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Tecnologia tem limite: como deixar as crianças usarem gadgets de forma saudável

Por| 24 de Outubro de 2019 às 18h40

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Outubro é o mês das crianças. E o Canaltech trouxe à tona uma gama de matérias destinadas aos pequenos e o uso da tecnologia, como uma lista de gadgets para presentear ou como lidar com a superexposição e suas consequências. A relação entre o público infantil e a tecnologia é muito delicada, exigindo acompanhamento dos pais, principalmente no contexto que vivemos, em que as redes sociais já estão intrínsecas em nossa realidade. Esse rápido avanço da tecnologia, porém, faz com que as crianças tenham contato com smartphones e dispositivos conectados desde muito cedo.

Uma pesquisa da TIC Kids Online Brasil mostra que 69% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos que têm acesso à internet a utilizam mais de uma vez por dia. Destas mesmas crianças, 10% delas afirmam ter acessado a internet pela primeira vez com 6 anos de idade ou menos. Por sua vez, um relatório da ESET aponta que 88% dos pais estão preocupados com o que seus filhos acessam no ambiente online. No entanto, apenas 34% deles adotam quaisquer medidas de proteção, como a instalação de uma solução de segurança ou aplicações de controle parental nos dispositivos. Muitos pais não sabem como lidar com o acesso dos filhos à tecnologia, e ainda têm dúvida de quando apresentar, o quanto é necessário segurar e até que ponto é saudável que a criança fique no celular ou no tablet.

Em meio ao seu guia de proteção infantil na internet, a ESET afirma: “Negar o acesso à tecnologia não é uma solução possível. Ela é parte do dia-a-dia das crianças, e são cada vez mais importantes para o seu crescimento". O que fazer, então, para encontrar o equilíbrio? A chave dessa questão está em acompanhar o uso que os pequenos fazem dos gadgets, lado a lado, participando das atividades virtuais.

Quando apresentar a tecnologia aos filhos

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Não há uma resposta conclusiva sobre qual idade começar a utilizar a internet. No entanto, uma realidade é que as crianças não podem ser isoladas das tecnologia, porque é algo inevitável nos tempos atuais. Uma solução é autorizar os pequenos a usar os serviços sob a supervisão adequada dos pais, responsáveis e professores e instalar uma boa solução de controle parental nos dispositivos aos quais a criança tem acesso.

“Eu não acredito que tenha idade certa, mas temos que ter coerência na liberação, temos que ver até que ponto é aconselhável, já que a mente fica preguiçosa. Tudo tem que ter equilíbrio. O certo é estabelecer limites de horários, ver o conteúdo que está sendo assistido. Acompanhar de perto a evolução da criança junto a tecnologia”, aponta a terapeuta e especialista motivacional Ana Garcez.

Por sua vez, a neuropsicóloga especialista em psicologia do desenvolvimento Deborah Moss acredita que, quanto mais os pais conseguirem segurar o uso do tablet ou celular, melhor. “É até uma recomendação do Ministério da Saúde. São equipamentos que vieram para ficar, tem coisas muito positivas, mas os pequenos vão ter acesso a isso a vida toda. Então quanto mais a gente puder segurar, melhor, porque eles terão contato com outros estímulos, outras condições lúdicas”. Deborah aconselha deixar a tecnologia para um momento que a criança tiver mais maturidade e que já tiver passado por várias etapas do desenvolvimento. É importante priorizar brincadeiras sem telas.

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Para Flávia Vendramini Carvalho Boer, pediatra e intensivista pediátrica do HSANP, esperar ao máximo também é o mais indicado. “Idade certa não existe, mas a restrição da tecnologia na primeira infância [os cinco primeiros anos] é necessária. Acesso ilimitado à tecnologia na primeira infância causa inúmeros problemas à saúde física, mental e social das crianças. Dentre os problemas físicos, temos aumento dos índices de miopia, diabetes, obesidade, hipertensão arterial, lesões de coluna pela postura inadequada. Nos problemas mentais vemos crianças com crises de ansiedade, agressividade , aumento dos diagnósticos de TDAH, abstinência ao uso da tecnologia. Nas alterações sociais, o isolamento, a falta de convívio com outras crianças e interação com os pais e família. Uso excessivo da tecnologia deixa as crianças desconectadas do mundo real”, afirma.

Como deve ser feita a interação

O segredo é utilizar a tecnologia com moderação. Pelo menos, é nisso que Deborah acredita. “Cercar de limites, ter um horário específico do dia para isso dentro da rotina, que seja distante da hora de dormir, porque muitas vezes a luz e o estímulo podem atrapalhar o sono”, aconselha. “Não ficar só em um determinado jogo, para que possa circular outros interesses e usar das ferramentas também como forma de pesquisar, de curiosidade, tirar dúvidas, ampliar essa ferramenta como uma forma de entrar em contato com familiares que estão distantes, aproximar ao máximo o uso da tecnologia para expandir os horizontes da criança. Os pais precisam se mostrar interessados nos interesses dos filhos em relação a jogos, no que estão pesquisando, sites, tutoriais, aproveitar esses momentos juntos para orientá-los e estabelecer limite de tempo, que horas ela pode mexer e que horas não pode”, completa.

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Para que a criança não fique viciada, Flávia enfatiza o uso com limites e o acompanhamento dos pais facilita, que permite a utilização saudável e adequado para cada criança. "O uso da tecnologia como coadjuvante no aprendizado. O uso escolar tem vários benefícios como globalização, acesso ao conhecimento , aproximar alunos de professores e professores dos pais. Torna o conhecimento atraente, facilita a comunicação e a inclusão social, mas os pais devem deixar claro os limites de uso da tecnologia. Vários trabalhos estão demonstrando os malefícios do uso da tecnologia e que crianças abaixo de dez anos tem usado por mais de três horas diárias".

Quanto à interação da criança com a tecnologia, a terapeuta Ana inclui: "Minha principal dica é acompanhar, filtrar o que está sendo visto e feito. Na verdade isso também exige companhia genuína, estar ali de fato. Não adianta você oferecer um tablet para ocupar a criança e ficar do lado omisso e alheio mexendo no celular por exemplo. A criança é o que ensinamos, então fica a dica. Acompanhe o que está sendo visto, mostre os bons sites e conteúdos. O que não pode ser mostrado é que o pai não está a par do que a criança está interagindo. Crie um ambiente de confiança, não de autoritarismo. Conquiste o respeito da criança em relação ao uso da tecnologia".

Controle parental

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Segundo Camillo Di Jorge, Country Manager da ESET no Brasil e especialista em segurança cibernética, a proteção das crianças é uma tarefa desafiadora quando se pensa nos riscos associados ao uso imprudente das tecnologias. “Embora qualquer usuário, independentemente da idade, possa ser vítima de uma ameaça na rede, os mais novos são especialmente suscetíveis a riscos que buscam tirar proveito de sua inocência”, diz o especialista.

A empresa de cibersegurança alega que é essencial que os pais estejam um passo à frente para manter os filhos seguros, e recomenda ter certeza de que seus dispositivos estão protegidos com uma senha para que não se conectem acidentalmente quando não se está por perto; investir em um software de controle parental e falar sobre segurança online, além de estabelecer limites (ressaltar a importância de não falar com estranhos online e limitar o uso de dispositivos, por exemplo).

Período crítico: de cinco a nove anos

Entre os cinco e os nove anos, há uma mudança na maneira como os pais e as crianças interagem com a tecnologia. Segundo um estudo da ESET, com a idade já mais avançada e uma maior percepção do ambiente, alguns pais tendem a apresentar mais de perto a tecnologia aos filhos deixando-os mais à vontade para navegar. A essa altura, é preciso certificar-se de que os filhos acessem conteúdo apropriado para a idade (filmes, jogos e até mesmo aplicativos). Para isso, geralmente há versões para crianças de alguns serviços populares, como o YouTube Kids ou o motor de busca Bunis, alternativa ao Google. Se os pequenos tiverem seu próprio dispositivo, os pais devem limitar os sites aos quais eles podem acessar.

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A TIC Kids Online Brasil estima que 86% das crianças e adolescentes possuem perfil em alguma rede social. Embora muitos dos sites de interação social possuam limite de idade mínimo de 13 anos para utilização do serviço, na maioria deles, caso a criança afirme no cadastro ter uma idade maior, não é possível contestar a veracidade da informação. Por isso a ESET orienta a conversar com seus filhos sobre exposição, explicar os perigos de compartilhar publicamente locais, fotos pessoais e informações familiares ou colegas de escola. Di Jorge afirma que a tarefa dos pais é orientar as crianças para que elas desfrutem da tecnologia de maneira responsável e segura e entendam os riscos de navegar na internet. “Outra maneira de conversar, é transmitir a ideia de que existem pessoas mal-intencionadas no mundo digital, mas sem que haja uma proibição do uso das ferramentas digitais”, conclui o especialista.

E para realizar esse controle parental, a tecnologia disponibiliza de vários aplicativos cuja função é justamente limitar o acesso da criança à tecnologia. Um desses recursos é o ESET Parental Control, que é um solução de segurança da informação, que gerencia aplicativos, websites que as crianças e adolescentes acessam. Também é possível verificar onde os filhos estão e enviar mensagens diretamente para a tela de seus aparelhos. Ele custa R$ 80, mas também conta com uma versão gratuita disponível na Play Store. Outros exemplos de apps de controle parental são o FamiSafe, Kids Place, Net Nanny, para Android. No caso de usuários de dispositivos iOS, também há uma gama de opções, como o Screen Time.