GlobalSign abre sede no Brasil para ampliar negócios em segurança digital
Por Márcio Padrão • Editado por Claudio Yuge |
A GlobalSign é uma empresa fundada na Bélgica em 1996, que foi adquirida em 2007 pelo grupo japonês GMO Group e atua como autoridade de certificação (AC). Nesta terça-feira (16), a companhia anunciou a abertura de seu primeiro escritório no Brasil, em Belo Horizonte. Com isso, torna-se a primeira AC internacional a realizar esse movimento no país. Sua presença deve ampliar a concorrência nacional em certificação digital, que tem até o momento a ICP-Brasil — ligada à autarquia federal Instituto Nacional de Tecnologia da Informação — como principal companhia.
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Apesar da notícia, a GlobalSign já tem negócios no Brasil há 12 anos de seu escritório nos EUA com a ajuda de parceiros comerciais como Serasa Experisan, Valid Certificadora e Soluti. A sede mineira deverá tornar o atendimento, vendas e suporte aos clientes mais rápido, com direito a comunicação em português e negócios na moeda local.
Atualmente o portfólio da empresa inclui soluções para automação de certificados, assinaturas digitais, certificados SSL — o famoso cadeadinho dos sites de e-commerce — e outras soluções de infraestrutura de chave pública, requisitos para as regulamentações do governo brasileiro. No Brasil, são de interesse dela até mesmo soluções de internet das coisas e cidades inteligentes, isto é, objetos conectados à internet criando grandes redes de comunicação de dados.
Nem mesmo a pandemia de covid, a atual crise econômica e a instabilidade política foram fatores que impediram a chegada da GlobalSign; na verdade, a empresa acredita que esses fatores a motivaram mais. "Podemos trazer um pouco de estabilidade e segurança, com nosso know how e a proximidade com o cliente. O mundo físico está muito inseguro, com lojas fechando, mas podemos criar um mundo digital de segurança da internet", diz Luiza Dias, presidente da GlobalSign Brasil.
O escritório brasileiro, que já conta com 15 profissionais de identidade digital, surgiu em Belo Horizonte por conta do potencial tecnológico da cidade, que vem criando um parque de empresas apelidado San Pedro Valley. "A região está faminta por isso e há disponibilidade de mão de obra. Até mesmo o Google criou seu escritório lá", diz Dias, referindo-se à sede mineira da big tech inaugurada em 2005, alguns meses antes de fazerem o mesmo em São Paulo.
Para a executiva, ampliar a presença no Brasil também permitirá que a GlobalSign atue mais no "conhecimento e cultura" da segurança da informação, tema caro ao nosso país devido aos altos números de incidentes. "Estamos muito acostumados a segurar a bolsa em outro formato em uma rua perigosa. Sabemos nos proteger no mundo físico, mas o digital é tão inseguro quanto e isso ainda não está enraizado nas pessoas", explica. Para educar o público final, a empresa deverá adaptar para o português diversos vídeos e conteúdos explicativos e divulgá-los em redes sociais.
Perguntada pela reportagem, a presidente brasileira da Globalsign diz que a empresa estaria pronta até mesmo para contribuir com a urna eletrônica, cuja segurança vem sendo contestada em boatos. "Não sou especialista na questão da urna, mas meu entendimento é que foi uma escolha [de segurança] muito segura. A Globalsign tem interesse neste ou outros assuntos para trazer clareza ao processo no Brasil", afirma Dias, que se diz aberta a gerar negócios e parcerias com governos.