Por que celular usado ficou tão caro de repente?
Por André Leonardo • Editado por Léo Müller |
Comprar celular usado é uma boa solução para quem quer ter um aparelho top de linha, mas não quer gastar tanto em um aparelho novo. Contudo, nos últimos anos, os celulares de segunda mão tiveram um salto nos preços. Mas por que isso aconteceu?
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Não há um motivo isolado para o aumento, mas a principal razão é o fato de o preço dos celulares novos ter aumentado significativamente. Assim, quando o celular novo é mais caro, quem vende um usado sente que pode pedir mais pelo seu aparelho ao repassar para o próximo dono.
O fato de os celulares hoje em dia estarem recebendo atualizações por muitos anos após o lançamento também ajuda a valorizar os usados. Entenda como essas e outras razões afetam o mercado.
1. A inovação desacelerou
Entre 2010 e 2018, os celulares mudavam rápido: telas maiores, câmeras muito melhores e processadores dobrando de potência quase todo ano. Hoje, as evoluções são mais graduais; um iPhone ou Galaxy recente pouco difere de modelos de dois anos atrás.
Novidades como dobráveis e baterias de silício-carbono existem, mas ainda são caras ou pouco atraentes.
As melhorias se resumem a ganhos sutis em processamento, câmeras e telas, o que prolonga a vida útil dos aparelhos e mantém bom valor de revenda.
2. Os celulares ficaram muito mais resistentes
Celulares que eram feitos de plástico deram lugar a verdadeiros "tanques de guerra". Hoje, são construídos com materiais como alumínio aeroespacial, titânio e vidros super-resistentes, como as tecnologias Gorilla Glass e Ceramic Shield.
A popularização de certificações de resistência à água e poeira (como o IP67 e IP68) também mostra que os celulares estão cada vez mais duráveis.
Como um aparelho resiste mais ao cotidiano com menos danos, ele chega ao mercado de usados em melhores condições, o que naturalmente eleva seu preço.
3. O suporte de software foi estendido
Este é um dos pontos mais importantes que afeta a longevidade e o preço dos celulares. Antes, um Android recebia, com sorte, poucas grandes atualizações de sistema. Hoje, a realidade é diferente.
A Samsung, por exemplo, promete até 7 anos de atualizações para seus modelos mais recentes. A Apple sempre manteve uma política de longo suporte, e não é à toa que o preço de revenda dos iPhones sempre foi maior.
Essa garantia de usabilidade e segurança a longo prazo é um fator de valorização. O Galaxy S23, por exemplo, terá atualizações de segurança até 2028, mantendo-o relevante por muito tempo no mercado de seminovos.
4. Influência da economia global
A pandemia reconfigurou as cadeias de suprimentos. A escassez de chips, que afetou de carros a videogames, também impactou a produção de smartphones novos. Com menos aparelhos no mercado e preços mais altos, a demanda por usados de qualidade disparou.
Além disso, fatores como inflação, desvalorização cambial e "guerras tarifárias" tornam os lançamentos proibitivos para muitos.
Basta lembrar que iPhone 17 Pro Max em seu lançamento custa mais de R$ 18 mil, enquanto o iPhone 17 base atinge quase R$ 8 mil, se tornando o segundo mais caro do mundo.
Quando um celular de ponta custa o equivalente a vários salários mínimos, os modelos de anos anteriores mantêm sua valorização. Mesmo com uma queda de preço pequena, ainda podem ser uma opção muito mais viável para o consumidor.
5. O crescimento do mercado de recondicionados
Grandes empresas e varejistas entraram no jogo com os celulares recondicionados ("refurbished"). São aparelhos que passam por uma revisão técnica completa, têm peças substituídas (como a bateria) e são vendidos com garantia.
A presença dessas empresas cria um novo patamar de preços. Um aparelho com garantia, revisado por técnicos, naturalmente custará mais caro que um negociado em um classificado online, puxando a média do mercado para cima.
A valorização dos celulares usados é boa para quem vende, pois a desvalorização é menor. Contudo, é um desafio para quem procura opções mais em conta.
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