Agências europeias questionam Facebook sobre privacidade de óculos inteligentes
Por Dácio Castelo Branco • Editado por Claudio Yuge |
Reguladores de segurança e privacidade na Europa estão preocupados com os novos smart glasses Ray-Ban lançados pelo Facebook. Os produtos podem tirar fotos e gravar vídeos a partir de um comando de voz.
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Na sexta (17), a Comissão de Proteção de Dados da Irlanda (DPC, na sigla em inglês) pediu para que o Facebook apresente provas de que o LED presente na armação dos óculos Ray-Ban Stories, que se acende quando a câmera do dispositivo está em ação, é uma forma efetiva de mostrar que o aparelho está realizando filmagens ou tirando fotos.
Para a DPC, a diferença do Ray-Ban Stories para smartphones que também contam com câmeras é que, no caso dos celulares, as pessoas sabem o que esperar, enquanto nos óculos, o indicador que mostra que a câmera está em ação é um pequeno LED vermelho. Ainda para o órgão, nem o Facebook e nem a Ray-Ban realizaram testes para checar se essa luz vermelha é uma forma efetiva de informar sobre a atividade do dispositivo.
Outras autoridades de proteção de dados na Europa, como a Guarante da Itália, também expressaram preocupações com o dispositivo, mas para o Facebook as preocupações que mais podem apresentar possíveis mudanças nos dispositivos são a da DPC da Irlanda, já que a sede da gigante das redes sociais no continente europeu é localizada em Dublin, capital irlandesa.
O smart glasses, ou “óculos inteligente”, do Facebook em parceria com a Ray-Ban foi anunciado ano passado, com a empresa o considerando o “próximo passo” no seu plano de criar óculos de realidade aumentada. Ele foi disponibilizado no começo de setembro, com design que se assemelha muito ao encontrado em óculos escuros comuns.
O Ray-Ban Stories conta com duas câmeras de 5MP na frente do dispositivo, que permitem que o usuário capture fotos e filme vídeos que podem ser vistos no novo aplicativo da gigante das redes sociais, o View.
O aparelho também conta com alto-falantes na armação, que servem para que o usuário possa escutar música e falar no telefone. Na Europa, eles estão disponíveis na Irlanda, Itália, na União Européia e no Reino Unido, pelo preço de US$ 299, cerca de R$ 1.500 na cotação atual.
Facebook responde
Questionado pelo site Techcrunch sobre os comentários das autoridades de proteção de dados europeias, um porta-voz do Facebook disse que “sabe que é normal pessoas terem dúvidas sobre novas tecnologias e como elas funcionam. Nós (Facebook) iremos trabalhar junto dos órgãos regulatórios, incluindo o departamento irlandês como nosso principal regulador, para ajudar a população a entender melhor como os novos dispositivos funcionam e quais são suas funções”
A empresa também comentou que já estava realizando conversas com a DPC antes do lançamento dos óculos, informação que foi confirmada em partes com o órgão, que alegou que a companhia só mostrou a transparência do uso de dados do dispositivo, e não as funções do mesmo.
O Facebook, na Europa, tem um histórico de adiar o lançamento de seus produtos por questões de segurança de dados. Funções como o serviço de namoro do site foram disponibilizados mais de 9 meses depois do lançamento mundial, com mudanças pedidas pelos órgãos regulatórios europeus.
O WhatsApp, mensageiro da empresa de Zuckerberg, também tem mais limitações no compartilhamento de dados com a companhia na Europa, também graças a condições regulatórias, mas mesmo assim investigações sobre segurança de dados do aplicativo também são recorrentes lá.
Fonte: Techcrunch, Silicon Republic