App VidMate estaria criando assinaturas e roubando dados de usuários
Por Wagner Wakka |

O VidMate é um conhecido app voltado para o download de vídeos do YouTube, WhatsApp e outras plataformas. Contudo, agora também ele pode ser usado para forçar pessoas a assinarem serviços e armazenar os dados de usuários sem consentimento.
A acusação vem da Upstream, uma empresa de tecnologia de Londres que lançou uma pesquisa sobre o VidMate mostrando os problemas de segurança do app. Os problemas vão desde cobranças indevidas de usuários até uso de dados e alta utilização da bateria de smartphones.
O CEO da Upstream, Guy Krief, informou ao BuzzFeed News que o programa “toma conta do smartphone do usuário”. Com isso, o aparelho passa a funcionar como um robô voltado para “fraude publicitária e custos para o bolso do usuário, além de por em risco sua privacidade”.
No caso da fraude, o problema estaria no fato de o programa apresentar propagandas que o usuário não consegue efetivamente ver. Assim, isso não é interessante nem para quem bancou a publicidade, nem para o usuário que está sendo parte do processo sem saber.
O Upstream chegou à questão por conta de uma série de assinaturas em seu app em ações consideradas suspeitas. No caso, foram 128 milhões de transações bloqueadas oriundas do VidMate de usuários do Egito, Brasil e Myanmar. Isso soma US$ 150 milhões em assinaturas não autorizadas por usuários do aplicativo, aponta o levantamento.
A empresa vem acompanhando estes números desde o começo de 2017, sendo que a taxa aumentou “drasticamente” no último ano. O app foi desenvolvido pela UCWeb, uma subsidiária da Alibaba, gigante do e-commerce asiático. Contudo, a empresa vendeu o programa para uma instituição chamada Guangzhou Nemo Fish Technology Co. no ano passado.
Contudo, a UCWeb ainda dá suporte para o aplicativo, mesmo após tê-lo vendido. Segundo porta-voz da empresa, a UCWeb não é mais responsável por ações operacionais do VidMate.
Contudo, após os contatos do BuzzFeed com ambas empresas, as duas se negaram a dizer efetivamente quem é responsável pelas decisões tomadas no VidMate.
Há motivos para crer que o Upstream esteja correto em suas avaliações, já que a empresa tem trabalhado constantemente em denunciar ações do tipo. Em janeiro deste ano, ela já tinha revelado que um app da TCL, empresa de desenvolvimento também da China, estaria com a mesma prática dentro da Play Store. Após a divulgação, a Google baniu o programa deles da sua loja.
Vale lembrar, contudo, que o VidMate não está na Play Store, sendo possível adicioná-lo ao Android apenas por APK, ressaltando o risco desta ação.
Problemas
O Upstream analisou casos de problemas com o VidMate em 18 países. Em contato com usuários do app, recebeu reclamações de que seus smartphones estavam reagindo forma estranha após a instalação. Alguns descobriram cobranças indevidas em assinaturas que não haviam feito.
A própria Upstream usou três smartphones internos para testar o comportamento do VidMate. O programa instalou de forma escondida um kit de desenvolvimento chamado Mango voltado para fazer propagandas sem que o usuário percebesse, além de assinar serviços sem autorização. As atividades, segundo a Upstream, aconteciam sempre que o aparelho estava travado, para não levantar suspeitas ao usuário.
No total, a Upstream estima que o VidMate transicione também cerca de 3 GB de dados do usuário por mês, expondo pessoas na rede. As informações incluem endereço de IP e informações pessoais.
A equipe do VidMate disse que leva muito a sério as acusações da Upstream e que vai investigar os problemas. “Nós não só não programamos este tipo de prática dentro de nosso app, como temos a política de tolerância zero, pois é de interesse da VidMate proteger o usuário de práticas tão danosas”, informou comunicado da companhia.
Fonte: BuzzFeed News, Upstream