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Investimento em startups brasileiras ultrapassa R$ 50 bilhões em 2021

Por| Editado por Claudio Yuge | 29 de Dezembro de 2021 às 13h08

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Reprodução/rawpixel.com/Freepik
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Até agora, o total captado pelas startups brasileiras passa de US$ 9,44 bilhões (R$ 53,3 bilhões) em 2021. Apenas em dezembro, o Olist recebeu R$ 1 bilhão, a Facily captou R$ 769,5 milhões, a Alice recebeu R$ 724 milhões, o Arquivei ficou com R$ 260 milhões, a Ambar levou R$ 204 milhões, a Shopper recebeu R$ 170 milhões, a Conta Simples obteve R$ 121 milhões e a Sami captou R$ 110 milhões.

Isso é mais do que o triplo dos US$ 3,1 bilhões (R$ 17,5 bilhões) captados em 2020. Para Monica Saggioro e Michael Nicklas, sócios dos fundos de investimentos Maya Capital e Valor Capital Group, respectivamente, os números são consequência de um ciclo virtuoso iniciado há alguns anos. “Os casos de sucesso atraem mais capital qualificado, tanto nacional quanto estrangeiro, o que torna mais atraente o ato de empreender”, diz Nicklas.

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Para Daniel Ibri, sócio do fundo de venture capital Mindset Ventures, dois fatores explicam o fluxo de investimentos para startups: excesso de liquidez e otimismo com tecnologia. “A liquidez se juntou ao otimismo com o mercado de tecnologia. Vimos uma empolgação em mercados públicos e privados por aqui desde o ano passado.”

O mesmo ocorreu em diversos países, mas o investimento nas startups brasileiras cresceu acima da média mundial em 2021. A Crunchbase aponta que US$ 332 bilhões (R$ 1,9 trilhão) foram investidos mundialmente em negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos ao longo de 2020. Em 2021, já são US$ 637 bilhões (R$ 3,6 trilhões) globalmente.

O volume mundial quase dobrou em um ano, enquanto no Brasil, ele triplicou. Com isso, o Brasil se tornou o sétimo maior mercado mundial em termos de investimento em startups, segundo a Crunchbase.

As startups que acumularam o maior volume de investimentos entre janeiro e novembro deste ano são dos segmentos de serviços financeiros (fintech), varejo (retailtech), imóveis (real estate), educação (edtech) e mobilidade. “O que há em comum entre eles é o tamanho dos mercados. São indústrias que compõem uma participação relevante do Produto Interno Bruto (PIB) e com espaço para criação de soluções para resolver problemas grandes”, comenta Nicklas.

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A Maya Capital investiu em startups brasileiras nesses cinco setores. “Todos foram afetados pela pandemia e tiveram de se reinventar”, diz Monica. “Mudanças de comportamento levam a soluções inovadoras para acompanhar as necessidades criadas. Alguns problemas têm possibilidade mais clara de solução e de potencial de monetização.”

O desafio de 2022

O próximo ano deve ser mais desafiador para as startups: estímulos monetários têm sido cortados e taxas de juros subiram em países como Brasil e EUA. Ibri destaca, entretanto, que juros em alta não fazem o capital de risco migrar em massa para a renda fixa. “Muitos fundos captaram recursos recentemente e têm um mandato de investimentos a ser cumprido.”

Isso sem contar que a eleição presidencial brasileira pode atrapalhar os investimentos por aqui. “O investidor vai esperar para ver o que acontecerá no país”, comenta Ibri. “A eleição trará maior incerteza para todos os mercados”, concorda Nicklas.

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Além de condições macroeconômicas, investidores globais também refletem sobre até onde vai valorização das empresas de tecnologia. “Empolgação é um sentimento volátil, especialmente no mercado de tecnologia”, reflete Ibri. “Tanto que boa parte das ações no segmento de tecnologia caíram desde que fizeram sua oferta inicial pública (IPO) no exterior.”

Monica lembra que a tecnologia é mais resiliente do que outros setores. “A capacidade e a velocidade de adaptação dessas empresas as tornam mais atraentes”, pondera. “Esperamos que o investimento nas startups brasileiras continue crescendo em ritmo acelerado, acima da média dos mercados. A combinação entre melhores talentos, problemas ainda não resolvidos e oportunidades de saída cria um ambiente muito favorável para o ecossistema empreendedor.”

Nicklas concorda. “Apesar das incertezas sanitárias e políticas, vemos o mercado de venture capital com estruturas sólidas para continuar crescendo a passos largos”, aponta. Já Ibri estima que os investimentos em startups devem crescer entre uma e duas vezes em 2022 em relação a 2021. “Não devemos triplicar mais uma vez, porque já temos uma base relevante, mas continuaremos a ter bons resultados.”

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Fonte: InfoMoney