Zoom na COVID-19 | Imagens mostram células infectadas pelo novo coronavírus
Por Fidel Forato | 08 de Setembro de 2020 às 20h40
Já parou para pensar em como o novo coronavírus (SARS-CoV-2) se comporta nas vias áreas humanas? Para entender melhor a ação do vírus e, potencialmente, desenvolver tratamentos eficazes contra a COVID-19, um grupo de pesquisadores norte-americanos registrou imagens do agente infeccioso durante uma invasão de células humanas que revestem o nosso sistema respiratório.
- Veja como fica o pulmão de um paciente com sintomas graves de COVID-19
- App Marie da USP diagnostica casos da COVID-19 a partir de radiografia do pulmão
- Tecnologia brasileira permite ver coronavírus em 3D dentro de uma célula
O mais interessante é que as imagens ajudam a compreender como um organismo pode adoecer, a partir do micro e do nível celular. Isso porque é um número impressionante de vírus que se reproduzem e agem durante uma infecção, como a da COVID-19. Mesmo que não seja possível contar, são milhares de coronavírus ativos, disputando o controle do organismo infectado e prontos para causar novas infecções.
Como foram feitas as imagens do coronavírus?
De acordo com a professora do Instituto Marsico Lung da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, Camille Ehre, amostras de células das vias aéreas humanas foram infectadas, de forma induzida, com o coronavírus em placas de laboratório. Depois de quatro dias, as imagens dessas células contaminadas foram clicadas.
Para a captura das imagens foi usado um microscópio eletrônico de varredura e que usa um feixe de elétrons focalizado. Em uma segunda etapa da pesquisa, as imagens, originalmente em preto e branco, foram coloridas por um estudante de medicina da universidade, Cameron Morrison.
Na imagem, é possível visualizar como o coronavírus se concentra e é produzido no epitélio, ou seja, o tecido de revestimento das vias áreas. Ali, estão concentradas as células epiteliais do sistema respiratório humano.
É possível ver os filamentos de muco (a parte esverdeada, em formato de rede) e preso ao muco estão as pontas dos cílios (em azul). Esses cílios são como fios de cabelos na superfície das células epiteliais e são eles que podem transportar o muco e, por consequência, o vírus até o pulmão da pessoa, propagando a infecção.
No registro, os coronavírus se parecem com pequenas esferas (na cor vermelha) e estão em sua forma final, os vírions, quando estão prontos para novas infecções. Ainda no clique mais ampliado, é possível enxergar as estruturas pontiagudas nessas esferas, conhecidas como as proteínas S. É através desses spikes que o vírus consegue infectar as células humanas, por exemplo.
É possível notar uma grande carga viral nessas viais respiratórias e que será uma fonte de disseminação da infecção para vários órgãos de um indivíduo infectado ou para o meio ambiente, no caso de um espirro. Essa alta concentração de vírus se relaciona às taxas de transmissão da COVID-19.
As imagens foram publicadas, originalmente, no The New England Journal of Medicine. Para acessar a publicação científica, clique aqui.
Fonte: Live Science e UNC