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Crítica | WandaVision começa estranhamente divertida e empolgante

Por| 15 de Janeiro de 2021 às 08h00

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Depois de muita espera, finalmente temos mais uma atração ligada ao Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês). WandaVision estreou seus dois primeiros episódios exatamente às 5h (horário de Brasília) desta sexta-feira (15) no Disney+. E tudo o que já haviam dito anteriormente se confirmou: a série traz uma realidade que emula os programas cômicos clássicos da TV estadunidense, com algumas pitadas de mistério e um humor que transita do óbvio ao nonsense — o que torna tudo estranhamente divertido.

Atenção: a partir daqui há spoilers que podem estragar surpresas, portanto, siga por sua conta e risco.

O Disney+ só exibiu os dois primeiros episódios, de 30 minutos cada, enquanto os outros sete devem ter duração variada e serão liberados semanalmente na plataforma. Confesso que, ao ver novamente a apresentação da Marvel Studios na abertura já fiquei feliz e aliviado de finalmente poder acompanhar algo novo do MCU.

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Primeiro episódio homenageia Dick Van Dyke

O primeiro episódio faz uma referência aos primeiros programas cômicos da TV estadunidense dos anos 1950/1960, em especial as atrações de Dick Van Dyke e I Love Lucy, com direito a risadinhas ao fundo e aquele humor inocente com gags em cada diálogo. Wanda é uma dona de casa e Visão trabalha em um escritório de processamento de dados, em um clássico estereótipo do subúrbio ianque da época — aliás há até algumas tiradas críticas sobre o período, em especial o papel da mulher apenas nos afazeres domésticos.

A trama é bem simples e aborda uma data especial que o casal não se lembra exatamente do que se trata. Aí entra em cena a vizinha de Wanda, interpretada por Kathryn Hahn, que inicialmente serve com alívio cômico, mas aos poucos vai apresentando um estranho comportamento, ao questionar e direcionar algumas ações. A heroína, que sempre parece um pouco confusa, acredita que tal data seria uma espécie de “noite de núpcias”.

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Já no escritório onde trabalha, Visão, com um aspecto humano, destaca-se por processar dados rapidamente — o que é lógico, já que ele é sintozoide, ou seja, quase um robô. E aí vemos ele descobrir que a “data especial”, na verdade, é um jantar com o chefe e sua esposa. Ao retornar para casa, Wanda e Visão tentam lidar com a confusão, enquanto vemos a Feiticeira Escarlate claramente aprendendo a usar melhor seus poderes de manipulação de realidade.

O episódio conta com alguns momentos estranhos, em que Wanda e Visão não se lembram de seu passado recente ou de eventos que seriam comuns a um casal. E também vemos um único ponto colorido, vermelho, em uma torradeira das Indústrias Stark (acho que já sabem de onde vem, certo?), que indica que algo não está exatamente ajustado nesse cenário. O capítulo termina com uma espécie de central de comando, observando tudo o que acontece, como se estivéssemos mesmo acompanhando um “mini universo paralelo”.

Segundo episódio vai na vibe de Jeannie é um Gênio

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Já o segundo capítulo segue de perto a série Jeannie é um Gênio, que, além de abordar uma feiticeira, tem como contexto ter sido apresentada em um momento de transição dos anos 1960 para os anos 1970. E isso cai como uma luva para o casal, pois estamos falando da Feiticeira Escarlate e, realmente, vemos essa passagem de tempo — vale destacar a abertura, que faz uma homenagem à própria animação da atração original.

Aqui, vemos o casal tentando se misturar com a comunidade em que vive, ao participar de um show de talentos organizado pelas mulheres da vizinhança. Enquanto isso, o Visão se integra ao grupo de monitoramento de segurança, com os homens do bairro. Dá para notar bastante a influência dos quadrinhos, em especial à aclamada minissérie do herói, que também abordava sua tentativa de vida no subúrbio norte-americano.

Outra coisa que chama a atenção são as participações dos coadjuvantes. Enquanto vemos o casal vivendo um cotidiano aparentemente normal, é no comportamento das pessoas ao redor que vemos o estranhamento dessa realidade — além, claro, das alterações causadas pelos poderes de Wanda. No primeiro episódio, isso pode ser visto nas atitudes de Agnes, “a vizinha barulhenta”; na esposa do chefe do Visão (a eterna mãezona dos seriados, Debra Jo Rupp) e no colega de trabalho (Asif Ali).

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Já neste capítulo, Agnes se torna ainda mais misteriosa e vemos a introdução de Teyonah Parris, que parece deslocada e, como sabemos de antemão, ela interpreta Monica Rambeau. Esta personagem também carregou a alcunha de Capitã Marvel nos quadrinhos e estaria infiltrada na “realidade portátil” criada por Wanda, justamente para saber o que está acontecendo.

A história mostra o show de talentos do episódio, em que Wanda tenta esconder os poderes de um Visão bêbado com chiclete (aham, e é divertido isso), e, novamente, temos algumas cenas com coisas na cor vermelha, seja sangue ou um helicóptero de brinquedo. E, no rádio, ouvimos alguém perguntando à Feiticeira Escarlate: “O que está acontecendo?”

Há um momento também que vale destacar: uma publicidade, que mostra um relógio chamado “Strücker”, com a denominação e o símbolo da Hydra. Como muitos devem se lembrar, Wanda e Pietro, aparentemente, tiveram seus poderes desenvolvidos a partir de experiências com a Joia da Mente, a mesma usada pelo Visão. Isso foi visto nas cenas pós-créditos de Capitão América: O Soldado Invernal e depois em Vingadores: A Era de Ultron. Quando isso aconteceu, os irmãos foram chamados de “milagres”, na época em que a Marvel Studios não podia usar o termo “mutante”, pois a Disney ainda não havia adquirido a Fox, com os direitos dos X-Men de volta. E Strücker, claro, refere-se ao Barão Von Strücker, vilão nazista ligado à Hydra que morreu no segundo filme dos Maiores Heróis da Terra.

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Ao final do episódio, Wanda está grávida e vemos uma estranha cena de alguém parecido com um apicultor saindo do chão — o uniforme lembra o dos agentes da Advanced Idea Mechanics (AIM), cotados para serem vilões na Fase 4 do MCU. Neste momento, dá para notar que ela já tem mais controle sobre seus poderes de manipulação de realidade. A heroína muda o tempo e o espaço e as cores entram em cena, assim como o momento da revelação de sua gravidez volta a ser exibido. E, aqui, vemos também referências aos quadrinhos, mais precisamente do período em que Wanda enlouquece ao se negar a acreditar que seus filhos resultaram de seus próprios poderes.

Vale a pena?

A escolha de séries clássicas para representar a manipulação de realidade é mais um grande acerto da Marvel Studios. Além de reverenciar os programas de TV e homenagear arcos consagrados dos quadrinhos, há um grande trabalho de produção na montagem dos cenários e figurinos. Tudo foi pensado para fazer parte de um quebra-cabeça que é tão intrigante e divertido para os fãs de longa data quanto para novos espectadores.

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Elizabeth Olsen está incrível, alterando sua atuação de acordo com a época, mesclando expressões inocentes e caricatas com sua interpretação habitual da personagem. Essas mudanças bruscas de camadas mostram como ela tem muito mais a oferecer. O mesmo pode se dizer de Paul Bettany, que finalmente pôde explorar melhor suas habilidades, já que não precisa ficar preso ao modelo robótico do Visão o tempo todo.

WandaVision é divertida, esquisita e misteriosa, com um ar de nostalgia, mas com o frescor que a Marvel consegue aplicar ao misturar vários subgêneros para criar o seu próprio, em um mundo de heróis e vilões. Não vejo a hora de ver os próximos episódios.