Deep web vs dark web: Desmistificando o que existe nas "profundezas" da internet
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Jones Oliveira |

Quando falamos de deep web e dark web, a reação de muitos internautas é a de apreensão: esses termos costumam ser muito associados a atividades ilícitas, como pirataria, venda de dados e substâncias ilegais e até mesmo coisas piores. Isso, no entanto, é um engano, já a parte “escondida” da internet não é necessariamente misteriosa ou criminosa, apenas não estando indexada.
A analogia mais simples e conhecida é a do iceberg: a parte indexada, ou seja, a que é listada para que mecanismos de busca recomendem sites e conteúdos procurados pelos usuários, é a menor parte, a que está na superfície. É por isso que ela é chamada de surface web.
Já a deep web, ou rede profunda, é a parte submersa, e a dark web, ou rede obscura, é apenas parte da deep web. Mais importante, elas não são sinônimos de crime. Nesta matéria, vamos destrinchar os termos para que você saiba, exatamente, o que significam a surface web, deep web e dark web de uma vez por todas.
Surface web: a internet que você conhece
Como já introduzimos, a internet da superfície é a parte indexada das redes, ou seja, a que os mecanismos de busca, como Google e Bing, indexam para saber seu conteúdo e ter meios de indicar qual site é o melhor para você quando procura algo através das ferramentas.
A maioria dos sites informativos, como os de empresas, enciclopédias e portais de notícias, bem como e-commerces, estão nessa parte, bem como os perfis abertos das redes sociais e basicamente tudo que pode ser encontrado com uma busca simples.
Deep web: a parte onde você está e nem sabia
Desmistificando a parte profunda da internet, talvez seja surpreendente para você descobrir que a deep web é, na sua maior parte, benigna e necessária. Qualquer local não indexado, ou seja, que não seja visto pelos mecanismos de busca, fica na deep web. É a parte protegida por senhas, ou que tenha acesso restrito (como paywall), bem como páginas dinâmicas, como bancos de dados internos.
Seu e-mail é um exemplo de página da deep web, já que não está indexado, bem como o painel de acesso do seu banco online. Catálogos internos da biblioteca de universidades, área de assinantes de serviços como Netflix, Spotify, YouTube Music, HBO Max, Disney+, registros médicos online, intranets de empresas… tudo isso é deep web.
Na prática, o termo faz referência a uma camada de privacidade e segurança extra, deixando dados que ninguém gostaria que vazassem longe dos buscadores. Você não ficaria feliz em ver seu extrato bancário no Google, não é mesmo?
Dark web: o que ela realmente é?
A rede obscura, apesar do nome assustador, nada mais é do que um pedaço específico da deep web, mais focado em anonimato. É uma seção que requer softwares específicos para ser acessada, especificamente redes sobrepostas, ou darknets.
É necessária encriptação em ambos os lados, conhecida como Onion Routing, que mascara a identidade tanto do usuário quanto do servidor. Em geral, são usados navegadores específicos como o Tor Onion, I2P ou Freenet: os sites não terminam em .com, mas sim em .onion.
Nem só de crime vive a dark web
Apesar da fama complicada, a dark web também abriga atividades que não são clandestinas. O anonimato pode ser, e de fato é usado, para atividades benignas: jornalistas em regimes políticos opressores usam Onion Routing para se comunicar com fontes internas, os whisteblowers, para denunciar atividades repressoras sem serem rastreados.
Dissidentes em países autoritários também usam a dark web para organizar protestos, denunciar abusos de direitos humanos e muito mais. Cidadãos comuns em busca de privacidade, sem querer entregar seus dados para governos ou corporações, também usam esse tipo de serviço.
Sites de notícias como o The New York Times e a BBC mantêm versões .onion de suas páginas para que pessoas em países com censura virtual, como China e Coreia do Norte, consigam acessá-los e ler as informações que quiserem sem o monitoramento de seus governos.
É claro que, em alguma medida, o anonimato também acaba atraindo atividades ilegais, como marketplaces de drogas, venda de dados, imagens e vídeos ilícitos e contratação de profissionais violentos, mas essa é apenas uma parte do sistema, não o representando em sua totalidade.
A internet, no fim das contas, é muito maior do que imaginamos, indo para além da surface web, visível aos buscadores. Deep web não passa de um termo técnico para várias coisas do cotidiano, como os e-mails e bancos que a maioria dos internautas usa todos os dias. A dark web, em si, é uma ferramenta de anonimato, e como toda ferramenta, pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal.
O que desconhecemos pode assustar, mas não há nada a temer: é essencial entender a tecnologia e seus usos para que possamos navegar e usufruir dela com tranquilidade e segurança.
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VÍDEO | Deep Web: o que é, como acessar e o que acessar?