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BlackBerry não acreditava que iPhone poderia ameaçar seu reinado nos smartphones

Por| 25 de Maio de 2015 às 12h47

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Quando o assunto é celular, uma coisa é certa: todas as empresas estão ameaçadas umas pelas outras. Dizemos isto porque tudo pode mudar de um dia para o outro. Basta olhar exemplos como Nokia e Motorola. A primeira já foi referência no mercado de telefones móveis e acabou sendo comprada pela Microsoft, enquanto a segunda quase viu seu negócio ruir, mas voltou com o lançamento de bons aparelhos, como o Moto G e o Moto X.

A BlackBerry também se encaixa nesse cenário. A companhia, que até alguns anos atrás era líder na indústria de smartphones, hoje amarga vendas bem abaixo do esperado, e rumores apontam para uma possível venda ou falência da entidade no futuro. Parte dessa ruína começou em 2007, quando o primeiro iPhone foi lançado. Só que a empresa canadense duvidava do sucesso do dispositivo da Apple e não esperava que o gadget representaria uma grande ameaça a seu reinado.

Esse é um dos temas do livro Losing the Signal, obra que será lançada nesta terça-feira (26) nos Estados Unidos e que conta a história de ascensão e queda da BlackBerrry. E um dos trechos mais interessantes do livro é justamente o que descreve como a companhia se surpreendeu com a adesão dos usuários ao primeiro modelo de telefone inteligente da Maçã. Até o fundador e vice-chairman, Mike Lazaridis, questionou "como eles fizeram isso?".

Lazaridis se referia ao fato do iPhone ser muito mais que um simples aparelho telefônico que só faz ligações ou envia e recebe mensagens de texto. Antes do lançamento do dispositivo da Apple, a maioria dos celulares tinha funções de internet e vídeo extremamente limitadas, com navegadores cheios de botões confusos e desajeitados. Isso mudou com a chegada do iPhone, que apresentou um browser bem mais amigável e compatível ao ambiente de trabalho graças a sua tela sensível ao toque.

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De acordo com o livro, os executivos da BlackBerry não acreditavam que tais características pudessem atrair os consumidores, uma vez que eles apostavam mais na eficiência e segurança dos telefones do que em recursos conectados, como navegar na web e assistir a vídeos no YouTube. A situação se agravou ainda mais para a canadense após a Apple fechar uma parceria com a operadora americana AT&T, que oferecia dados ilimitados de acesso à web, até então algo inédito para boa parte dos planos de internet móvel daquele ano.

Quando se deu conta do sucesso estrondoso do iPhone, já era tarde demais para a BlackBerry. A empresa chegou a lançar o Storm, um dispositivo com tela touchscreen para competir com o celular da Maçã, mas que foi um fracasso de vendas.

O primeiro iPhone, à esquerda, e um celular da BlackBerry, à direita, em 2007 (Foto: Getty Images)

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Outro ponto comentado no livro é sobre a apresentação do aparelho feita por Steve Jobs. Surpreso com a boa recepção do iPhone, Lazaridis pediu aos executivos da BlackBerry que assistissem ao vídeo de anúncio do smartphone e como isso conquistou o mercado. Para quem não sabe, no keynote em 2007, Jobs precisou seguir uma ordem específica nas ações que tomava no celular para que ele não travasse e pudesse arruinar o lançamento do iPhone.

O protótipo nas mãos de Jobs era capaz, por exemplo, de reproduzir parte de uma música ou de um vídeo sem travar, mas não o conteúdo inteiro. Também era possível mandar um e-mail e usar a internet — mas só nessa ordem, caso contrário, o iPhone também apresentaria problemas. O principal objetivo da Apple era mostrar tudo o que o aparelho seria capaz de fazer.

Obviamente, a BlackBerry não foi a única empresa a se impressionar com as funções e popularidade do iPhone, mas talvez tenha sido a companhia que mais foi afetada com a chegada do dispositivo. Em 2009, a BB detinha 50% de todo o mercado de smartphones; hoje, a entidade corresponde a menos de 1% dessa indústria no mundo, atrás do Windows Phone, da Microsoft, do iOS, da Apple, e do Android, do Google.

Losing the Signal: The Untold Story Behind the Extraordinary Rise and Spectacular Fall of BlackBerry (na tradução livre, "Perdendo o Sinal: a história não contada por trás da extraordinária ascenção e queda espetacular da BlackBerry") já está à venda na Amazon dos EUA por US$ 20,81.

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Fonte: Cult of Mac