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Crítica Monarch | Uma frustrante história sobre monstros e homens

Por| Editado por Durval Ramos | 12 de Janeiro de 2024 às 20h00

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Quando Monarch: Legado de Monstros foi anunciada, a série spin-off de Godzilla parecia uma ótima ideia. Explorar a história do órgão internacional que sempre aparece nos filmes pesquisando os titãs poderia dar mais peso aos personagens humanos dos longas — além de ser uma ótima oportunidade de mostrar monstros gigantes na tela.

A maior reclamação de todos os filmes do Monsterverse, nome dado à franquia de Godzilla e Kong, é que, em vez de mostrar os bichos caindo na porrada, focam demais em personagens sem graça. De todas as produções, Kong: A Ilha da Caveira possivelmente é o único que consegue se destacar por ter um bom elenco e uma história que funciona com eles.

Monarch poderia resolver isso e transformar todos os momentos em que o Godzilla não está estancando alguém na porrada mais legais. Infelizmente, apesar de um bom começo, a série deixa até o interesse no órgão de pesquisa lá no chão.

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Um vai e vem de timelines

Monarch: Legado de Monstros tem uma história que se passa em duas épocas diferentes. Logo no começo, vemos Cate, interpretada por Anna Sawai (Shogun), uma jovem sobrevivente ao ataque de Godzilla em San Francisco, algo que é mostrado no filme de 2014. 

Alguns anos depois, Cate recebe a notícia da morte de seu pai e viaja até o Japão para resolver pendências do homem. Em paralelo a isso, vemos três personagens na década de 50, Lee, Keiko e Billy. Enquanto Lee é um agente do exército que foi escalado para proteger a dupla, que são cientistas que estudam os monstros e estavam no começo das atividades da Monarch.

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Apesar de as duas épocas terem ligação uma com a outra, boa parte das cenas que se passam nos tempos atuais são chatas e ficam tentando responder perguntas que ninguém fez. Enquanto a trama do passado é muito mais interessante e traz elementos que tornam a narrativa envolvente, os episódios ficam jogando o espectador de um lado para o outro para tentar acomodar os dois lados e acaba tirando a força de várias cenas por conta disso.

Em episódios focados nos tempos atuais, a série se arrasta, inventando mistérios e complicando elementos na esperança de parecer mais interessante do que realmente é. Talvez esse seja o maior problema de Monarch: querer ser muito mais do que é.

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Enquanto existe um senso de aventura e descoberta na timeline antiga, ela se perde completamente com os personagens no presente. Entre eles, quem se salva é Kurt Russell (À Prova de Morte), que interpreta a versão mais velhas de Lee Shaw. No passado, ele é interpretado por Wyatt Russell (Falcão e o Soldado Invernal), filho do ator, que também faz um bom trabalho por aqui.

Uma série perdida no tempo

Todos os mistérios que Monarch: Legado de Monstros tenta criar em torno das pesquisas e dos próprios titãs seriam muito válidos se a série tivesse sido lançada um pouco antes ou logo depois de Godzilla: Rei dos Monstros, de 2019.

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A trama da série se passa antes desse filme, então tudo o que é mostrado nele acaba não refletindo de maneira efetiva para quem já assistiu ao longa ou sua sequência, Godzilla vs Kong. Em vários momentos, fica uma impressão de "por que isso tá sendo mostrado?", já que não parece ser algo feito para funcionar dentro da série.

Tudo ali parece tentar explicar coisas dos filmes que ninguém parece se importar em saber. Por contar algo entre produções que já não são tão recentes, a série acaba pecando por não explicar realmente nada de novo sobre elas ou sequer sobre os futuros filmes. Ela até tenta fazer uma conexão com Godzilla e Kong, mas acaba parecendo forçado e sem direção.

Os monstros novamente são coadjuvantes

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Apesar de a versão original de Godzilla ser uma alegoria à guerra e aos perigos da corrida armamentista, com os efeitos da bomba nuclear, os filmes americanos sempre quiseram levar tudo para o lado de "monstro saindo na porrada".

Monarch continua com esse tom, mas por se tratar de uma produção para streaming e não um blockbuster, a presença dos monstros e do próprio Godzilla, é bem reduzida. Por causa disso, a série precisa se manter de pé com os personagens humanos e seus dilemas, algo que funciona apenas pela metade.

Se os personagens de tempos atuais veem os monstros como ameaças e algo que pode tirar suas vidas a qualquer momento, as cenas do passado têm um tom de aventura e perigo que funciona muito melhor.

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Uma oportunidade desperdiçada

Monarch: Legado de Monstros não é uma série mal feita, pelo contrário. Sua fotografia impressiona em vários episódios, passando uma sensação de uma grande produção, como deveria ser.

Seu elenco traz alguns destaques, como os Russell e Mary Yamamoto (Pachinko), mas peca ao não saber exatamente para que serve. Se por um lado, seria uma boa oportunidade de explorar a criação da Monarch e seu relacionamento com os titãs, por outro, ela fica tentando preencher um espaço para preparar o público para algo que ele já viu.

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Fica uma impressão de que os responsáveis pela série receberam uma tarefa de criar um spin-off do Monsterverse, mas receberam diretrizes que não permitiam que eles mexessem demais na história. Ao mesmo tempo, eles ainda teriam que fazer tudo parecer conectado aos longas, nem que para isso, precisassem ficar em um período que não trouxesse nenhuma consequência para a franquia.

Ainda não se sabe se Monarch: Legado de Monstros terá uma segunda temporada. Considerando a estreia nos cinemas de Godzilla e Kong: O Novo Império em 2024, é possível esperar algum tipo de ligação com personagens aparecendo no filme e podendo continuar a história em uma nova temporada.

Por enquanto, fica só a sensação de uma boa ideia desperdiçada. A primeira temporada de Monarch: Legado de Monstros está disponível na Apple TV+.