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Por que todo mundo copia a Apple?

Por  • Editado por Léo Müller | 

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Danilo Berti/Canaltech
Danilo Berti/Canaltech
Tudo sobre Apple

A Apple é uma das empresas mais influentes do mercado de tecnologia, e não é difícil perceber sua presença em lançamentos de outras marcas. Desde o design até funcionalidades específicas e estratégias de marketing, diversos fabricantes parecem se inspirar nos produtos da Maçã.

Tendo isso em vista, analisamos os lançamentos recentes que copiaram o iPhone e conversamos com um especialista em ciência política para entender a estratégia.

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De antemão, identificamos que a decisão não é apenas uma questão de falta de criatividade, mas uma estratégia de mercado calculada que busca aproveitar o sucesso de recursos já validados pelo público.

Marcas chinesas lideram movimento de inspiração

Empresas chinesas como Xiaomi, Honor e OnePlus são algumas das que mais apostam em elementos similares aos da Apple.

A mudança de nomenclatura da Xiaomi exemplifica bem essa tendência: a fabricante pulou do número 15 para 17 e adotou o "Pro Max" em sua linha principal, com o objetivo de competir diretamente com o iPhone 17.

Outro caso recente é o Honor 400 Lite, que trouxe um "Botão de Câmera com IA" bastante similar ao Controle da Câmera do iPhone.

O recurso permite abrir a câmera com um toque, controlar o zoom deslizando o dedo e até mesmo acessar o Google Lens, replicando funcionalidades do botão da Apple.

O OnePlus 13T também seguiu a mesma linha ao apresentar um "Botão de Atalho" que remete ao Botão de Ação do iPhone 16, tanto pela funcionalidade quanto pela posição lateral no aparelho.

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Estratégia funciona no maior mercado do mundo

A estratégia de se inspirar na Apple tem apresentado resultados concretos, especialmente na China. De acordo com dados da International Data Corporation (IDC), a Xiaomi assumiu a liderança do mercado chinês no primeiro trimestre de 2025, com aumento de quase 40% nas remessas em comparação ao ano anterior.

A Apple, por outro lado, caiu para o quinto lugar com 13,7% de participação, mesmo com o lançamento do iPhone 16e no período da análise. Já a Huawei ficou em segundo lugar, apenas 0,6% atrás da Xiaomi, seguida por Oppo e Vivo.

Ou seja, os dados mostram que as marcas chinesas conseguiram conquistar o público ao oferecer tecnologias similares às da Apple com preços mais acessíveis.

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Apple criou padrões que o mercado reconhece

Diego Pautasso, Doutor em Ciência Política pela UFRGS e co-criador do perfil @fiosdechina no Instagram, explica que a influência da Apple vai além de simples imitação e está relacionada ao papel da empresa como criadora de tendências no setor de tecnologia:

"A Apple não apenas cria produtos, ela estabelece padrões de design, funcionalidades e até mesmo de nomenclatura que o mercado passa a reconhecer como referência de qualidade. Quando outras marcas adotam elementos similares, elas estão, na verdade, se alinhando a esses padrões já validados pelo consumidor", explica Diego.

Segundo o especialista, essa validação é especialmente importante em mercados emergentes, onde o público busca produtos com características premium, mas nem sempre pode pagar pelos preços da Apple.

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Preço mais baixo atrai consumidores

Um dos principais atrativos das marcas que se inspiram na Apple é o preço mais acessível. O OnePlus 13T, por exemplo, foi lançado na China por ¥ 3.399 (cerca de R$ 2.647, em conversão direta) na versão de 12 GB + 256 GB, valor consideravelmente menor que o iPhone 16.

O Xiaomi 17 Pro Max também mantém preços competitivos a partir de ¥ 5.999 (aproximadamente R$ 4.500) para a versão com 12 GB de RAM e 256 GB de armazenamento.

Mesmo oferecendo especificações avançadas, como o processador Snapdragon 8 Elite Gen 5, os modelos chineses custam bem menos que os equivalentes da Apple.

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Diego aponta que o fator preço é determinante para o sucesso dessa estratégia:

"As marcas chinesas conseguem oferecer tecnologias equivalentes ou até superiores em alguns aspectos, mas com preços que cabem no bolso de uma parcela muito maior da população. Isso não é copiar por copiar, é adaptar o que funciona para um público diferente", ressalta.

Sistema operacional chinês é alternativa ao iOS

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Apesar das semelhanças no design e em funcionalidades específicas, os fabricantes chineses mantêm características próprias que diferenciam seus produtos.

A Xiaomi, por exemplo, investiu no desenvolvimento do HyperOS 3, sistema baseado em Android que oferece personalização profunda, ao contrário do iOS, além do controle nativo de dispositivos com infravermelho.

Ao mesmo tempo, a interface da chinesa tem recursos presentes no iPhone, como Ilha Dinâmica, compartilhamento de arquivos por aproximação e integração com MacBooks.

Diego Pautasso também reforça a importância de manter elementos diferenciados em meio a funções parecidas:

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"É importante perceber que essas empresas não são apenas copiadoras. Elas pegam elementos que funcionam bem e os adaptam para seus ecossistemas, muitas vezes adicionando recursos que a própria Apple não oferece. É uma estratégia de mercado inteligente", finaliza.

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