o aumento dos dados na nossa rede", explicou Gebara em entrevista.
Operadoras querem que Big Techs paguem pelo consumo
Com o zero rating, os custos ficam por conta das operadoras, mas esse segmento da indústria quer que as empresas de tecnologia paguem a conta. Segundo Gebara, o tráfego de redes cresce num ritmo de 20% a 30% globalmente, e seis a sete empresas de tecnologia concentram a maior parcela do fluxo.
O presidente da Telefônica reforça que “as empresas de telecom, mundialmente, não conseguem suportar esse crescimento acelerado com investimentos que deem retorno para os nossos acionistas”. Ele também aponta que é necessário usar o dinheiro para reforçar a infraestrutura nacional, de forma que o acesso à internet chegue para regiões que ainda estão fora da área de cobertura.
A situação não fica limitada somente à Telefônica Brasil: executivos de outras operadoras já declararam posições favoráveis ao fim da franquia ilimitada para aplicativos. Além disso, o zero rating ainda pode romper com o princípio de neutralidade da rede do Marco Civil da Internet, pois prioriza as empresas que oferecem os serviços gratuitos.