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O que muda com a chegada do 5G no Brasil?

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Pixabay/torstensimon
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A quinta geração de internet móvel finalmente faz sua estreia oficial no Brasil nesta quarta-feira (6) em Brasília, que será a primeira cidade do país a receber o chamado 5G “puro” operando na frequência 3,5 GHz. Mas o que isso na vida dos usuários, na prática? E o que isso deve trazer de vantagens para o Brasil?

Antes de responder as essas questões, é preciso explicar o que significa o 5G ser puro. Anteriormente, a tecnologia vinha sendo testada e distribuída no Brasil nas faixas compartilhadas com 4G e 3G, no chamando 5G DSS, que já é mais veloz que a geração anterior, mas que não alcança o pico de sua operação independente.

Isso também vinha acontecendo porque o país precisava resolver o leilão de concessão para as operadoras que vão comercializar os pacotes da novidade para os usuários — processo que foi finalizado com atraso somente em novembro do ano passado e que elegeu a Telefônica (Vivo), TIM e Claro como vencedoras dos maiores lotes da frequência 3,5 GHz.

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Em termos de velocidade de conexão, a média do 4G entre as quatro maiores operadoras brasileiras é de 17,1 Mbps, segundo relatório da firma de consultoria OpenSignal de maio de 2021. O 5G deve alcançar entre 1 e 10 Gbps, ou 100 vezes ou mais que a geração anterior.

E a performance não fica mais rápida em relação ao download e upload, como também melhora o tempo de resposta entre a origem e o destino da informação por meio da conexão 5G. Enquanto no 4G a latência fica entre 50 e 70 milissegundos, no 5G esse tempo é reduzido em dez vezes, caindo para algo entre 1 a 5 milissegundos.

Vale lembrar que o 5G só pode ser utilizado nas áreas em que a tecnologia foi liberada e nos dispositivos prontos para esse tipo de conexão. Se você quiser contratar a novidade em Brasília, não vai precisar mudar seu chip com todas suas informações e contatos, contudo, vai precisar de um celular que esteja preparado para a quinta geração de internet móvel. Ao todo, segundo a Anatel, há atualmente 67 celulares homologados com suporte ao 5G.

O que o 5G muda no dia a dia?

A altíssima velocidade do 5G abre portas para tantas possibilidades que as fabricantes e os programadores de softwares ainda estão em processo de otimização e desenvolvimento de plataformas e funcionalidades para o uso de todo o seu potencial.

As aplicações com mudanças imediatas são aquelas que já usamos, e que serão muito mais rápidas. Por exemplo, o acesso móvel a conteúdo pesado, como filmes ou séries, será quase instantâneo. A qualidade das videochamadas também ficam muito melhores — o que é especialmente útil em tempos de alta no uso da telemedicina.

Os jogos on-line também poderão apresentar uma experiência muito mais fluída e sem queda de sinal, assim como as transmissões de vídeo ao vivo. O próprio desempenho dos celulares deverá aumentar consideravelmente, pois, com o acesso constante e instantâneo com a nuvem, é possível enviar o processamento de tarefas mais pesadas para fora do aparelho, deixando seu funcionamento interno livre para outras atividades.

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E o que o 5G deve mudar na indústria e no comércio?

O Brasil não possui muitos carros autônomos, mas a chegada do 5G vai abrir essa possibilidade, já que esses tipos de veículo exigem velocidade rápida e constante para que a inteligência artificial (IA) realize tomadas de decisões que precisam ser realizadas instantaneamente — afinal, um erro pode causar acidentes e tirar vidas.

Veículos rastreados à distância, por exemplo, precisam de uma atualização rápida, de menos de dez segundos, para saber se está tudo bem com a carga e a própria condução. É um sistema caro, que pode ser barateado e ter uma amplitude maior com o uso do 5G.

Em áreas de crescente uso de live commerce, a experiência de compra ao vivo poderá ser ainda mais fluída e incluir recursos de Realidade Virtual e Realidade Aumentada. A coleta de dados em tempo real também vai permitir uma jornada mais personalizada; e oferecer aos vendedores informações e análise instantânea para a prospecção de vendas. O Metaverso, que está em construção, também deve se beneficiar bastante, já que as interações no mundo virtual poderão ser tão dinâmicas quanto no real.

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O 5G pode permitir à Internet das Coisas (IoT) a ampliação de serviços que usam IA e reconhecimento facial. Isso é especialmente interessante para a Indústria 4.0 e para a agricultura, que vai pode otimizar controle e monitoramento. E a automação de processos também poderá ser agilizada.

Na área da saúde, além da ampliação de uso e recursos para a telemedicina, será possível também usar melhor a IA e o aprendizado de máquina para, por exemplo, acompanhar campanhas de vacinação e combate e controle de epidemias com mais eficiência.

E, em um aspecto mais amplo, o 5G pode oferecer uma tecnologia de baixo consumo e latência, que permite a conexão de mais de 100 dispositivos por metro quadrado. Isso deve acelerar a construção de cidades inteligentes, que exigem, por exemplo, a automação de monitoramento de tráfego, o controle e a medição de energia elétrica, gás e água, entre outras coisas.

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Próximas cidades e desafios do 5G no Brasil

Brasília é a primeira a receber o 5G, contudo, mesmo assim a cobertura será inicialmente de 80% na cidade. Como a tecnologia depende de muitas antenas, as operadoras terão que instalar várias outras delas — e o atendimento a todos os bairros de um município ativado com a quinta geração de internet móvel pode demorar anos para cumprir isso.

Além disso, é necessário realizar uma “faxina” na frequência 3,5 GHz, que também é utilizada por antenas parabólicas. Em Brasília, por exemplo, há 3.341 unidades, que precisarão ter seus aparelhos trocados, para não interferir no 5G e vice-versa. A própria Anatel tem um programa de distribuição gratuita da nova parabólica digital, assim como conversor e cabos.

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) também é uma questão a ser debatida com frequência, já que os novos equipamentos com suporte ao 5G vão precisar de adequações que vão além do consumidor final. As empresas terão que adotar planos e estratégias para manter a proteção e a privacidade do usuário em dia.

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De acordo com a Anatel, as próximas cidades a receberem o 5G “puro” são: São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa. Contudo, ainda não há uma data definida para a estreia.