Como proteger o cartão de crédito dos gastos indesejados de crianças gamers
Por Roseli Andrion • Editado por Claudio Yuge |

Crianças "nativas digitais" crescem em contato com jogos eletrônicos. E não são raras as ocorrências de gastos exagerados nos cartões de crédito dos pais para adquirir os mais diversos itens durante a ação. Isso porque os pequenos não têm o mesmo controle financeiro que os adultos — talvez nem entendam que estão desembolsando dinheiro de verdade.
- Os melhores jogos de concentração para celular
- Como baixar ou excluir jogos do Xbox pelo celular
- Serviços por assinatura compensam mais do que comprar um jogo novo? Compare
Muitos títulos oferecem extras aos jogadores. São acessórios que permitem permanecer na aventura por mais tempo ou ter vantagens durante a ação. É importante entender como isso ocorre para saber como lidar com as compras dentro dos games.
O que está à venda nos jogos
Abaixo estão alguns itens que costumam aparecer nos títulos que os pequenos mais usam.
Moeda do jogo
É possível comprar moeda virtual a qualquer momento nos jogos. E o montante pago em dinheiro real pode ser pequeno ou grande: apenas alguns cliques podem representar um gasto significativo no cartão de crédito.
Objetos para melhorar o desempenho no game
Armas, poções e acessórios diversos permitem melhorar o desempenho do personagem nos jogos, seguir em uma atividade ou até mesmo vestir o avatar. Os preços são os mais variados e, às vezes, podem ser bem altos.
Loot boxes
Um produto comum são as loot boxes, pacotes digitais com "surpresas" com itens virtuais aleatórios. Os jogadores compram essas caixas sem saber qual o seu conteúdo. Elas podem trazer artigos realmente desejados, mas as chances de terem apenas objetos medíocres são muito maiores.
Esses itens são criticados em diversos países. No Reino Unido, o Sistema Nacional de Saúde (NHS na sigla em inglês) diz que elas incentivam a compulsividade das crianças e estimulam os vícios. Os EUA já começam a adicionar classificação etária para maiores de 18 anos a títulos com loot boxes.
Uma variação delas, a complete gacha (que encoraja a coleção de itens que vêm nas loot boxes) foi banida no Japão. China, Holanda e Bélgica têm leis contra a prática. Mesmo assim, a mecânica continua sem regulamentação em muitos países.
Boosters
Eles são usados para aumentar instantaneamente a força e agilidade de um personagem ou atrair melhores itens no jogo, por exemplo. Então, em vez de passar horas treinando para subir de nível, os usuários podem comprar boosters que ajudam a poupar tempo ou ter vantagens competitivas.
Armadilhas
É comum que o jogador tenha de fazer tarefas repetitivas e monótonas para avançar no jogo. Durante esse processo, em geral recebe ofertas de boosters; e até os adultos podem ser atraídos se estiverem cansados de permanecer na mesma fase.
Algumas vezes, essa é a única maneira de progredir na aventura. Rivais com acessórios diferenciados podem derrotar facilmente um jogador comum. Isso faz que ele se sinta pressionado a comprar aquele artigo. Essa estratégia é conhecida como pay-to-win (ou “pagar para ganhar”, em português).
Anúncios
Banners que cobrem metade da tela ou clipes que interrompem a aventura são muito incômodos. Para se livrar da propaganda, a opção é pagar. E, em alguns casos, é preciso fazer pagamentos regulares para manter o espaço do jogo sem anúncios.
Como lidar com as compras em jogos
Para evitar que os pequenos jogadores gastem exageradamente nas aventuras virtuais, é preciso tomar algumas atitudes em relação aos games. Veja, a seguir, uma lista de dicas.
Proibir os jogos
Essa é a abordagem mais radical, e pode ser pouco eficaz — todos já tiveram essa idade e sabem que burlar a vigilância dos pais faz parte do amadurecimento. Além disso, os jogos podem ser um hobby saudável e ajudar na socialização de crianças e adolescentes, enquanto eles aprendem sobre tecnologia e descobrem aptidões.
Impedir acesso ao dinheiro
Manter cartões de crédito fora do alcance pode impedir que sejam usados na compra de itens de jogos. É possível, ainda, definir um tempo curto para o bloqueio de tela do smartphone e desativar notificações com códigos de confirmação de pagamento, barrando sua visualização na tela.
Criar uma conta com restrições
Muitas plataformas têm contas infantis. Além de oferecer controles básicos, como limite de tempo de uso e bloqueio de conteúdo impróprio, elas permitem a desativação de compras ou a definição de um limite de gastos. Se os jogos estiverem no smartphone, é possível evitar compras por meio de uma conta familiar da Apple ou do Google.
Conversar com os pequenos
O diálogo é essencial. Conhecer e discutir as preferências e os desejos das crianças e dos adolescentes ajuda a mostrar preocupação e interesse. Isso permite construir uma relação de confiança e fazê-los entender que um novo mouse ou fone de ouvido para jogos é uma compra melhor do que um booster.
Abordar educação financeira
Ensine o pequeno jogador a controlar os próprios gastos: crie um cartão pessoal para ele. Outra opção é dar uma mesada e deixá-lo decidir como aplicá-la. Assim, ele vai aprender que usar o dinheiro nos jogos significa deixar de ir a shows ou ter tênis novos; e que é preciso gerenciar a grana com sabedoria.
O que fazer após as compras indesejadas
Se você ainda não conversou com a criança e só observou os gastos excessivos depois que recebeu a fatura do cartão de crédito, é preciso tomar algumas atitudes. Acompanhe a seguir:
- Entre em contato com o banco e tente cancelar a transação. A recuperação do dinheiro depende de vários fatores, mas a velocidade da reação pode ser decisiva;
- Procure a equipe de suporte do jogo e peça a devolução do dinheiro. Muitos desenvolvedores preferem evitar arriscar sua reputação, até porque a receita total do título costuma ser bem maior do que algumas compras;
- Em ambos os casos, lembre-se de mencionar que o cartão foi usado por um menor e sem permissão. Isso aumenta as chances de reaver o dinheiro.
As compras em jogos são apenas um dos motivos de preocupação no ambiente online. Procure manter-se interessado sobre as atividades virtuais dos pequenos. Além disso, ensine noções básicas de segurança a eles: explique como os golpistas operam, a maneira ideal de lidar com bullying nos espaços digitais e a forma adequada de manter contas protegidas de cibercriminosos.
Se possível, instale uma solução de segurança para protegê-los desses riscos. O ideal é acompanhar as atividades online enquanto conversa e entende a criança ao longo de seu crescimento com as experiências digitais.
Fonte: Kaspersky