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NSA pode espionar você mesmo com o celular desligado

Por| 08 de Junho de 2014 às 19h10

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Em uma entrevista ao jornalista Brian Williams, do NBC Nightly News, Edward Snowden fez mais uma de suas surpreendentes revelações sobre os métodos de segurança da NSA. Quando perguntado se a agência poderia utilizar o iPhone do jornalista para espioná-lo, mesmo estando desligado, o ex-analista afirmou que sim, e que a organização poderia, inclusive, emitir sinais gerando um religamento remoto do aparelho, sem que o usuário perceba que isso está acontecendo.

Snowden não entrou em detalhes sobre o assunto, mas a revelação causou certa comoção na comunidade online desde que foi feita, na noite da última quarta-feira (4). Pensando nisso, a revista americana Wired foi buscar especialistas e hackers para saber se isso era realmente possível e a descoberta foi que, sim, a NSA pode utilizar até mesmo seu celular desligado para te espionar.

Tudo depende da instalação de um bug enquanto o aparelho ainda está funcionando. No caso do iPhone, especificamente, hackers podem utilizar métodos que simulam um desligamento bem-sucedido, mas que na verdade, apenas desativa todas as funções do aparelho. Ele fica, então, em um estado extremo de economia de energia, mas com as comunicações com operadoras e internet sem fio ainda ativas, bem como o GPS e outros sistemas de localização.

A partir daí, afirma a reportagem, é possível que uma agência de espionagem ou um criminoso emita diversos comandos ao dispositivo. Dá para ligar o microfone para ouvir o som ambiente, acessar mensagens de texto e imagens armazenadas e até mesmo conhecer a posição geográfica do usuário. Enquanto isso, a tela do iPhone permanece apagada, como se ele realmente estivesse desligado, e o aparelho não responderia a nenhum pressionamento dos botões físicos. Desligado, para todos os efeitos. Só que não.

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Outro consultor de segurança, Robert David Graham, apesar de inicialmente ter afirmado que tais métodos seriam impossíveis, voltou atrás e considerou a hipótese de uma infecção durante o período de atividade comum do smartphone. E lembrou ainda sobre a possibilidade de interceptações de aparelhos antes mesmo de sua chegada às lojas, um método que todos sabemos ser praticado pela NSA.

Por enquanto, não existem provas de que os aparelhos da Apple passaram por esse tipo de situação. Porém, Snowden já revelou provas fotográficas de que um procedimento desse tipo já foi realizado, pelo menos, em aparelhos da Cisco produzidos nos EUA e exportados para outros países. É um método que permite a alteração física de praticamente todos os aspectos do dispositivo e representa um grave risco para a integridade dos dados e da privacidade dos usuários.

O que fazer contra isso

A revista Wired afirma que existe sim uma maneira de se ver livre desse tipo de espionagem governamental, mesmo que ela envolva a alteração física de componentes do iPhone. E não, ela não envolve destruir o celular ou deixa-lo em casa, mas sim, desligá-lo em um modo chamado de DFU, usado originalmente para garantir que o celular possa ser recuperado mesmo em caso de corrupção de seu sistema operacional.

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No chamado Device Firmware Upgrade Mode, tudo no celular é desligado, com exceção da porta USB, que fica aguardando uma conexão a um computador e o sinal enviado pelo iTunes para reinstalação ou recuperação do sistema operacional. Sendo assim, ele não pode ser ligado pelos botões físicos nem ativado remotamente.

Para religar, claro, não é preciso perder todos os dados nem reinstalar o sistema. Basta conectar o iPhone a uma fonte de alimentação, seja um computador ou a própria tomada, e segurar os botões Home e de bloqueio até que o logo da Maçã apareça na tela. Confira o vídeo acima para um tutorial completo sobre o modo e proteja sua privacidade, se assim julgar necessário.

Mas, mesmo com esse método, a Wired ainda recomenda deixar o telefone em casa no caso de conversas realmente confidenciais. Ou, então, usar o mesmo método exigido por Edward Snowden durante conversas presenciais com jornalistas: colocar o telefone na geladeira, que agiria como uma gaiola isolando qualquer tipo de sinal, bem como a entrada e saída de som.