Anonymous revela 28 GB de documentos secretos do Banco Central da Rússia
Por Felipe Demartini • Editado por Claudio Yuge |
O grupo hacktivista Anonymous vazou neste final de semana um volume com 35 mil arquivos pertencentes ao Banco Central da Rússia. O vazamento, que já havia sido anunciado na última semana, traz detalhes de investimentos, acordos e negociações feitas pelo governo de Vladimir Putin com oligarcas do país, empresas locais e internacionais e também outros países, revelando parcerias que eram sigilosas ao público e também registros de conversas entre as partes envolvidas.
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Aparecem em meio ao vazamento, por exemplo, gravações de conferências entre o presidente Vladimir Putin, membros do governo e outros líderes ou empresários, bem como registros de transações e acordos comerciais realizados entre os países. E-mails de oficiais do Kremlin também fazem parte do volume, assim como capturas de tela de sistemas internos da administração russa, notas de transferências de valores, listas de investimentos estratégicos e demais informações internas, que não deveriam vir aos olhos do público.
As análises internas apontam que os registros datam de 1999 em diante e também incluem dados pessoais de representantes de bancos, empresas e do próprio governo, com direito a cópias de passaportes, endereços, informações bancárias e listas de acionistas de estatais e grandes companhias. No total, são 28 GB de arquivos liberados na noite da última sexta-feira (25), após serem anunciados dias antes pelo grupo hacktivista.
O Anonymous falou desta como uma das maiores revelações desde que abriu guerra contra a Rússia por causa da invasão da Ucrânia, com as atividades digitais continuando em andamento de forma a pressionar o governo a retirar tropas e interromper os ataques, além de informar a população sobre o tema.
Documentos vazados pelo Anonymous promete "segredos profundos" da Rússia
Enquanto especialistas em segurança digital e a imprensa seguem analisando o gigantesco volume vazado, a promessa do Anonymous é de que o vazamento revelará segredos profundos da relação da Rússia com outros países, principalmente aqueles vinculados à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Em pauta, também, estaria o nível de influência dos oligarcas russos na política russa e suas relações exteriores.
A ideia é que, no mínimo, o vazamento dos documentos dê uma ideia melhor à comunidade internacional sobre o real estado da economia russa e seus relacionamentos com outros países, principalmente os vizinhos, e grandes empresas que investem por lá. Sanções, pressões e outras atitudes econômicas também poderiam ser tomadas a partir disso, como forma de gerar maior pressão sobre o governo para o fim dos conflitos armados.
Até o momento, o governo da Rússia não se pronunciou sobre o assunto, nem mesmo para confirmar ou negar a veracidade dos documentos. A invasão da Ucrânia completou um mês na última semana, com a cidade de Mariupol sendo o principal foco dos conflitos armados, enquanto uma nova rodada de negociações de paz está marcada para acontecer a partir desta terça (29) em Istambul, na Turquia. Apesar do encontro, não há expectativa de um acordo de cessar-fogo.