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Ex-diretor da Uber que encobriu ataques hackers pode pegar oito anos de prisão

Por| 21 de Agosto de 2020 às 17h15

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Angela Lang / CNET
Angela Lang / CNET
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O ex-diretor de segurança da Uber, Joseph Sullivan, foi indiciado por obstrução de justiça e omissão de informações sobre a prática de crimes devido às suas tentativas de encobrir ataques hackers sofridos pela empresa, que levaram ao comprometimento dos dados pessoais de 57 milhões de pessoas. Caso seja condenado de todas as acusações, ele pode pegar até oito anos de prisão.

A investigação federal começou com a ideia de que a Uber falhou em informar o vazamento à Federal Trade Comission (FTC), comissão do governo dos EUA voltada para casos antitruste e de proteção aos consumidores. Em vez de fazer isso, Sullivan tentou subornar os hackers responsáveis pela invasão, que ocorreu em 2015, oferecendo pagamentos de até US$ 100 mil em Bitcoins e pedindo a assinatura de contratos confirmando que as informações sensíveis não seriam trazidas a público.

Não deu muito certo e, em 2016, as informações de 57 milhões de indivíduos, entre usuários e motoristas, vazou na internet, com direito a nomes, endereços de e-mail, números de telefone e placas dos veículos dos parceiros. A Uber somente admitiu o caso em novembro de 2017, o que motivou a investigação federal devido à demora na revelação das informações e ao pagamento de multas no valor de US$ 148 milhões nos Estados Unidos, além de outros US$ 402,5 mil pelo braço britânico da empresa a autoridades regulatórias do mercado de tecnologia no Reino Unido.

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Para os órgãos, a tentativa de acobertar o vazamento está clara e foi um dos motivadores, inclusive, para a reorganização gerencial da companhia, que também levou à saída do fundador e então CEO Travis Kalanick, envolvido nesta e em outras polêmicas, apesar de não ter sido indiciado neste processo. Em 2017, o atual diretor da Uber, Dara Khosrowshahi, pediu desculpas sobre as atitudes tomadas pela gestão anterior e demitiu Sullivan.

Ao comentar o indiciamento do ex-diretor da Uber, o procurador David L. Anderson afirmou que o governo dos EUA espera cooperação e transparência das grandes empresas de tecnologia, principalmente sobre crimes ou brechas à privacidade dos cidadãos. Além disso, ele taxou como intolerável a ideia de que a empresa tentou subornar criminosos e encobrir o ocorrido como forma de proteger a própria imagem corporativa.

Em comunicado ao jornal americano The New York Times, a defesa de Sullivan negou que o ex-diretor de segurança tenha tentado pagar os hackers responsáveis pelo vazamento e citou como “sem mérito” as acusações de obstrução de justiça. Segundo os advogados, o executivo foi fundamental para que os hackers responsáveis pela intrusão fossem identificados e trazidos à justiça, com isso jamais sendo possível se não fossem os esforços dele.

A defesa, ainda, afirma que Sullivan seguiu todas as normas vigentes na empresa, à época, e que não era de sua responsabilidade a divulgação ou não de informações sobre a brecha aos órgãos de regulação. O ex-diretor de segurança permanece à disposição da justiça e ainda não tem data para comparecer ao tribunal.

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Também em resposta ao indiciamento, a Uber afirmou que segue cooperando com o departamento de justiça dos Estados Unidos sobre todos os assuntos relacionados ao vazamento de dados revelado em 2016. A empresa não comentou sobre gestões passadas, afirmando apenas que, ao vir a público sobre o caso, em 2017, reforçou seus valores de transparência, integridade e responsabilidade que a regulam até os dias de hoje.

Fonte: The New York Times