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Crítica As Five | Segunda temporada erra em não aprofundar os personagens

Por| Editado por Jones Oliveira | 02 de Março de 2023 às 21h15

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Reprodução/Globoplay
Reprodução/Globoplay

Depois de oito episódios, a segunda temporada de As Five chegou ao fim na quarta-feira (1), deixando no público um gosto de quero mais e a sensação que a trama foi desenvolvida de maneira rápida e apressada, não dando espaço para que as protagonistas crescerem.

Com menos tempo do que merecia, a segunda parte da série criada por Cao Hamburguer peca por não dar espaço suficiente para explorar melhor cada uma das meninas.

Lica, por exemplo, continua mimada, voluntariosa e fazendo só o que quer. Embora a produção tente lhe dar um título de jornalista sem diploma, que vai atrás das reportagens mais incríveis, tudo isso soa falso e vemos que a jovem paulistana continua fazendo o que lhe convém e colocando suas vontades à frente dos sentimentos dos outros.

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Após terminar seu turbulento namoro com Samantha (Giovanna Grigio), ela parte para outro romance, desta vez com Maura (Tamirys Ohanna), colega de trabalho de Ellen (Heslaine Vieira). Aqui cabe falar que a personagem não teve uma evolução emocional e simplesmente passou de um namoro para outro de forma impulsiva.

Até esse ponto, os problemas incomodam, mas não chegam a estragar a série, uma vez que a personagem de Lica é famosa por ser impulsiva mesmo. O que mais desagrada, no entanto, é que parece que houve uma certa má vontade em desenvolvê-la um pouco que fosse.

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A situação fica ainda pior quando analisamos Ellen, a mais responsável do grupo. Trabalhando em uma empresa de tecnologia, ela bate de frente com seu chefe, que quer lançar um software racista que não reconhece o rosto de pessoas negras e/ou latinas.

Aqui, o argumento é bom e o assunto levantado é de extrema importância, mas fica mal explorado e um tanto quanto solto no meio da trama. Quando Ellen se aproxima amorosamente de Maura, também há a sensação de que a (re)descoberta da sua orientação sexual será melhor aproveitada, mas é outro ponto que deixa a desejar.

Keyla (Gabriela Medvedovski), por sua vez, ganha mais protagonismo e é a principal responsável por unir o grupo. É ela quem acalma Benê durante uma crise de ansiedade e que tem as palavras mais gentis para as amigas. Mas sua própria vida fica em segundo plano quando ela tenta com afinco fazer sua carreira de cantora decolar, mas é sabotada por Tina (Ana Hikari).

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Benê é uma grata surpresa

Por falar em Benê, a pianista é uma grata surpresa na série, e é a “five” que é melhor desenvolvida na temporada 2 de As Five.

Pouco a pouco ela aprende a se relacionar com Nem (Thalles Cabral), entende seus sentimentos e se liberta. O grande destaque fica para as cenas finais, quando ela tem que lidar com o fato do seu piano ter sido infestado por cupins.

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Em uma belíssima atuação, Daphne Bozaski consegue transparecer toda a dor da personagem em perder o instrumento musical que era tão importante para ela, como um membro da família. Além disso, a atriz não erra a mão na hora de interpretar os trejeitos de uma pessoa que está dentro do espectro autista.

E já que falamos em atuação, vale ressaltar que as cinco protagonistas e os coadjuvantes não decepcionam frente à tela. O destaque, no entanto, fica realmente para Daphne e Thalles Cabral.

As Five: amigas de verdade?

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Outro ponto que precisa ser questionado é se as meninas ainda são amigas de verdade. Apesar de serem apresentadas como um grupo unido, nos novos capítulos de As Five elas aparecem mais focadas em seus problemas individuais, deixando a amizade bastante de lado.

Tina, por exemplo, após ter feito um detox de redes sociais e bebidas, volta a embriagar-se compulsivamente, usando também drogas como cocaína. E embora todas as outras garotas a vejam perdendo a mão no álcool, elas parecem não se importar com isso.

Lica também está tão focada em conquistar Maura que ignora os problemas profissionais que Ellen está passando, e Tina prefere alimentar seu ego do que ajudar Keyla no seu primeiro show.

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A cena final com as cinco juntas ajudando Bene a incendiar o piano é realmente emocionante e resgata o espírito de companheirismo tão presente em As Five, mas todo o restante deixa no público a dúvida se na próxima temporada elas seguirão juntas ou se cada uma escolherá caminhos diferentes.

Vale a pena assistir à temporada 2 de As Five?

Leve e divertida, As Five se firmou como um ótimo spin off brasileiro — a série deriva de Malhação: Viva a Diferença — e é uma boa aposta do Globoplay. Apesar da segunda temporada ter um enredo apressado e deixar muitos pontos em aberto, é agradável ver as cinco amigas novamente, e portanto, os episódios valem o play.

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Em uma futura temporada, espera-se que a trama de cada menina e do grupo, no geral, seja mais bem trabalhada e que elas tenham o desfecho que merecem, ainda que para isso sejam necessários mais capítulos.

Se você quiser dar uma chance à produção, já pode maratonar As Five no Globoplay.