Mudança de nomes no iFood pode parar na Justiça após reclamação de restaurantes
Por Felipe Demartini | Editado por Claudio Yuge | 05 de Novembro de 2021 às 13h10
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) disse esperar que o iFood apresente algum tipo de compensação financeira aos estabelecimentos atingidos por uma falha na noite da última terça-feira (2). Na ocasião, nomes de restaurantes e bares tiveram seus nomes trocados para mensagens de cunho político, com apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), contra rivais e antivacina, em uma desfiguração que durou cerca de uma hora.
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Em comunicado, a organização cita prejuízos às imagens dos estabelecimentos que tiveram seus nomes pixados na plataforma, além de mostrar preocupação com fragilidades no sistema. No primeiro caso, a Abrasel cita eventuais danos às imagens dos negócios, enquanto no segundo, elogia a rapidez com que o iFood resolveu a questão, mas também pede que os procedimentos de segurança sejam revistos e reforçados.
A ideia, afirma o órgão, é evitar que problemas semelhantes não voltem a acontecer e, mais do que isso, que o impacto de uma vulnerabilidade de segurança desse tipo não seja maior. A associação disse ainda ver com preocupação o fato de que, de acordo com comunicado oficial, 6% dos restaurantes foram atingidos pela desfiguração e afirmou esperar que as medidas, a serem tomadas não apenas pelo iFood mas por todos os aplicativos de delivery, façam com que clientes e donos de estabelecimentos se sintam seguros ao confiar dados a tais sistemas.
Em nota publicada na noite de terça, o iFood atribuiu o problema de segurança a um prestador de serviço terceirizado, que teria os privilégios necessários para alterar os nomes dos restaurantes e bares cadastrados. A empresa disse ter mitigado o problema de forma imediata, revogando o acesso da empresa parceira, e afirmou mais de uma vez que não existem indícios de comprometimento dos dados pessoais e de pagamento de comerciantes e clientes.
Em seu comunicado sobre o caso, a Abrasel não fala na abertura de procedimentos judiciais. Por outro lado, o iFood pode estar sujeito a eles por meio da LGPD, que possui artigos relacionados ao tratamento de dados pelas empresas de tecnologia e proteções contra violação; advogados ouvidos pelo jornal carioca Extra apontam, ainda, a possibilidade de enquadramento da ação como crime de ódio, devido à publicação de mensagens jocosas com a morte da deputada Marielle Franco, por exemplo.
Desde o incidente, o iFood não se pronunciou mais sobre o assunto. O serviço também não comentou a nota da Abrasel.