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Crítica | Amor com Data Marcada limita-se a agradar os fãs de comédia romântica

Por| 05 de Novembro de 2020 às 11h49

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Divulgação / Netflix
Divulgação / Netflix
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É novembro, mas os serviços de streaming já começaram a apostar no catálogo recheado de filmes natalinos para entreter e ambientar o público para as festas de fim de ano. Com a Netflix não é diferente, pode-se até afirmar que a empresa se preparou bem para a época, visto que pelo menos 10 dos lançamentos deste mês são histórias de Natal. E para cativar os assinantes da plataforma, o primeiro lançamento foi justamente uma comédia romântica com Emma Roberts, estrela de American Horror Story e sobrinha de Julia Roberts, nome fortíssimo do gênero.

Amor com Data Marcada apresenta Sloane (Emma Roberts) e Jackson (Luke Bracey), duas pessoas totalmente diferentes, mas que todo mundo sabe que ficarão juntas noventa minutos depois. Afinal, você não estaria dando play numa comédia romântica se não conhecesse o mínimo da fórmula utilizada para esse filme, certo? Visto dessa maneira, o longa cumpre perfeitamente o papel que é esperado, embora tenha inovado em alguns pontos e deixado a desejar em outros.

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Atenção! A partir daqui o texto contém spoilers da minissérie O Gambito da Rainha, leia por sua conta e risco.

É natal e Sloane não é a maior fã do feriado, como ela já deixa bem claro nos minutos iniciais do filme. O problema em si não é a data, mas sim sua família, que em todos os feriados do ano enchem a protagonista de questionamentos sobre ela ter comparecido ao jantar desacompanhada, afinal ela tem quase trinta anos de idade e ainda está solteira. Frustrada, a jovem vai a uma loja de departamento trocar seu presente e acaba esbarrando com Jackson, que também está lá pelo mesmo motivo.

Não demora para que os dois comecem a conversar e despejar suas frustrações pessoais um no outro, até que surge a ideia de ambos se tornarem Holidates (que em português foi traduzido para "ferigato", além de dar o nome oficial ao filme), uma espécie de companhia apenas para as festas de feriado do ano. É a partir desse momento que a história começa, lembrando bem filmes como Sexo Sem Compromisso e Amizade Colorida, que os protagonistas resolveram misturar sexo com amizade e garantiram que não fosse dar em nada, mas como se trata de uma comédia romântica, é claro que as coisas não acabaram assim.

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A regra do Holidate, de acordo com Sloane e Jackson é apenas fazer companhia um ao outro sem nada que ultrapasse a amizade, como beijos ou sexo. Pelo menos é o que eles acham e o que todo mundo que já assistiu a uma comédia romântica sabe como isso vai acabar. O grande diferencial do filme para os demais do gênero é justamente como esse acordo se desenrola e passa por todos os estágios de um romance, tanto é que por muito tempo (e muitos feriados), Jackson e Sloane são apenas dois grandes amigos atendendo a todas as festas de datas comemorativas do ano, como Dia de São Patrício, Páscoa, Cinco de Mayo e todos os subsequentes.

E são nesses cenários que Jackson e Sloane encontram a leveza que a companhia um do outro traz para o clichê das comédias românticas: os parentes caretas, o ex-namorado que ainda não foi superado e as reuniões familiares que tinham tudo para ser pura chatice. E conforme a história anda, o espectador acompanha junto com o casal aquele amor deixando de ser platônico para se tornar, de fato, algo mais.

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Além disso, Amor com Data Marcada acaba inovando em outros fatores que, embora passem despercebidos, trazem grande diferença ao final, não só elevando a classificação indicativa. A mãe de Sloane por exemplo, é a própria personificação de algo "ultrapassado", discursando sobre a filha precisar encontrar alguém para se casar ou até verbalizar que home-office não é, de fato, um trabalho. Frances Fisher engloba todos as ideias retrógradas em uma só personagem de uma forma quase caricata. Não só isso, filme ainda traz as mulheres da trama quebrando o tabu sobre prazer feminino e sexo sem a menor hesitação na frente das câmeras, além de abrir espaço para o consumo de maconha entre alguns personagens.

Infelizmente, o filme acaba perdendo um pouco o ritmo conforme a história se desenvolve, dando a impressão que o humor engraçadinho vivido pelo casal principal acaba esgotando, fazendo o roteiro recorrer para piadas escatológicas e tiradas sem sentido, esfriando a expectativa de quem assiste e podendo facilmente ter quinze ou vinte minutos a menos de duração. Mesmo assim, Amor com Data Marcada não é totalmente dispensável, mas acaba limitando-se demais a agradar os fãs do gênero, mesmo que exista uma tentativa de sair da zona de conforto. A atuação do casal principal cativa, mas às vezes acaba carregando todo o restante da cena nas costas.

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Além disso, pela sacada criativa de abordar todos os feriados do ano (até os não-celebrados no Brasil), acaba tornando-se um filme para assistir em qualquer mês, não somente no Natal. E é claro, assim como toda comédia romântica, Amor com Data Marcada traz a tão esperada cena clichê no final do filme em que uma parte do casal se declara para o outro em público após passar dos limites em uma discussão precedente. Afinal, em todo roteiro do gênero existe o ponto de virada em que os dois protagonistas param de se falar após uma briga, certo?

Amor com Data Marcada é o tipo de filme confortante e "inofensivo" (embora não seja recomendado assistir com crianças na sala), permitindo o espectador descansar (ou tentar) a mente por aproximadamente uma hora e meia. Além de Emma Roberts e Luke Bracey, Jessica Capshaw (Grey's Anatomy), Manish Dayal (The Resident) e Kristin Chenoweth (Glee, Pushing Daisies) estrelam o elenco. O filme já está disponível no catálogo da Netflix.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Canaltech.