Normas IEC | Qual é a diferença entre IP67 e IP68?
Por Renan da Silva Dores • Editado por Wallace Moté |
Sempre que um novo smartphone é anunciado, é comum que, entre as especificações destacadas, esteja a "proteção contra água e poeira". Para assegurar essa proteção, códigos IP são citados, sendo o IP67 e o IP68 os mais usados pelas fabricantes. Mas o que exatamente são esses códigos? E qual é a diferença entre eles?
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O que são certificações IP?
Antes de entendermos as diferenças entre o IP67 e o IP68, é interessante saber em primeiro lugar o que é a certificação IP. Desenvolvida pela Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC), a certificação de Ingress Protection (IP, ou Proteção de Entrada em tradução livre) foi estabelecida em 1976, recebendo atualizações periódicas desde então.
Como o nome e seu uso comum indicam, a IP é uma certificação pela qual dispositivos eletroeletrônicos são verificados para saber se sua construção resiste a diferentes níveis de detritos (como a poeira) e líquidos (como a água), recebendo então um código baseado nos resultados.
Os códigos em questão são compostos da sigla IP e uma dupla de números, com o primeiro deles representando a proteção contra sólidos, e o segundo simbolizando a resistência a líquidos. Quanto maiores os dígitos, mais protegido é o eletrônico analisado.
Qual a diferença entre IP67 e IP68?
Isso nos traz de volta aos comparativos entre as certificações IP67 e IP68, cujas diferenças nem sempre são claras. Observando a tabela a seguir, que destaca os níveis de proteção, as distinções entre ambas ficam mais claras.
Em termos de resistência a sólidos, IP67 e IP68 conseguem suportar a exposição ao mesmo número de detritos, sendo totalmente selados para impedir a entrada das micropartículas que compõem a poeira.
Certificação IP | 1º dígito — proteção contra sólidos | 2º dígito — proteção contra líquidos |
0: Sem proteção | 0: Sem proteção | |
1: Proteção contra sólidos estranhos de 50 mm ou mais | 1: Protegido contra gotas que caiam na vertical (chuvas de 1 mm por minuto) | |
2: Proteção contra sólidos estranhos de 12,5 mm ou mais | 2: Protegido contra gotas que caiam na vertical com corpo inclinado a até 15° (chuvas de 3 mm por minuto, em ângulo de até 15º) | |
3: Proteção contra sólidos estranhos de 2,5 mm ou mais | 3: Protegido contra borrifos d’água (um spray, por até 5 minutos em modo contínuo ou 10 minutos de forma intercalada) | |
4: Proteção contra sólidos estranhos de 1 mm ou mais | 4: Protegido contra jorro d’água (uma torneira aberta, por até 10 minutos de forma intercalada) | |
5: Protegido contra poeira | 5: Protegido contra jatos d’água (um bocal de 6,3 mm, volume de 75 l/min, por até 15 minutos) | |
6: Selado contra poeira | 6: Protegido contra jatos d'água potentes (um bocal de 12,3 mm, volume de 100 l/min, por até 3 minutos) | |
X: Informações ausentes | 6K: Protegido contra jatos d'água potentes de maior pressão (um bocal de 6,3 mm com pressão de 10 bar, volume de 75 l/min, por até 3 minutos) | |
- | 7: Protegido contra imersão temporária em água de até 1 metro por 30 minutos (água pode entrar, mas não o bastante para danificar o aparelho) | |
- | 8: Protegido contra a imersão contínua em água (a profundidade é definida pelo fabricante, mas o limite em geral é de 3 metros) | |
- | 9: Protegido contra água proveniente de jatos de vapor e alta pressão (jatos de 80º C com pressão de 80 a 100 bar, volume de 14 a 16 l/min, por até 2 minutos) | |
- | X: Informações ausentes |
Já em relação aos líquidos, há uma separação importante de ser observada: o nível 7 assegura resistência a mergulhos de até um metro de profundidade por 30 minutos. É permitido que parte da água usada na avaliação penetre no corpo do aparelho, mas a quantia não pode ser suficiente para causar danos.
Mais rígido, o nível 8 garante resistência à “imersão contínua em água”, com o diferencial da profundidade ser definida pela fabricante do eletrônico, ainda que, em média, as empresas estabeleçam testes com mergulhos de três metros.
Resistente ou à prova d’água?
Um aspecto essencial para ter em mente ao observar as certificações IP é que, apesar de assegurar certa proteção, o sistema não garante que o dispositivo seja à prova d’água — não há eletrônicos que sejam totalmente à prova d’água. Isso significa que determinadas condições e cenários de exposição extrema, incluindo submersão em água salgada como a do mar, podem levá-lo a apresentar danos.
Justamente por isso, nem todas as fabricantes oferecem garantia na ocasião do surgimento de falhas em decorrência da entrada de líquidos, portanto a recomendação é evitar mergulhar seus aparelhos mesmo que haja algum tipo de certificação IP — encare-a como uma proteção adicional, em vez de uma certeza absoluta de que não haverá problemas.
Também é interessante destacar que há certificações mais rigorosas como a ATM, que simula o aumento da pressão atmosférica, e a ISO22810:2010, complementada pela avaliação de temperatura, tempo total de durabilidade e outros testes.
Além disso, certos dispositivos podem apresentar apenas resistência a líquidos na forma de certificações como a IPX8, caso comum em smartphones dobráveis, ou mesmo terem algum grau de durabilidade sem nem mesmo possuírem um código IP. O cenário é resultado da necessidade de se adquirir o certificado, o que impacta no custo do aparelho e leva algumas fabricantes a implementarem medidas de proteção, mas não buscar a IEC para testes.