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Crítica | Dash & Lily: leve como o Natal deve ser

Por| 13 de Novembro de 2020 às 21h00

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Divulgação / Netflix
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As pessoas possuem diferentes tipos de fuga da realidade quando se trata de produções da cultura pop. Enquanto uns preferem filmes de super-heróis, outros optam por séries médicas ou até histórias de terror. Mas é válido dizer que as famosas comédias românticas são escolhas unânimes e eficazes quando o espectador precisa descansar o cérebro e se desligar do resto do mundo por cerca de 90 minutos. Em uma época que as produções de Natal estão em alta, a Netflix resolveu antecipar o clima festivo com um romance leve e gostoso de se acompanhar, com a trama dividida em curtos episódios, que, se somados, equivalem a um longo filme de duas horas e meia.

Embora a plataforma não tivesse conseguido acertar o tom com os primeiros lançamentos de Natal, como Amor com Data Marcada ou Missão Presente de Natal, pode-se afirmar que Dash & Lily foi uma agradável surpresa. Embora a premissa não seja diferente do que todo fã do gênero já conhece (e espera), a série baseada no romance homônimo escrito por David Levithan e Rachael Cohn ganha por pequenos diferenciais no roteiro e carisma do elenco; além de misturar dois fatores amados por quem gosta de uma boa comédia romântica: a inocência do amor adolescente e a magia que só essa época do ano pode oferecer.

A partir daqui, a matéria contém spoilers sobre a série Dash & Lily, da Netflix. Leia por sua conta e risco.

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Dash é interpretado pelo ator Austin Abrams, que tem consolidado cada vez mais seu nome entre as produções destinadas a adolescentes, como Cidades de Papel, a série Euphoria e o recente lançamento do Amazon Prime Video com Lili Reinhart, Chemical Hearts. Pode-se afirmar que ele é o Grinch da história. Totalmente introvertido e com um "quê" rabugento, o personagem detesta tudo o que é relacionado ao Natal. Embora esse comportamento seja frequente de se enxergar em protagonistas de filmes sobre o Dia dos Namorados, Dash guarda por baixo de toda a sua amargura algumas feridas abertas por uma ex-namorada e a má relação com a família.

Do outro lado temos Lily, interpretada pela atriz revelação Midori Francis, que além de apresentar um novo rosto ao gênero, ainda traz representatividade asiática ao papel protagonista. Ela por sua vez é a maior fã do Natal e carrega toda a inocência da história de forma extrovertida, alegre e com um entusiasmo que, se caísse em mãos erradas, poderia se tornar irritante, mas acaba sendo muito bem trabalhado. Assim como Dash, Lily também tem problemas a serem superados: por mais que ela pareça ser uma pessoa totalmente positiva para quem vê de fora, por dentro acaba guardando todas as inseguranças de jovens de sua idade, principalmente no que atinge a autoestima.

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Os dois são completamente diferentes um do outro. Embora isso possa soar um pouco clichê, seguindo a receita básica das comédias românticas, acaba funcionando pelo ótimo trabalho de ambos atores; e pela exploração de cada um de seus arcos, que não são cavados tão a fundo, mas o suficiente para ganhar a empatia dos espectadores e criar a tradicional torcida que os dois fiquem juntos no final.

Além disso, o roteiro trabalha direitinho com o enredo básico do Renascimento, como estudado pelo jornalista e escritor Christopher Booker em 2004 na sua pesquisa sobre os sete diferentes tipos de enredo uma narrativa. No Renascimento, uma pessoa relevante na trama faz o personagem principal mudar de atitude, tornando-se uma pessoa melhor. Construir a história a partir dessa premissa pode desencadear uma série de eventos repetitivos e colocar o título na prateleira de romances clichês da Netflix. Entretanto, Dash & Lily se destaca justamente por apresentar dois protagonistas que estão muito bem acomodados em suas determinadas zonas de conforto — e é por causa da presença do outro personagem que ocorre essa evolução.

No primeiro episódio, Dash (Abrams) encontra um caderno entre vários livros numa das prateleiras de uma livraria em Nova York. Ao ler, descobre que o mesmo foi colocado lá propositalmente para alguém curioso o suficiente abrir e completar as pistas e as brincadeiras escritas nele. Não há remetente na mensagem, o que para Dash torna brincadeira muito mais interessante, praticamente uma missão a ser completada em que no final ele descobre quem é a misteriosa garota — embora desde o início todo mundo saiba que a cabeça criativa por trás das pistas é ninguém menos que Lily.

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Em um ano como 2020, em que aplicativos de mensagens instantâneas estão em alta e aplicativos dos mais diversos tipos tornem as coisas infinitamente mais fáceis, a série acaba ganhando o espectador justamente pelos dois protagonistas optarem pela tradicional, intimista e não tão fácil troca de recados por meio do caderno. Eles não fazem a menor ideia de qual é a identidade da pessoa que estão trocando mensagens e dividindo os mais particulares detalhes de suas vidas, trama que lembra muito o clássico Mensagem para Você (1998), com Tom Hanks e Meg Ryan.

Conforme vão conversando, Dash e Lily acabam propondo diversas tarefas para o outro cumprir, tanto para sair da zona de conforto e enfrentar medos sociais e emocionais, quanto para se conhecerem melhor. Como nem tudo são flores, é claro que uma série de imprevistos entrarão no caminho para atrapalhar essa faísca de romance adolescente — desde contratempos envolvendo o próprio caderno quanto a repentina aparição de uma ex-namorada.

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A série também aposta na representatividade em seus personagens coadjuvantes, tanto no melhor amigo de Dash, Boomer (Dante Brown) quanto no irmão e melhor amiga de Lily, Langston (Troy Iwata) e Aryn (Leah Kreitz), que embora não tenham suas histórias totalmente exploradas, acabam contribuindo para o desfecho do casal principal sem ficarem totalmente indiferentes na trama, mas tendo algumas cenas de destaque. Há também uma surpresa para os fãs dos Jonas Brothers logo nos momentos finais, afinal, vale lembrar que Nick Jonas entrou como produtor dos oito episódios.

Leve, fofo e romântico, Dash & Lily é uma ótima pedida para quem deseja acompanhar uma história de amor inocente na Nova Iorque natalina. Além do carisma e total entrega de ambos protagonistas, a série ainda faz boas referências de clássicos da comédia romântica, como Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) e Say Anything... (1989), servindo como um excelente escapismo com mais de duas horas de duração ao todo — mas que fazem valer a maratona.

Dash & Lily possui oito episódios em sua primeira temporada e já está disponível na Netflix.

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*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Canaltech.