TSMC diz que conflito por Taiwan pode afetar o fornecimento global de chips
Por Munique Shih • Editado por Claudio Yuge |
O presidente da fábrica de semicondutores Taiwan Semiconductor Manufacturing (Taiwan Semiconductor ), Mark Liu, informou recentemente em uma entrevista à CNN que uma invasão chinesa de Taiwan tornaria as fábricas da TSMC "inoperantes" e criaria "grande turbulência econômica" em ambos os lados do Estreito de Taiwan — o que afetaria o fornecimento global de semicondutores.
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A TSMC é um dos principais fornecedores dos microchips mais avançados do mundo — usados em tudo, desde smartphones e carros até mísseis — e suas fábricas tem cumprido um papel importante para aliviar uma escassez global. A big tech taiwanesa domina mais da metade do mercado global de semicondutores, com clientes incluindo Apple e Sony.
Porém, segundo Liu, caso uma guerra ocorresse, o impacto de tal conflito afetaria âmbitos muito além dos semicondutores, e provocaria a "destruição da ordem mundial baseada em regras" e "mudaria totalmente" o cenário geopolítico.
Liu também enfatizou que "ninguém pode controlar o TSMC a força" devido à extrema sofisticação das suas fábricas, que exigem uma conexão em tempo real com parceiros em todo o mundo — incluindo os EUA, a Europa e o Japão — para tratar de assuntos que vão desde matérias-primas e produtos químicos até peças de reposição e software.
O presidente da TSMC também disse que uma interrupção nas operações da empresa criaria uma grande turbulência econômica na China — que representa 10% do mercado da big tech —, onde "seus componentes mais avançados" desapareceriam de forma repentina.
Tensões entre EUA e China
A declaração de Liu ocorre em meio a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, pela Ásia. O movimento tem trazido uma tensão entre os EUA e a China em relação à independência de Taiwan com Pequim prometendo tomar “medidas resolutas e enérgicas” caso Pelosi visite a ilha.
Segundo o ministério chinês das Relações Exteriores nesta segunda-feira (01), a visita de Pelosi a Taiwan "ameaçaria seriamente a paz e a estabilidade" do estreito de Taiwan. Os canais de televisão CNN (Estados Unidos) e TVBS (Taiwan) sem revelar suas fontes, que Pelosi incluiu a ilha na agenda de viagem.
O governo chinês é contra qualquer iniciativa que conceda legitimidade internacional às autoridades taiwanesas e a qualquer contato oficial entre Taiwan e outros países. O Partido Comunista da China reivindica Taiwan, que conta com um regime de democracia, como seu próprio território — apesar de nunca tê-la governado — e nunca descartou o uso da força para “reunificar” a ilha com o continente chinês desde que o governo do Partido Nacionalista da China fugiu para o país, em 1949.
Fonte: AFP