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Procuradores da República ganham iPhone SE (2020) e chamam aparelho de "esmola"

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 01 de Março de 2021 às 11h26

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Reprodução/DxO Mark
Reprodução/DxO Mark

O iPhone é uma das linhas mais procuradas no mundo pelo seu desempenho, qualidade de câmeras e sistema operacional bastante fluido e seguro, mas parece que os modelos da Apple não são muito bem vistos pelos procuradores da República. Segundo mensagens obtidas pela Folha, integrantes do Ministério Público Federal (MPF), que recebem salário em torno de R$ 33 mil (fora os benefícios), ficaram indignados por receberem um iPhone SE (2020) de graça.

De acordo com a reportagem, tais mensagens foram retiradas de uma rede interna usada por procuradores e direcionadas ao secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação da Procuradoria-Geral da República (PGR), Darlan Airton Dias, a quem cabe a gestão dos contratos. O procurador Marco Tulio Lustosa Caminha, que atua no Piauí, teria dito, em tom de indignação, ser um absurdo receber um iPhone SE após três anos com um iPhone 7.

"Você acha mesmo que depois de três anos com um iPhone 7, já ultrapassado, processador lento, bateria ruim, tela pequena, vamos aceitar por mais 30 meses um iPhone SE?? Acho que ninguém aqui é moleque, Darlan", disse o procurador. "Isso é um insulto!! Não quero esmola! Acho que ninguém aqui quer esmola!! Estamos há quase um ano trabalhando de casa, celular, notebook, internet, energia... Que bagunça é essa?? Estão querendo nos humilhar??!! Não aceito humilhação, Darlan. Acho que devemos ser mais respeitado!!!", escreveu.

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A mensagem do procurador terminou com um pedido aos colegas do MPF: "NÃO ACEITEM ESSA ESMOLA". O desabafo de Caminha foi acompanhado por outros procuradores, como Ana Paula Ribeiro Rodrigues, que atua no Rio de Janeiro. "Torcendo para que haja algum equívoco nisso", escreveu. "Eu ia perguntar O QUE ACONTECEU COM ESSA INSTITUIÇÃO. Mas, pensando bem, o que aconteceu eu sei: morreu, acabou, resta-nos agir como burocratas e ir levando e, quem pode, vai se virando ou cai fora".

Contracheques disponíveis no serviço de transparência do MPF revelaram que Caminha, que teria iniciado a confusão, recebeu R$ 102 mil em remuneração em janeiro deste ano. Já Rodrigues recebeu gratificações por acumulações de fevereiro a dezembro, de R$ 5.600 a R$ 7.400 por mês, conforme os contracheques disponíveis.

Além de um aparelho celular, cada integrante do MPF ainda tem direito a um notebook no valor de R$ 4,5 mil e a um iPad.

Resposta da PGR

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A Procuradoria-Geral da República disse, em nota, ter analisado as "ponderações apresentadas" e decidido manter a contratação com a operadora Claro, assinada a partir de licitação concluída no fim de 2020, que garante o fornecimento de aparelhos iPhone SE em regime de comodato, em que não há compra de aparelhos.

"Trata-se de um modelo intermediário, que atende às necessidades a um custo adequado para a administração, possui sistema operacional reconhecidamente mais seguro, há uma cultura de uso na instituição e tem compatibilidade com outro equipamento (iPad) fornecido pelo MPF", informou a PGR.

Em nota, a Procuradoria do Rio disse que não comentará "supostas mensagens" enviadas por seus membros em canais internos de comunicação. Já a Procuraria de Piauí afirmou que a fala de Caminha foi retirada de um contexto de ampla discussão sobre a necessidade de troca dos celulares.

O cerne da discussão, segundo a Procuradoria, deu-se da necessidade por celulares com telas maiores e sistema operacional seguro, características que o iPhone SE (2020) não possuiria na visão dos procuradores. Além disso, foi levantada a questão da defasagem em relação às novas tecnologias (5G) e do custo-benefício de um contrato longo, de 30 meses.

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Sobre o iPhone SE

De fato, o iPhone SE (2020) não ganha muitos pontos por tamanho de tela, já que suas 4,7 polegadas são consideradas pequenas para os padrões atuais, mas os outros pontos levantados simplesmente não fazem muito sentido. Os iPhones são muito populares pelo sistema iOS ser um dos mais seguros, sem contar com o maior tempo de atualização em relação ao Android.

Além disso, o iPhone SE do ano passado é equipado com o chip A13 Bionic, o mesmo presente nos modelos do iPhone 11, ou seja, há desempenho de sobra para todas as tarefas atualmente disponíveis nas lojas de aplicativos. Com relação ao 5G, ainda há poucos aparelhos premium à venda no Brasil que suportam a tecnologia, e os poucos que têm custam acima de R$ 5 mil.

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Fonte: Folha