Brasil já soma 152 milhões de pessoas com acesso à internet
Por Roseli Andrion • Editado por Claudio Yuge |

Promovida pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.br), a pesquisa TIC Domicílios 2020 (Edição COVID-19 – Metodologia Adaptada) estima que há, hoje, no Brasil, 152 milhões de usuários de internet. Isso corresponde a 81% da população do país com 10 anos ou mais — pela primeira vez, foi identificada uma proporção maior de domicílios com acesso à rede (83%) do que de usuários individuais.
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Apresentado nesta quarta-feira (18), o estudo demonstra aumento de 7 e 12 pontos percentuais, respectivamente, em relação à edição anterior. As 5.590 entrevistas foram feitas por telefone e a partir de coleta presencial (a estratégia foi adaptada para restringir o deslocamento de entrevistadores diante da necessidade de distanciamento social) entre outubro de 2020 e maio de 2021. Com isso, as margens de erro da edição atual são maiores e os efeitos das mudanças na metodologia não são integralmente conhecidos.
Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), aponta que, durante a pandemia, a internet foi mais demandada em razão da migração de atividades essenciais para o ambiente digital. “Os resultados mostram a resiliência da rede em cenário de crise sanitária.” O principal tipo de conexão domiciliar foi a banda larga fixa (68%), com aumento das conexões por cabo ou fibra óptica.
O aumento da proporção de usuários de internet foi maior entre moradores de áreas rurais (de 53% para 70%), entre cidadãos com 60 anos ou mais (de 34% para 50%), entre indivíduos com ensino fundamental (de 60% para 73%), entre mulheres (de 73% para 85%) e nas classes D/E (de 57% para 67%). “Houve aumento do uso da rede entre os mais vulneráveis”, diz Barbosa. “Mesmo assim, os indicadores apontam a persistência das desigualdades no acesso, com prevalência de usuários de classes mais altas, escolarizados e jovens.”
Em todos os segmentos analisados, houve crescimento da proporção de domicílios com acesso à internet. Nas classes C e D/E, as diferenças foram as mais relevantes: 80% a 91% na C e 50% a 64% na D/E. Paralelamente, as diferenças regionais recuaram. Já a presença de computador (desktop, portátil ou tablet) nas residências avançou: de 39% para 45% — a tendência dos últimos anos era de queda.
Televisão x computador
Pela primeira vez, a proporção de acesso à internet pela televisão (44%) na série histórica da pesquisa foi maior que a de acesso pelo computador. O resultado é 7 pontos percentuais acima do registrado em 2019. “Esse avanço está associado ao consumo de cultura e entretenimento, que, durante a pandemia, passou a ser reportado por uma parcela maior da população”, analisa Barbosa.
A pesquisa reforça o aumento na realização de atividades online durante a pandemia. Mesmo assim, ainda há desigualdades no aproveitamento dessas oportunidades: usuários da classe C, por exemplo, fizeram mais cursos a distância e estudaram mais por conta própria, mas ainda em proporções inferiores aos da classe A.
Os serviços públicos online também foram mais procurados (42%) e usados (37%) em 2020. A concentração maior, entretanto, ocorreu em áreas urbanas entre usuários com mais escolaridade e das classes A e B. Outro setor com crescimento foi o das transações financeiras no ambiente digital: o aumento foi de 10 pontos percentuais (de 33% para 43%) em relação a 2019. O crescimento mais expressivo ocorreu nas classes C e D/E.
Marcio Migon, coordenador do CGI.br, aponta que a divulgação da pesquisa reforça o compromisso do órgão com a produção de estatísticas para embasar políticas públicas. “A despeito das restrições que caracterizaram o período, os dados apresentados são únicos, pois permitem compreender as dinâmicas de acesso e de uso da rede durante a pandemia”, finaliza.
Fonte: Telesíntese