Xiaomi teve 1 milhão de celulares vendidos ilegalmente em 2023 no Brasil
Por Léo Müller | •
O mercado cinza (contrabando e descaminho) teria vendido mais de 1 milhão de celulares Xiaomi ilegalmente no Brasil só no ano de 2023, disse uma fonte do Canaltech com acesso a dados sigilosos de uma grande consultoria de mercado.
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Esse volume seria 20 vezes maior do que o total de smartphones Xiaomi vendidos legalmente no País pela DL Eletrônicos, a parceira que distribui os aparelhos da marca chinesa no Brasil. Segundo a mesma fonte, a DL teria colocado apenas 20 mil unidades nas mãos dos consumidores no mesmo período.
Contatada pelo Canaltech, a DL informou que não revela números de vendas oficiais referentes a seus parceiros, como a Xiaomi, mas classificou como “inconsistente” o número de 20 mil unidades vendidas oficialmente no Brasil em 2023.
O tamanho do mercado cinza no Brasil
Segundo dados oficiais do IDC, o mercado cinza de smartphones representou 25,3% de todos os aparelhos vendidos no Brasil no último trimestre do ano passado. Considerando todas as marcas, mais de 6,1 milhões de celulares ilegais foram vendidos no País durante 2023.
Uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) corrobora esse dado do IDC, ressaltando que um em cada quatro celulares vendidos no Brasil são ilegais. Se o mercado cinza fosse uma só marca, ele seria a segunda maior, ficando atrás apenas da Samsung.
Esses números seguem em tendência de alta para 2024, apesar dos esforços do Governo Federal em implementar o Remessa Conforme. Esse programa essencialmente obriga grandes varejistas internacionais a cobrar impostos de importação dos clientes na hora da compra em seus sites, em vez de deixar que os Correios e a Receita Federal recolham os tributos na hora que a remessa chega ao País. O objetivo é reduzir a sonegação.
“Algumas medidas do Governo ajudaram a reter as vendas que vinham direto de sites internacionais. Os números realmente caíram por causa disso”, comentou Andreia Souza analista de consumo do IDC ao Canaltech. “Mas, em seguida, houve um aumento vindo do Paraguai”, concluiu.
Não existe uma estimativa oficial divulgada sobre qual seria o tamanho da sonegação de impostos gerada pelas vendas de contrabando de celulares, mas as marcas com presença nacional consideram a prática “concorrência desleal”.
Contudo, o levantamento “Brasil Ilegal em Números”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), calculou um prejuízo de R$ 453,5 bilhões referente a atividades de contrabando e pirataria em 16 setores da economia durante o ano de 2022. Desse montante, R$ 136 bilhões representam os impostos que os governos locais e nacional deixaram de arrecadar.