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Crítica | Falcão e o Soldado Invernal empolga no início com ares de blockbusters

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

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Há alguns meses, perguntado sobre como vinha sendo a gravação de Falcão e o Soldado Invernal, o ator que vive Sam Wilson, Anthony Mackie, disse que “era como estar em um filme de seis horas”. Isso porque a trama, o desenvolvimento e os efeitos especiais utilizados para as cenas de ação, segundo Mackie, tiveram o mesmo tratamento de produções da escala de blockbusters. E, após o primeiro episódio do título, que estreou nesta sexta-feira (19) no Disney+, dá para entender melhor o que ele estava falando.

Atenção: o texto apresenta spoilers que podem estragar surpresas para quem ainda não assistiu a Falcão e o Soldado Invernal.

Assim como WandaVision, Falcão e o Soldado Invernal começa algum tempo após os eventos de Vingadores: Ultimato. Sam Wilson, escolhido pelo próprio Steve Rogers para ser seu sucessor como Capitão América, atualmente trabalha em conjunto com a Força Aérea dos Estados Unidos em algumas missões espaciais.

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Já Bucky Barnes (Sebastian Stan), também conhecido como Soldado Invernal, tenta tocar a vida, ainda sem muitas motivações, enquanto lida com o retorno do exílio em Wakanda. Assim como Wilson, Barnes teve cinco anos de sua vida afetada pelo “Blip”, o “estalar de dedos” de Thanos, e se vê deslocado, em um cotidiano mais simples em Nova York.

Ação em grande escala

Uma das coisas que mais chama a atenção no primeiro episódio é o cuidado da equipe de produção com as cenas de ação. Logo no início vemos Wilson sendo usado em uma missão ao lado do exército estadunidense. Vale destacar que neste momento somos introduzidos a Joaquín Torres (Danny Ramirez, um soldado que está dando apoio no solo e que, nos quadrinhos, torna-se um parceiro e até mesmo substitui o Falcão, quando Wilson se torna o Capitão América.

Vemos um grupo chamado de LAF, liderado por Batroc (Georges St. Pierre). Aqui já vemos qual é a referência da série para as sequências de ação. Batroc, um vilão de segunda das HQs, ganhou uma versão interessante, até mesmo subutilizada, em Capitão América: O Soldado Invernal. Aqui, o vilão ganha uma nova chance, na mesma pegada das ótimas cenas de luta e perseguição vistos no longa dos irmãos Russo.

Assim como no segundo filme do Capitão América, vemos um ritmo frenético de tomadas de impacto, com o Falcão utilizando sua versão hi-tech de Asa Vermelha (nos quadrinhos é um falcão de verdade) enquanto exibe manobras evasivas e de ataque no ar. Quando invade um caça e entra em choque com Batroc, também vemos todo o cuidado da equipe nas cenas coreografadas — inclusive com o herói utilizando suas asas mecânicas de maneira muito interessante.

Em seguida, vemos o Falcão em uma luta aérea com cinco inimigos planando em baixa altitude, em um vale estreito e perigoso, em meio a tiroteios com helicópteros. A velocidade, a edição de som e imagem, e os detalhes bem acabados dos efeitos especiais nos faz lembrar de filmes como Top Gun — Ases Indomáveis, Missão Impossível, James Bond, A Identidade Bourne e outras referências do gênero.

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Vale destacar que a atmosfera de Falcão e o Soldado Invernal, assim como Capitão América: O Soldado Invernal, apresenta um lado do MCU muito mais “cru” e realista. Aqui, a morte parece estar sempre mais iminente e é até um pouco surpreendente que a Disney tenha deixado a série passar em seu filtro familiar, já que, apenas nesta sequência inicial, vemos muita gente morrendo alvejada por tiros e explosões.

Profundidade nas vidas pessoais

Wilson tem certo nível de amizade com Torres, o que faz sentido, já que ele é seu “sidekick” nos quadrinhos. Mas ele se sente um pouco só sem Steve Rogers e, mesmo sendo escolhido para ser o Capitão América, decide não assumir esse manto e cede o escudo de Vibranium para o governo dos Estados Unidos. Questionado por James Rhodes (Don Cheadle), o Máquina de Combate, Wison não se mostra preparado para ser o Sentinela da Liberdade.

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Sem seguir os passos de Steve, Wilson tenta se dedicar à família, que sentiu sua ausência por cinco anos durante o “Blip”. Seus sobrinhos agora estão crescidos e sua irmã precisa de ajuda financeira na Louisiana. Ele tem que lidar com os sentimentos que esse período causaram e o fato de que, no final das contas, nem os Vingadores ou o governo dão dinheiro para os heróis que salvaram o universo.

Em paralelo a isso, vemos outra sequência com muitas mortes, desta vez envolvendo o Soldado Invernal. Bucky tem um pesadelo de seu tempo como assassino profissional e acorda em um pequeno apartamento no Brooklyn, em Nova York. Ainda um pouco confuso por ser tão “velho” quanto Steve Rogers, mas ainda ser jovem por conta do programa que o tornou o Soldado Supersoldado. E suas memórias o assombram.

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Ele faz sessão de terapia e tenta “consertar” ações do passado, enquanto faz amizade com uma garota e um senhor oriental. Aos poucos vemos que ele precisa de uma família e de mais amigos, algo que Rogers representava para Bucky. E, no final deste capítulo, entendemos melhor que culpa é o algo que o consome bastante — e a parceria com Wilson pode dar um novo fôlego para sua solidão e inferno pessoal.

Novas ameaças no MCU e conexão com outros filmes

Embora a primeira ameaça citada pela série seja o grupo LAF, comandado por Batroc, há algo maior acontecendo em segundo plano. Ainda não revelados para o mundo neste episódio, o grupo inspirado no personagem Flag-Smasher tem um sentimento antinacionalista que foi exarcebado durante o Blip: segundo Torres, é uma comunidade de pessoas que, inicialmente, queriam a união das pessoas remanescentes no mundo durante os cinco anos em que a Terra ficou com metade de população atual.

A premissa até soa ser interessante, na verdade, mas, acontece que esse grupo age como células ativadas remotamente em locais estratégicos, em reuniões que acabam em ações terroristas e que acabam resultando em morte e violência. É um antagonismo interessante, que vai de encontro com a ambientação de espionagem e conflito político que costuma estar entre os temas mais explorados pelas histórias do Capitão América nos últimos anos. Por enquanto não há sinal do Barão Zemo, mas espera-se que ele também apareça, desta vez mais cruel. São duas boas novas ameaças ao MCU.

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É interessante notar como a Marvel Studios tem feito questão de realmente nos dar uma interação direta com as outras fases do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês) em suas atrações do Disney+. Além das consequências do Blip e das pessoas reconhecendo o Falcão como um Vingador em várias partes do mundo, temos muitas referências às histórias contadas nos filmes do Capitão América e dos Vingadores — portanto, se você não assistiu aos outros longas, seria legal que visse pelo menos essas franquias.

Vale a pena?

Bem, não dá para dizer ainda que Falcão e o Soldado Invernal será um sucesso estrondoso, mas tudo o que esperávamos para um primeiro capítulo da série está ali: ação em grande escala, mais profundidade e narrativa direcionada pela vida dos protagonistas e novas ameaças interessantes para o MCU. Para completar, essa primeira parte termina com um ótimo gancho, que é a apresentação do novo Capitão América, John Walker — interpretado por Wyatt Russell, que é filho de Kurt Russell, outro ator que já apareceu na Marvel Studios, no papel de pai de Peter Quill em Guardiões da Galáxia Vol. 2.

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É claro que o que mais todos queremos ver é a divertida dinâmica entre Falcão e o Soldado Invernal, da mesma forma que vimos Wilson e Bucky agir em Capitão América: Guerra Civil. E também aguardamos pela estreia de Sharon Carter (Emily VanCamp), que deve ter bastante importância na trama geral. Como a atração tem apenas seis episódios de cerca de 43 minutos cada, não deve demorar para que tenhamos isso. Ou seja, vale bastante a pena ver a série, ainda mais para os fãs marvetes — e, por outro lado, pode afastar quem não está muito ambientado no MCU.

Falcão e o Soldado Invernal foi lançado no último dia 19 e tem mais cinco capítulos pela frente, com estreias sempre a partir das 5h das próximas sextas-feiras, para assinantes do Disney+.